Xamanismo – Animais e Religiões
Extraí algumas partes do meu livro O Espírito Animal, sobre a influência xamânica/espiritual entre homens e animais, nas religiões :
Nas religiões antigas existem registros de rituais do homem e do animal em todos os hemisférios. Exemplos como Ganesha, a divindade hindú, forma humana com cabeça de elefante; no Egito, Thot, forma humana com cabeça de falcão; o peixe e a ovelha no cristianismo. Na mitologia grega, entre os fenícios, maias, aztecas, índios norte-americanos, na Sibéria, nos cultos africanos, no Peru, entre os aborígenes australianos, entre os esquimós, índios brasileiros, no taoísmo e etc.
Dizem muitas tradições que o ser humano nos primórdios, podiam se comunicar com animais e que havia um estado de confiança e amizade entre o homem e a fera. Algumas lendas judaicas afirmam que em todos os sentidos o mundo animal tinha uma relação com Adão diferente da relação que tinha com seus descendentes. Não somente conhecia a linguagem do homem, mas também respeitava a imagem de Deus, e tinha medo do primeiro casal humano, e tudo isso mudou para o seu contrário depois da queda do homem.
Conta-se que no Jardim do Éden, Adão e Eva falavam a linguagem dos animais e viviam em harmonia com seus instintos. Mais tarde, Noé tornou-se o protótipo da figura salvadora, salvando o mundo animado. Noé solta uma pomba da arca dos bichos, e na volta, traz no bico um ramo de oliveira, símbolo perene da paz juntamente com o arco-íris, estabelecendo uma nova aliança entre Deus e o homem.
Na Grécia Antiga conta-se que Zeus, quando nasceu, foi alimentado pelas abelhas, que lhe davam mel, e a cabra Almatéia deu-lhe o leite. O carneiro era consagrado a Zeus e era de seu chifre a famosa Cornucópia que derrama os tesouros sobre a Terra, símbolo da prosperidade e da abundância.
O cavalo está associado a Apolo, o deus solar, conduzindo-o em sua carruagem e simbolizando o movimento diário do céu. Apolo se transformou em lobo para defender a ninfa Cirene do ataque de um leão. E, foi transformada em loba, que sua irmã Ártemis o encontra num ritual de purificação.
A mitologia conta que Ártemis, ou Diana, se transformou em Ursa para gerar Arcas com seu pai, Zeus. Diana, também, considerada a Senhora dos Animais, tinha um cervo branco, que não temia os homens. Atena a deusa da sabedoria era simbolizada pela coruja.
Uma cerimônia religiosa, descrita por Platão, conta que os reis, só com cajados e redes, caçavam um touro sagrado e ofereciam a Poseídon.
No sacrifício, o sangue do animal podia conjurar o deus e exorcizar os mortos. O sangue era coletado num vaso que tinha a forma de um touro. Os chifres de Vaca são símbolos da Lua, e o touro com sua força procriadora, simboliza a fertilidade. Era um animal sagrado não só na Grécia, como Na Mesopotâmia, no Egito, na Índia, em Roma.
O mito do minotauro conta que Poseidon, deus do mar, enviou a Minos, rei de Creta, um touro branco para ser sacrificado em sua honra. Mas o rei encantado com a beleza do animal guardou-o para si. Poseidon indignado despertou na rainha Pasífae uma paixão doentia pelo touro e, dessa união, nasceu Minotauro, um ser com corpo de homem e cabeça de touro.
Em algumas partes da Grécia, Poseidon era Hippios, deus dos cavalos, o protetor dos centauros. O mito do centauro, meio homem, meio cavalo tem em Quiron, o personagem mais conhecido, o professor da medicina e da astronomia. Zeus o imortaliza na constelação de Centauro.
Outro mito importante era Pégaso, o cavalo alado, representando o lado natural e instintivo.
Os sátiros eram criaturas representadas por um homem com orelhas, chifres, cauda e pernas de bode. O mais famoso era Pã. Pã, nome que significa tudo era o deus da caça, dos pastores e do rebanho. Numa das versões da mitologia grega, Pã se transformou em carneiro branco para seduzir a deusa lunar Selene.
