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Heyokah - O Palhaço Sagrado

O Heyokah – O Palhaço Sagrado

Transcrevendo pensamentos nativos

Heyokah (Lakota):  Se referencia como:” aquele que anda para trás”. É o contrário do termo  Hokahey, um grito de guerra lakota que significa “Hoje é um bom dia para morrer”.

Uma maneira de nativa de ser, uma maneira nativo-americana de curar é a Medicina Heyoka. Um Heyokah é quem faz coisas ao contrário ou opostas. É o xamã dos contrários. A ideia que Heyokah é um palhaço sagrado,vem do comportamento oposto; que é parte da sua medicina de Heyokah, para lembrar-nos que nós somos seres meramente humanos e para não nos tornarmos demasiado sérios, para não imaginar que somos mais poderosos do que somos realmente, lembrando-nos que é no espírito que está todo o poder.

Wakinyan – Owlivia – DeviantArt

Para os lakotas,  é primeiro Ser Trovão e é chamado também de Pássaro-Trovão. Wakinyan representa também limpeza e quando voa sobre a terra no momento das tempestades, limpa a terra de modo que as nações plantas possam viver para sempre. E Wakinyan instruiu a queimar o cedro durante as tempestades porque o fumo de cedro ardente limpa a área onde é queimado . Assim quando Wakinyan voa sobre as casas, será favorável aquelas casas que queimam o cedro como limpeza. Quando uma pessoa sonha e tem visões do trovão e do relâmpago, essa pessoa pode transformar-se em Heyokah, que faz tudo ao contrário, que faz com que as pessoas riam. Assim como o relâmpago ilumina a terra, um Heyokah traz um raio para diminuir o peso daqueles que estão deprimidos, doentes, sozinhos, etc.. Somente aqueles que tiveram visões dos seres trovão podem agir como heyokas. Têm o poder sagrado e compartilham com todas as pessoas, com ações engraçadas. Quando uma visão vem dos seres do trovão, vem com o terror como uma tempestade; mas quando a tempestade passa, o mundo é mais verde e mais feliz; por onde quer que venha a visão da verdade , é como uma chuva. Vemos o mundo mais felizes após o terror da tempestade.

 

Mas na cerimônia do heyokah, tudo fica para trás, e planeja-se que as pessoas primeiramente fiquem alegres e felizes, de modo que possa ser mais fácil receber o poder que chega. Parte da observação é de que a verdade vem neste mundo com duas caras. Uma é triste com o sofrer, e a outra ri; mas é a mesma cara, rindo ou chorando. Quando as pessoas estão desesperadas, talvez a cara rir seja melhor para ela; e quando sentem-se demasiado bons e são demasiadamente seguros, talvez a cara chorar seja melhor .

O heyokah é uma palavra Lakota (Sioux) para se referir a um tipo de xamã bem especial, o “Tolo Sagrado”. A tradição narra que um heyokah é aquele que “sonhou com os espíritos do trovão.” Este sonho traz um grande poder ao xamã, pois considera-se que ele recebem um dom especial para lidar com as tempestades. Para lidar com esse poder, este xamã, se transforma num contrário. O heyokah tem uma força de vida própria, emergente dos espíritos-trovão que sonha. Essa força de manifestação inclui a capacidade de lidar com as tempestades e poder de cura. Ele é um professor muito sábio e poderoso , o ato de ser contrário ensina sobre nós mesmos, espelhando as nossas dúvidas, medos, mágoas, fraquezas e etc. Força-nos a examinar o que nós somos realmente, e nos faz rir com isso. Alivia dores com risos. Um Heyokah leva as pessoas a fazerem um exame da vida.

Li num artigo, que quando as pessoas estavam com fome e não havia nenhum alimento, o Heyokah, sentava-se em volta, incentivando as pessoas a não comerem mais, que seria muito melhor viver sem comer. Elas riam de tanta tolice e esqueciam da fome. É considerado o “palhaço sagrado”, o malicioso, o contador de histórias, e seu papel é mostrar o absurdo na comunidade. Ele ilumina a realidade por assumir o oposto. São partes fundamentais nos rituais do Sundance (Dança do Sol). Eles se secam antes de banharem-se, dançam para trás, aparecem despidos no inverno e com roupas no verão. Eles também ensinam pelo desequilíbrio, pelos maus exemplos. Têm muitos papéis e funções. Primeiramente é preparar os povos para adversidades, catástrofes. Outro papel é mostrar a medicina preventiva, e pode incluir bons hábitos de comer e saúde. Agem de forma ridícula, obscena, cômica, especialmente em cerimônias religiosas.

