Planeta Xamânico – Fred A. Wolf

 

Quero compartilhar um texto de Fred Alan Wolf, doutor em física quântica, e autor de diversos livros, ganhador do American Book Award; vive atualmente em Seatle-EUA. Sr. Fred teve seus conceitos de física transformados ao vivenciar experiências com xamãs, e notadamente o seu encontro com a Ayahuasca no Perú. O texto abaixo é extraído do seu livro The Eagle Quest:

Agora eu tinha um certa visão interna. A ayahuasca e outras substâncias que alteram a mente, não foram descobertas de um modo casual. Essas plantas eram necessárias para a nossa evolução como espécie. Nos permitem voltarmos a nos comunicar com nosso planeta. Nos proporcionam introspecções espirituais e míticas sobre a nossa própria natureza. Em cada cultura, os xamãs haviam sido, e seguem sendo as pessoas mais sensíveis às vibrações do planeta, eram conectados e levavam suas tribos além dos reinos da existência física, permitindo à elas recordar e pôr em marcha novamente, as suas funções sagradas. Me dei conta que nossa cultura moderna corria o perigo de perder sua conexão com o planeta, como de fato podemos observar ao longo da história. Minhas primeiras investigações me mostravam que os xamãs e a magia tiveram um papel importante nas tribos primitivas germânicas e anglo-saxônicas que viveram na Europa. Também era evidente que a ascensão romana da religião havia tentado eliminar a magia e alinhar-se ao poder de Roma.

Na antiguidade, os romanos queriam conseguir o controle das milhares de tribos que repartiam os bosques anglo-saxões. Cada tribo possuía uma estrutura própria, seu próprio sistema de sobrevivência. E, evidentemente cada tribo possuía seu próprio rei guerreiro e seu xamã.

Mas, quando os romanos as conquistaram decretaram que não havia necessidade de acreditarem em seus reis guerreiros. Só existia um rei, o imperador de Roma. Só havia um grande xamã: Jesus Cristo. Sim, Jesus Cristo foi considerado um xamã. Depois de tudo, ao não existir médicos, o único modelo de curador era um xamã.

Esta especulação marca o início do fim do xamanismo europeu. Podemos também ter uma idéia de como a religião tentou fazer o mesmo no Novo Mundo através, por exemplo, da Inquisição Espanhola e o extermínio dos índios americanos.

Portanto, a religião foi substituindo o xamã tribal, e o Grande César o pequeno rei guerreiro, conduzindo aos atuais problemas da civilização ocidental, e perdendo a nossa fé no poder individual para curar.

Porque os poderes de Roma que varreram a Europa não trataram de incorporar os poderes xamânicos existentes? Porque o xamanismo tribal e a magia foram sendo exterminados?

Ao eliminar o poder de cura dos curadores tribais, assim como o seu sistema de crenças pagãs, os romanos puseram esse poder nas mãos do controlador. A ele nós chamamos de governo. A chave estava no controle da natureza, e fora o homem, o animal, a planta. As raízes deste controle se acham em nossa herança romana e grega. Foram os gregos que apontaram a idéia de que a natureza podia ser interpretada racionalmente. Ao instalar a religião, e o conceito grego de racionalidade da natureza, temos os membros do controle que conduzem o acesso de nossa civilização presente, e a destruição do poder xamânico humano.

Porque a natureza humana escolheu essa alternativa?

A resposta é a sobrevivência. Cremos em governos centrais para melhorar nossa capacidade de sobrevivência. Mas pagamos um alto poder por esse centralismo. Conseguimos uma economia forte, mas ao preço de perdermos nossas almas mágicas. Numa escala global, estamos perdendo nossas almas planetárias. Temos que cometer um ato radical. A medicina segue sendo amarga. Sempre que intencionamos corrigir um erro sem utilizar nossas almas, sem voltar a nos comunicar com nossos antepassados espirituais, a batalha estará perdida e a situação piorará, nunca melhorará.

Minha mente estava saturada. Quase não podia pensar sobre o particular. Via que meu próprio caminho através desse mundo ocidental era, num sentido muito real, que só podia ter claros e escuros, caminhos paralelos de uma mesma história. Pensava em um verme no sentido mítico, como parte da humanidade. Desde menino havia me interessado por magia. Quando jovem, estudei física para entender como funcionava a natureza e como os humanos podiam controlá-la. Ao longo de meus estudos, perdi a magia e, agora na meia idade, voltei para a magia.

Volto a pensar no uso xamânico de substâncias. Substâncias que alguns chamam de drogas. Nossa sociedade nos assusta muito a utilizar qualquer forma de “substância controladora” que possa induzir à uma mudança de consciência. Mas, me dei conta que se quisesse realmente descobrir o mundo xamânico, devia também tomar substâncias xamânicas, e pôr em prova minhas idéias; devia tomá-las nos lugares onde naturalmente se davam.

Agora sou plenamente consciente de que eu havia elegido encontrá-las, e elas haviam feito a sua vez. A imagem do holograma era algo mais do que uma metáfora. Estamos conectados ao planeta. Somos feitos do planeta. Éramos o planeta. E era necessário tomar uma substância sagrada a ayahuasca, onde ela crescia, na Amazônia peruana.

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