Os pássaros simbolizavam as divindades, eram consagrados a elas. Para os romanos, a Águia simbolizava Júpiter; a pomba branca, Vênus; o pavão, Juno; a coruja, Minerva. Rômulo e Remo foram alimentados por uma loba. Na mitologia romana os lobos eram consagrados à Marte.
A Quimera tinha a sua representação mais clássica com cabeção de leão, corpo de cabra e parte posterior de dragão ou serpente, que vomitava fogo, foi morta pelo herói Belerofonte, montado em Pégaso.
O primeiro dos Doze Trabalhos de Hercules, é enfrentar o Leão da Neméia, e passa usar sua pele como proteção para os outros trabalhos. Matou a Hidra de Lerna monstro de muitas cabeças; capturou a Corça de Cerinéia, de chifres de ouro e pés de bronze; capturou vivo o Javali do Erimanto; limpou o estábulo de três mil bois do Rei Augias; matou com flechas envenenadas as aves antropófagas da Estinfália; capturou vivo o touro de Creta, que lançava chama pelas narinas, capturou as éguas antropófagas de Diomedes; levou para o Rei de Micenas o rebanho de bois vermelhos de Gerião; apoderou-se de Cérbero, o terrível cão de três cabeças, guardião dos portões do inferno, cauda de dragão e pescoço de serpente.
As antigas lendas de Homero relatam que os deuses podiam assumir outras formas. Zeus transformou-se em vários animais para seduzir deusas e mulheres mortais. A vaca e o pavão eram consagrados à Hera.
Hermes ( Mercúrio) era invocado como deus dos pastores e protetor dos rebanhos, dos cavalos e dos animais selvagens; mais tarde tornou-se o deus dos viajantes.
A pomba, o pardal e o cisne representavam a deusa do amor e da beleza Afrodite (Vênus)
Antígona teve seus cabelos transformados por Hera em serpentes, os deuses apiedados transformaram-na em cegonha.
No Egito acreditava-se na união do homem com o animal. Os animais, domesticados ou selvagens, eram dotados de poderes divinos. Tanto que seus grandes deuses fundiam sua imagem com a dos animais.
Amon-Rá é representado com a cabeça de carneiro e corpo de homem, assim, o carneiro era considerado sagrado para os egípcios.
O animal mais celebrado do Egito era o touro Ápis, a reencarnação do deus Ptah, depois foi associado a Osíris.
O deus Hórus, deus do Céu e da beleza, é visto nos relevos como corpo de homem e cabeça de falcão. Anúbis, o deus da morte era representado por um homem com cabeça de chacal.
Isis é a deusa lunar, era também representada com cabeça de íbis, também é representada pelo rosto coberto com um véu.
Osíris, deus dos mortos e da fertilidade ressuscitou como um lobo, para ajudar Isis e Hórus a combaterem Seth.
Seth, corpo de homem com um animal semelhante a um cachorro (ou bode), no inicio era um deus benéfico, e com o tempo foi considerado a personificação do mal, comandava os trovões e as tempestades.
Toth, ou Hermes, o deus com cabeça de íbis, ( ave pernalta de bico longo e recurvado) representava o princípio transcendente. Nas olimpíadas gregas era consagrado como Mercúrio, com sandálias aladas.
Entre as Grandes Mães Deusas, Neit, a vaca celeste e primeira parturiente, é a mãe que gerou o Sol, honrada especialmente pelas mulheres. Da mesma maneira Hathor, a vaca e doadora de leite, é a mãe, a mãe do Sol e a deusa do amor e do destino. É identificada também com a amigável deusa-gata Bastet que representava os poderes benéficos do sol, que em sua forma terrível, é a deusa-leoa Sekhmet que representa os poderes destruidores do sol e, também era curadora de epidemias e causava epidemias. Sekhmet era deusa da guerra e das batalhas. Apesar da cabeça de leoa, tinha um frágil corpo de moça. Em todo o Alto Egito prevaleceram os cultos da leoa, por ser mais bela, e denota o caráter devorador da grande deidade feminina.
