Meditação – Na Caverna do Urso

A Terra novamente muda o seu ciclo. Começou com o crescimento na primavera, a exuberância no verão, e agora se encaminha para o fim. É a maturidade, o momento do crepúsculo. As energias estão desaparecendo até o reino do imanifestado. Nós aqui Grande Espírito, manifestamos os princípios espirituais. Os últimos frutos são colhidos. Nós guardamos nossa colheita para o inverno. Aqui, na escura caverna do Urso, como fazem também as formigas.

Assim como as folhas secam e caem no outono… nós aqui abandonamos nossos maus hábitos, nossos vícios, nossas fixações, nossa teimosia. Nos desapegamos daquilo que não faz mais sentido em nossas vidas, deixamos morrer partes doentes em nós mesmos.

Deixamos morrer o velho, para que possa nascer o novo. Avaliamos as nossas colheitas, e agradecemos ao Grande Espírito, assim como agradecemos o aprendizado. E agora avaliamos as sementes para um novo ciclo. Dá-nos a percepção para compreender o mistério da vida e da morte, além dos medos e de nossas limitações.

Olhem todos para a sua própria vida e procurem lembrar-se de todas as pequenas mortes que já sofreram; todos os términos e perdas, as mudanças dolorosas e felizes de sua vida. Se quiserem façam uma lista por escrito. Examine cada uma delas. Examine cada uma dessas mortes como uma transformação e não como um fim.

O que se transformou e em quê?

Você aceitou a mudança ou lutou contra ela?

A mudança foi bem sucedida ou não?

Oh Grande Espírito, agradecemos tudo que nos foi dado. Aceitamos as coisas como são, e ressignificamos o propósito da vida!

Aqui na Terra, Grande Espírito, nos preparamos agora para o frio que se aproxima. Para o ciclo de morte da natureza, e entramos dentro de nossa caverna para sobreviver física e espiritualmente no inverno. Fazemos introspecção para encontrar sabedoria e o conhecimento que vem com o período de maturidade.

Nesse momento avaliamos o que plantamos, e o que colhemos nesse ano. Nossos sucessos, realizações profissionais, relacionamentos, família, estudos, nossas práticas espirituais. Agradecemos todos os frutos. Os doces e os amargos.

Pausa

Agradecemos à Mãe Terra, que nutre todos os seus filhos, sem nada pedir neste momento. Oferecemos nossas preces, e o nosso amor pra a Paz na Terra. Para a saúde deste planeta e de seus filhos de todas as nações.

Terra, Ensina-me a Lembrar

Terra, ensina-me a quietude, como a relva é silenciada pela luz.

Terra, ensina-me a sofrer, como as velhas pedras sofrem com a lembrança.

Terra, ensina-me a humildade, como as flores são humildes em seus primórdios.

Terra, ensina-me a acarinhar, como a mãe que envolve seu bebê.

Terra, ensina-me a coragem, como a árvore que se eleva solitária.

Terra, ensina-me a limitação, como a formiga que rasteja no solo.

Terra, ensina-me a liberdade, como a águia que paira no céu.

Terra, ensina-me a resignação, como as folhas que morrem no outono.

Terra, ensina-me a regeneração, como a semente que brota na primavera.

Terra, ensina-me a esquecer de mim mesmo, como a neve que derrete esquece sua vida.

Terra, ensina-me a lembrar da bondade, como os campos áridos choram com a chuva.

Entramos na Caverna do urso, no Oeste da roda Medicinal, no Tempo de Outono. Aqui vamos escutar. Aqui vamos resgatar fragmentos de nós mesmos que foram deixados em diferentes tempos de nossa existência. Recuperar partes de nós mesmo que ferimos, que negamos, que culpamos.

Pausa

Aqui na caverna contemplaremos nossas dualidades. As alegrias e as tristezas. Nossas forças e fraquezas. Nossos medos e amores. Aqui na nossa caverna liberamos nossos sofrimentos antigos, aprendemos a curar as feridas antigas, para nos tornarmos curadores curados.

Nesse momento sentimos vergonha Grande Espírito! Quando vemos aquilo que precisamos corrigir em nós mesmos e ainda não o fizemos. Ajuda-nos a tornar-nos responsáveis por nossa ações e nos curar corrigindo nossos comportamentos inadequados, e aprendermos a não carregar culpas. Aprendermos o equilíbrio entre olhar para dentro e agir para fora. O lugar para tornar consciente os verdadeiros propósitos de nossas vidas.

Pausa

Aqui na Caverna do Urso aprenderemos a perceber quando nos auto-sabotamos quando temos atitudes inspirados pela nossa sombra, e obtermos firmeza, através das virtudes, para seguirmos em frente. Buscaremos essa resposta dentro de nós mesmos. Aqui enfrentaremos os nossos medos, nosso orgulho. Para não deixar que a sombra impeça nosso bem estar.

Aqui na Caverna do Urso, aprendemos a respeitar o nosso Espaço Sagrado, a nos distanciar daquilo que nos agride, a preservar nosso amor-próprio.

Aqui na Caverna do Urso é o útero da Mãe Terra. É o lugar de morrer para renascer. Da nutrição e da proteção. Do mundo subterrâneo e da escuridão, o Feminino Profundo.

Aqui eu me encontro comigo mesmo, coloco meus pés no chão, consigo o silêncio interior, para ouvir as vozes dos meus ancestrais. Para conseguir a saúde do meu corpo, para melhorar o meu trabalho espiritual e material. É aqui que me sinto parte da Terra.

Pausa

Oh Grande Espírito, dai-nos a capacidade de concretizar nossos objetivos e do pleno reconhecimento de nossas forças interiores. Tudo aquilo que o futuro nos reserva está sempre no Oeste, o lugar do nosso amanhã. Praticaremos a medicina da introspecção e da Cura Física. É hibernando (poder do silêncio e da meditação) na caverna do urso (subconsciente) que vamos encontrar respostas para nossas perguntas.

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