Vestem-se de forma bizarra, pondo roupas ao contrário, com vários artigos sagrados. Geralmente ele é liberado do cotidiano da tribo, portanto, não se casa e nem tem filhos, não participa dos trabalhos . O heyokah é um tolo sagrado, xamânico, poderoso. Monta um cavalo por trás, caminha com as mãos, veste a roupa de dentro para fora, fala uma língua de trás para frente. Ele projecciona espíritos da perversidade e do caos, como uma entidade divina, na figura do tolo, do malicioso, do louco, do contador de histórias sagrado. Ele choca a consciência da tribo. É reverenciado e temido, é um personagem hermafrodita, pois tem dentro de si, o encontro da medicina do homem e da mulher

Em Imaginação Mítica, Stephen Larsen afirma que “não podemos desejar nada de nós mesmos sem criar uma sombra “. E prossegue : ” O papel dos contrários, como a sociedade heyokah dos Sioux, é o de lembrar constantemente o absurdo de todo o comportamento humano. Se a totalidade da tribo sai correndo da cidade, o heyokah estará ao contrário no seu cavalo ou seguindo na direção oposta. Ele dorme de dia, levanta-se à noite, anda em contrário em volta da tenda cerimonial. O heyokah presta atenção nos jogos de palavras e lapsos freudianos e age segundo o significado não premeditado. A palavra heyokah é, na verdade, uma inversão do conhecido grito de guerra dos índios plain hokah-hey ( refere-se ao triunfo sobre os inimigos), Os membros desta curiosa fraternidade são escolhidos não pela sua vontade pessoal, ou pela vontade do grupo, mas pelo raio !

Dois grande visionários Sioux, o Alce Negro e o Gamo Manco, eram heyokah. Quando John Neihardt, e mais tarde Joseph Epes Brow, o conheceram, o Alce Negro estava quase cego. Ele contou a Brown que isso ocorreu numa brincadeira em que estava literalmente tentando representar uma profecia na qual a terra se levantaria. O Alce Negro tinha feito uma trilha de pólvora sob o chão da tenda cerimonial. podemos achar que ele foi longe demais, mas os palhaços da tribo sioux acreditavam ter uma injunção sobrenatural – daqueles maravilhosos seres míticos, o pássaro-trovão – para fazer essas brincadeiras com a maior freqüência possível. O Gamo Manco disse: É muito simples tornar-se um Heyokah. Basta sonhar com o raio, os pássaros do trovão. Faça isso, e ao acordar pela manhã você é um heyokah. Nada pode fazer quanto a isso.(…). Depois daquele sonho, ao levantar pela manhã, ouvi imediatamente um barulho no chão, debaixo dos meus pés, o ronco do trovão. eu sabia que antes do final do dia o raio viria e me atingiria, a menos que eu representasse o sonho. O que se deve representar inicialmente é, em geral, algo vergonhoso, pessoal e íntimo, mas o raio não pode ser dissuadido

Segundo Jamie Sams:

O Heyokah é um palhaço que, ao tomar atitudes contrárias, leva seus ensinamentos ao Povo através do riso e dos contrários. Este Trickster Sagrado faz com que você pense por você mesmo e chegue às suas próprias conclusões, levando-o a questionar se aquilo que outros dizem ou fazem é verdadeiramente correto.

No momento em que as pessoas são levadas a pensar por conta própria, começam a colocar à prova as suas próprias crenças; aquelas crenças vacilantes, que pertencem ao passado e se apóiam em muletas, passam a ser testadas. Se as muletas não derem o apoio necessário e as pessoas caíram, terão aprendido mais uma lição de vida. Porém, se elas pararem para pensar, testarem algum ensinamento através da própria experiência e sentirem que esse ensinamento é verdadeiro, a crença vacilante transforma-se num sistema de Conhecimento que poderá acompanhá-las pelo resto da vida.

Este Trickster (malicioso) Divino é chamado de Heyokah pelas Planícies e de Koshari pelos Hopis e Pueblos. Diversas tribos utilizam esses professores brincalhões que costumam usar fantasias nos dias de cerimônias especiais, mas vestem roupas comuns no dia-a-dia. No entanto, eles não interrompem suas brincadeiras só porque não é um dia de festa.

Os Heyokahs operam através dos opostos. Quando um Heyokah partilha sua sabedoria com um buscador, muitas vezes sua resposta é o oposto daquela que a pessoa teria se dado por conta própria. O riso resultante destas respostas costuma servir de lição a toda comunidade. A fama do Heyokah consiste justamente em transmitir suas lições fazendo com que os outros não se levem assim tão a sério. O riso passa a constituir a lição definitiva, pois consegue romper os bloqueios que estão minando o equilíbrio das pessoas.

O heyokah consegue ser bem sucedido quando tudo é encarado com humor, e os laços com os velhos hábitos, que já não servem mais para nada, são rompidos. O Guia de Cura que acompanha o Heyokah é o Coiote. O Heyokah é um grande conhecedor da Magia do Coiote, e sabe usar o lado brincalhão da natureza deste animal para conduzir os outros a um estado mais iluminado de consciência. Ocasionalmente, o feitiço pode virar-se contra o feiticeiro, e a Energia do Coiote pode vir a atingir um Heyokah em algum ponto fraco. Quando isso acontece, um verdadeiro heyokah aceita o revés com humor e acha a maior graça na virada da situação, terminando por aprender a sua própria lição, juntamente com a lição que foi dada aos outros.