Tueris era a deusa-hipopótamo que protege as mulheres grávidas, os nascimentos. Evocada para partos, e para proteger as pessoas durante o sono.
O deus Sebek, aliado de Seth era representado por um homem com a cabeça de crocodilo.
Ré é um dos nomes do Sol quando desaparece, á noite ele é Atum, velho curvado. Pela manhã renasce no Leste na forma de um escaravelho (Khepri). Durante o dia clareia a terra sempre na forma de um falcão.
No simbologismo egípcio existia um pássaro com cabeça humana, representando a alma que voava após a morte.
A esfinge, símbolo do poder real tinha uma cabeça de homem ao corpo de um leão. Ela personifica a força do leão, a inteligência do homem e a clareza espiritual do deus.
Sapos, serpentes, escorpiões e crocodilos eram tidos como sagrados. Foram encontrados cemitérios de animais mumificados. Os animais eram símbolo de força e poder e eram venerados pelas suas habilidades.
Na Pérsia, faziam o culto do Deus Mitra, o leão, que era o símbolo do Sol. O seu templo era guardado por leões vivos.
Na Índia são adorados o touro, o leão, a serpente, e o elefante.
A vaca na Índia é até hoje sagrada. É a mãe de milhares de hindus. A proteção da vaca é um presente do hinduísmo para o mundo.
Ligado a um dos principais deuses do hinduísmo, Vishnu, o mais alto criador do universo, estão Naga e Garuda, serpente e pássaro, que conservam e protegem o mundo.
Em sua primeira encarnação, Vishnu era Matsya , o Grande Peixe que salva a humanidade do dilúvio ( semelhante a Noé ) que conduzia um barco com todos os animais da Terra, levando-o à terra firme. Kurma foi a segunda encarnação de Vishnu, a Tartaruga; a terceira foi Vraha, o javali; e na quarta Narsingh metade homem, metade leão.
Para os hindus, os elefantes eram criaturas extraterrenas. Brama, o eterno, pegou metades do ovo do pássaro solar Garuda em suas mãos e cantou sete canções sagradas, que deram origens aos elefantes.
A Divindade Ganesha, filho de Shiva e Parvati, é representada por um homem com a cabeça de elefante. Deus da sabedoria, Ganesha traz boa sorte, vence obstáculos, abre os caminhos, dá autossuficiência. É também protetor dos negócios e do lar. Senhor de todos os princípios, para proteger em todos os empreendimentos. É a divindade das práticas tântricas.
Lakshimi, deusa da fertilidade e riqueza, aparece sempre associada a um elefante
A Serpente é o símbolo da energia kundaliní. São consideradas, também espíritos que guardam a água. No Nepal são evocadas para pedir chuva.
O Pavão é associado com Indra, o deus da guerra, chuva e o trovão.
Saraswati, a divindade das artes e da música tem o cisne como seu veículo. O tigre é o veiculo da Divindade Durga.
Hanuman, o deus macaco, é um dos deuses mais populares do hinduísmo. É o deus que salva das adversidades, filho do deus do ar: Pavan, e da ninfa Anjana.
Prajapati, o Senhor da criação, dos vedas reproduziu vários animais a partir de seu próprio corpo. A divindade regente do fogo Agni, dos vedas, tinha o carneiro como símbolo
Uma lenda indiana diz que o Sol, quando começa a noite cavalga um cavalo negro, ao correr da noite um cavalo cinzento e pela manhã um cavalo branco e luminoso.
Na China entre os seres envoltos pela graça dos céus, estavam o unicórnio Chiling, a fênix Feng-huang, a tartaruga Kuei, e o animal mítico mais elevado: O Dragão, símbolo da sabedoria, da imortalidade e do renascimento
Diz a mitologia chinesa que a raposa adquire o poder de assumir a forma que quiser, possuindo a sabedoria do passado, a visão do futuro e a capacidade de ler a alma do homem, podendo até tomar as feições humanas. O veículo do Patriarca Chang Tão-Ling era um tigre.
