1 Encontro Brasileiro de Xamanismo
Primeiro Encontro de Xamanismo Brasileiro
De 13 a 20 de março de 2.005, aconteceu o maior encontro de xamanismo já realizado em nosso país.
O Primeiro Encontro de Xamanismo Universal teve como objetivo contribuir para a revitalização das práticas xamânicas, por séculos desprezadas, ao mesmo tempo em que reflete o interesse crescente pelo Xamanismo em nossa sociedade. Face a nossa responsabilidade com aqueles que procuram o equilíbrio através das práticas xamânicas, gostaríamos de promover a união e conscientização dos praticantes do Xamanismo. Respeitando a diversidade das linhas espirituais, esperamos aprender uns com os outros, contribuindo assim para o alargamento de nossos horizontes.
Atividades :
Ritos, cerimônias, mesas redondas, conferências especiais, debates, vivências, oficinas, exposições de painéis, vídeos, pinturas e fotos.
Comissão Organizadora:
Léo Artése
Clêudio Bueno
Cyro Leãoo
Sthan Xanniã
Carminha Levy
Armando Austregésilo
Consultoria:
Bia Labate
Realização:
Léo Artése e Associação Lua Cheia
Local de Realização :PAX
PARTICIPANTES POR ORDEM ALFABÉTICA
Alice Kyomi Tachibana – Ana Vitória Vieira Monteiro – Ana Paz – Aristóteles Barcelos Neto – Armando Austregésilo – Bia Labate – Carminha Levy – Clarice Mota – Claudio Crow Quintino – Celso Fortes – Cesar Sartorelli – Cidão de Xangô – Clêudio Bueno – Cyro Leãoo – César Cruz – Daniel Mundurucu – Débora Gabrich – Eliane Potiguara – Edvaldo Oliveira da Cruz – Elza Carolina Piacentini – Eveli Przepiorka – Fabiano Yawabone (Kaxinawa) – Gabriela Hess- Héctor Othón – Gisela Barbosa – José Guilherme Magnani – Karen Rupanco – Léo Artése – Leopardo Kaxinawa – Liana Utinguassú – Lucia Gentil – Luis Pereira – Maly Caran – Marcos Reis – Maria Luiza Rezende – Marise Dantas – Yatamalo – Mônica Von Kóss – Nelson Neraniel – Ni-Hí – Otávio Leal – Dr. Paulo Urban – Patricia Fox – Renato Stuztman – Rogério Bari Meri – Rogério Favilla – Rowland Barkley – Sasha Dreamworker – Sergio Frug – Silvia Brezzi – Sthan Xanniã – Tânia Gori- Cacique Timóteo Verá Popygua – Tony Paixão – TCHYDJO (Kariri Xocó) – Vânia de Lara Crelier – Vera Fróes – Vera Tanka – Wagner Nazareth – Walter Dias Jr. – Dr. Wilson Gonzaga – Wyannã (Kariri Xocó) – Zilda Carvalho
Apoio:
Associação Lua Cheia
PAX
Filhos da Terra
Paz Géia
Público:
Estudiosos, condutores e praticantes de xamanismo do Estado de São Paulo, terapeutas holísticos, profissionais da área de saúde, espiritualistas de diversas linhas, estudantes de segundo grau e interessados em geral.
Objetivos
* Divulgar as práticas xamânicas, relacionando-as ao contexto contemporâneo;
* Possibilitar o contato e a união entre os condutores de xamanismo;
* Avaliar e refletir sobre a expansão do interesse pelo xamanismo no Brasil e suas consequências;
* Propor um Código de Ética sobre o exercício das práticas xamânicas. De que forma as práticas podem contribuir para indivíduos, empresas e comunidades? Como avaliar a legitimidade das múltiplas atividades atualmente oferecidas ?
* Divulgar os espaços de xamanismo, o perfil de seus líderes, o calendário de atividades e os produtos que oferecem.
* Criar o Dia do Xamanismo Universal, para que possamos nos encontrar anualmente;
* Celebrar o Equinócio de Outono 2.005 e o Ano Novo Astrológioco.
Antropóloga carioca comenta o Primeiro Encontro Brasileiro de Xamanismo
Gláucia Buratto Rodrigues de Mello
Antropóloga, pesquisadora da FAPERJ
O I Encontro Brasileiro de Xamanismo aconteceu do 13 ao 20 de março passados, em São Paulo. Foram oito dias intensos de atividades programadas que incluíram palestras, vivências e oficinas, por uma troca de experiências e saberes, versando sobre o xamanismo e conhecimentos afins. No final do evento, foi oficialmente fundada a Associação Brasileira de Xamanismo ABRAX, com a nomeação de Léo Artése para a presidência. Participaram do encontro lideranças e pajés indígenas, como Timóteo Verá Popgyua (guarani), Ni-í (katukina), Wiannã (kariri xocó) e Leopardo Yawabanê (kaxinawá), entre outros; xamãs urbanos e terapeutas alternativos diversos, como Léo Artése, Sthan Xanniã, Carminha Lévy, Cyro Leãoo, Clêudio Bueno, Vera Tanka, Tony Paixão, Tatiana Menkaiká, Zilda Carvalho, Yatamalo, entre outros. O evento contou com a presença de antropólogos, como Bia Labate, José Guilherme Magnani, Leila Amaral, Renato Sztutman, entre outros; pesquisadores e interessados diversos no campo do xamanismo.
A organização do encontro – Léo Artése e Associação Lua Cheia, que contaram com a consultoria de Bia Labate – está de parabéns, pela corajosa (super extensa) pauta do encontro, cumprida integralmente, pela escolha dos convidados e pela qualidade das palestras. O universo do xamanismo e do neoxamanismo puderam ser, no encontro, grandemente iluminado em múltiplas expressões: pajelança indígena; xamanismo mongol, siberiano, celta, crístico, alquímico, dos chakras e tântrico; práticas espirituais dos índios norte americanos (busca da visão, animais totêmicos e de poder, sauna sagrada); uso de substâncias psicoativas (jurema, ayahuasca, kambô, peiote, ervas medicinais); o papel do feminino, calendário sagrado, relações entre xamanismo e psiquiatria, continuidades e descontinuidades entre o xamanismo e o neoxamanismo, além de danças, cantos e vivências, círculo de mulheres, Toques de Tambores, rodas de cura e cerimônias da entrada do equinócio de outono e do Cachimbo Sagrado.
O evento teria sido perfeito, ao meu ver, se tivesse incluído, na sua já extensa pauta, espaço, palestrantes e articuladores com foco político sobre as reivindicações, problemas da saúde, das terras e das várias tensões que afligem e vitimam desde sempre os povos indígenas. Da mesma forma, seria interessante uma maior articulação entre os antropólogos e as lideranças indígenas, por um esforço mais efetivo de encontrarem juntos uma linguagem comum para as articulações necessárias, o que contribuiria também para melhor iluminar as demandas de um e as funções de outro diante da sociedade moderna, sob a bandeira comum da humanidade. Mas, este foi apenas o primeiro encontro. Torçamos e contribuamos para que outros venham, para que o encontro tenha regularidade anual, para que o movimento ganhe força e visibilidade e para que este amplo e fecundo universo seja melhor conhecido, na sua lógica e coerência internas, na sua potencialidade sagrada e na sua efetiva realidade sociocultural. Que a experiência do primeiro encontro permita ajustes para que os próximos sejam cada vez melhores.
Rio de Janeiro, mar/abr/2005.
Texto escrito para o site Comunidade Virtual de Antropologia (http://www.antropologia.com.br), gentilmente cedido pela autora para o blog do Alto das Estrelas.