O Povo Nativo reconhecia a importância de saber levar a vida de modo um pouco menos sério. Em outros tempos não se considerava que o fato de ser o alvo das brincadeiras do Heyokah deixava a pessoa “de cara no chão”. Na verdade era até considerado uma honra ser escolhido como alvo de uma brincadeira que transmitisse uma valiosa lição espiritual. Cada membro da tribo era parte essencial do todo; por isso muitas vezes a brincadeira passava ensinamentos para outros indivíduos daquele mesmo grupo. Todos aqueles que haviam participado da brincadeira, ou que falavam dela, poderiam, mais tarde, relacionar aquela às suas próprias situações pessoais e crescer através desse processo.

Todos são obrigados a refletir como reagiriam se a brincadeira tivesse sido com eles, e não com os outros. O Heyokah sabe, como ninguém dominar a arte do equilíbrio entre o sagrado e a irreverência.

Continuando com J. Sams:

A verdadeira arte de saber como e quando utilizar a tática do Heyokah, consiste na habilidade de achar graça da maneira de ser do outro, sabendo, ao mesmo tempo, ser compassivo, e usando os elementos educativos das brincadeiras de uma forma que não seja nem cruel nem impositiva. Um Heyokah experiente jamais faria um estudante se sentir pior do que antes, já que conhece o grau de sensibilidade de cada um. Sempre que fosse necessário, o Heyokah faria uma brincadeira e se transformaria, ele mesmo, no objeto de riso de determinada situação, para que o estudante pudesse se ver refletido nela através da experiência do outro. Esta arte de autodemolição aparente é perfeitamente planejada e não faz, de modo algum, com que o Heyokah se sinta diminuído ou humilhado frente aos outros.

O Ancião sábio que reside dentro de cada heyokah fica muito feliz, pois sabe muito bem que a conseqüência de seus atos levarão o outro a um maior crescimento. A lição fica completa e o exemplo de autodemolição terá servido perfeitamente a seu propósito.

O Caminho Sagrado de Cura Heyokah consiste em diminuir o medo através do riso. As pessoas muitas vezes se sentem apavoradas ante o Mistério do Vazio. Elas precisam ser alvo de pequenos truques para poder afastar o medo; só assim começarão a perceber que o maior obstáculo á sua Conexão com o Divino é o “bicho-papão” que elas mesmas criaram. O Heyokah é um verdadeiro mestre ao lidar com aquelas situações em que a teimosia impede o crescimento. Quando o heyokah percebe que alguém é muito teimoso e só que fazer tudo à sua maneira, o Heyokah passa fazer exatamente o oposto daquilo que deve ser feito. Muitos dias depois, podemos encontrar o Heyokah em sua tenda rindo sozinho de mais uma fantástica História de Magia que corre pelo acampamento. Aquela pessoa teimosa havia feito exatamente tudo aquilo que o heyokah havia dito que não fizesse, e passou por uma experiência mística que mudou a sua vida. Só o Heyokah sabia que o truque funcionara graças à recusa daquele teimoso em receber orientação, e que, só assim, foi alcançado outro nível de consciência espiritual.

O Coiote Mágico é o aliado do Trickster Divino; por isto, suspeita-se de todas as façanhas do coiote. Quando um caçador rastreia um coiote, a trilha volta-se sobre si mesma diversas vezes, conseguindo enganar o mais experiente dos caçadores, e ele sai dali totalmente frustrado. Da mesma maneira, qualquer um que tente adivinhar o próximo movimento de um Heyokah pode se frustrar inteiramente. O Coiote ensina os Duas-Pernas a se divertirem com suas próprias tolices. Sempre que invoca o Coiote, pedindo-lhe ajuda para afastar os detalhes tortuosos de seu Caminho, o Heyokah é ajudado de inúmeras maneiras.

As lições primordiais de Heyokah nos conduzem a revelações internas através de artimanhas e armadilhas, em lugar de nos fornecerem respostas claras e explícitas. O Heyokah se torna necessário toda vez que nós nos recusamos a enxergar alternativas para determinada situação. O Heyokah permite que a nossa visão se expanda, utilizando a Cura Divina do riso. Não existe problema sem solução. Há momentos em que precisamos usar o senso de humor e abrir um sorriso para resgatar o nosso próprio Espaço Sagrado.

A Sabedoria do Heyokah pode ser invocada através do Coiote. Lembre-se, porém, que o Trickster Divino constitui a perfeita integração de todas as energias, sábias e tolas, irreverentes e sagradas. sempre que buscamos estas lições, devemos estar bem preparados para a aventura que vem a seguir.

Precisamos estar dispostos a rir e permitir que os outros riam conosco.

No instante em que o sentimento de celebração da Vida supera a necessidade de lamentação, teremos alcançado o estado de união definitiva dos opostos. é chegada a hora de começar a rir, e de resgatar o nosso direito divino de vivermos felizes, cumprindo o nosso sagrado papel de seres humanos.

 

 

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