Kuan-Yin, a Grande Mãe chinesa, é representada como uma deusa-peixe, encarnação do princípio yin, é conhecida como a Senhora que traz as crianças. Também é representada, como deusa da compaixão na forma de um cavalo branco ou com cabeça de cavalo.
Na África o elefante, ao lado do búfalo, era um dos mais importantes animais. Um culto pigmeu, diz que o espírito criador se manifesta em sonhos como um enorme elefante, para falar com os feiticeiros e caçadores. Alguns acreditam que a alma do cacique, após a morte, ocupa o corpo de algum elefante macho para morar.
Da Arábia vem a maravilhosa lenda de Fênix. Diziam que era tão grande como a Águia, pescoço dourado, corpo púrpuro, cauda azul e penas cor de rosa. É o animal sagrado do Sol, que renasce das cinzas. A baleia Bahabut suporta o peso da Terra.
Entre alguns *povos nórdicos*, o urso era extremamente venerado a múltiplas cerimônias rituais. Em busca de sabedoria, o deus escandinavo Odin montava num cavalo de oito patas. Os vikings tinham um dragão na proa dos seus navios para afugentar os perigos do mar.
Odin é associado ao lobo, e tem ao seu lado o cavalo, dois corvos, e dois lobos.
Os templos da Deusa fenícia Astartéia tinham piscinas especiais onde peixes sagrados nadavam, pois segundo aquela cultura, dois peixes empurravam um ovo mágico para a praia e dela nascera a deusa. Ela tinha um filho chamado Ichty’s, que tinha a forma de peixe, na Babilônia se tornou o Deus-Peixe Ea.
Existem estudos que mostram o camundongo adorado pelos fenícios como um animal sagrado da fertilidade, devido a sua alta taxa de reprodução, que ele compartilha com o porco. Os fenícios tinham o porco como um animal sagrado, e os associavam com a fertilidade e sexualidade. Era um símbolo do elemento feminino, como ventre que gera e concebe. O termo porcaria foi criado na nossa civilização para descrever questões sexuais de maneira pejorativa.
Baal-Hamon é o deus dos céus e da fertilidade, simbolizado por um ancião com barbas e chifres de carneiro.
Havia entre os Incas um culto lunar, onde a Lua é consagrada ao Puma, que cada noite, devora um pedaço da lua, e quando está satisfeito, deixa-a crescer de novo. Ele vive no centro da Terra e sai a noite para devorá-la.
Mama Chicha, mãe do Grande Inca Viracocha, gostava de festas e danças, era muito amiga dos animais. Diz-se que ela vivia cercada de periquitos verdes, araras multicoloridas, pombos selvagens e todos os tipos de animais pequenos, macacos e outros bichos, da floresta virgem.
Mamacocha, a Mãe-Mainha, era representada por uma baleia. Na mitologia inca, tornou-se a deusa da chuva e das águas.
No Peru em Nazca, pode-se observar do alto uma enorme aranha com 45 metros de comprimento feita na terra, que dizem ser provenientes da cultura Nazca. Sugere que os nativos caminhavam por essas linhas para que pudessem captar o poder dos animais. Há também o beija-flor, um condor, um macaco, um lagarto, baleia, cachorro..
É marcante no Peru a simbologia dos três animais o Puma, representando a força e o poder, simbolizando a terra; a serpente, a sabedoria, a água; o condor representando a justiça, o equilíbrio e a harmonia, o ar.
Quetzalcoatl, o deus Serpente Emplumada, que os *Maias* chamavam de Kukulkan, influenciou as artes, a astronomia, o calendário, a religião. Era fortemente associado com a estrela da manhã e o planeta vênus. Para os maias o jaguar atraía chuva e protegia os campos de milho. O jaguar também representava a deusa da lua e da terra .
No Novo Testamento, Jesus aparece pela primeira vez numa manjedoura, entre animais.
Em busca de sua visão Jesus esteve quarenta dias tentado por Satanás; e vivia entre as feras. (Marcos 1:13).
Jesus mostrou-se um iniciado secreto do conhecimento da linguagem animal. Um dia, disse aos seus discípulos:
Eis que vos enviou como ovelhas no meio de lobos; portanto, sede espertos como as serpentes e simples como as pombas. (Mateus, 10:16)
No batismo de Jesus, o espírito de Deus desce sobre ele na forma de uma pomba.
Os primeiros cristãos iniciados nos mistérios encontravam no nome grego do peixe IXTUS: Iesus Xristus Theos Uios Soter. Que significa: Jesus Cristo Filho do Deus Salvador
Nos animais simbólicos da visão de Ezequiel, o símbolo dos Quatro Evangelistas: Mateus, o Anjo ou o Homem, marcando o nascimento de Cristo; Marcos, o Leão, seu Evangelho começa no deserto; Lucas, o touro, iniciando com Zacarias, que sacrificou o Gado; João, a Águia, porque através dela o Espírito de Deus se manifesta. Segundo Blavatski, cada um representa uma das quatro classes de planos, do mesmo modo como cada personalidade é moldada. A Águia representa o Éter ou o Espírito Cósmico, o olho onipresente do Vidente; o Touro simboliza as Águas da Vida, o elemento que tudo engendra e a força cósmica; o Leão simboliza o Fogo Cósmico, a energia impetuosa, o intrépido valor; o Anjo é a síntese dos três, combinados no intelecto superior do homem e na Espiritualidade Cósmica.
Entre os cristãos primitivos, havia três símbolos, o cordeiro, o pastor e o peixe. O peixe é o emblema das encarnações de compaixão e da piedade divina e representaria diversos salvadores do mundo O símbolo de peixes foi abandonado na Igreja Cristã, enquanto que os outros dois permaneceram, assim, a Igreja acabou perdendo os ensinamentos místicos, pois o peixe, simboliza também o oculto. O Cordeiro representa o Cristo Messias e a Páscoa.
Em (Jonas, 2:3 ) Do fundo das entranhas do peixe, Jonas fez esta prece ao senhor…
São Francisco de Assis no século XII foi quase canonizado pelos próprios animais, que o viam como amigo reconhecendo o seu estado espiritual. Certa vez ele pregou para as andorinhas que foram até ele, se calaram e ouviram :
Passarinhos, meus irmãos ! Vocês devem sempre louvar ao seu Criador e ama-lo, porque ele deu penas para se vestir, asas para voar, e tudo o que vocês precisam.
Deus lhes deu um bom lugar entre as criaturas e permitiu morar na pureza do ar. Ele protege e guarda vocês com muita atenção.
A história registra ainda, São Francisco acalmando um lobo feroz, que assombrava um povoado, apenas com um olhar humilde e algumas palavras, comprovando seu amor pelos animais.
Trechos dos *Salmos de David*:
66v15 Oferecerei em holocaustos pingues ovelhas
Com o fumo odorante dos carneiros
Imolar-vos-ei bois com cabritos
92v11 Porém tu exaltarás o meu poder como do Unicórnio: serei ungido com óleo fresco.
Dos Provérbios de Salomão:
06v06 Vai-te á formiga, ó preguiçoso : olha para os seu caminho, e sê sábio
19v12 Como o bramido do filho do leão, é a indignação do rei, mas como o orvalho sobre a relva é a sua benevolência.
30v19 O caminho da águia no céu; o caminho da cobra na penha; o caminho do navio no meio do mar; e o caminho do homem com uma virgem.
No islamismo conta-se uma passagem de Maomé, quando estava sendo perseguido pelos coroaixitas e refugiou-se numa caverna, quando estava com um de seus fieis :
-E Alá realmente os protegeu, porque uma aranha urdiu a sua teia cobrindo inteiramente a entrada da caverna; as abelhas depositaram aí os seus favos e uma pomba os seus ovos; o que fez com que os perseguidores do profeta nem sequer lá entrassem para revistar.
Outra passagem, conta que, chegados aos limites da Terra Santa, os peregrinos descobrem a cabeça, vestem a túnica branca cingindo os rins com uma echarpe de lã, lançam sobre os ombros um manto, calçam chinelos, que não lhe cobrem o calcanhar nem o peito do pé e julgam, assim, ouvir o camelo de Maomé, que invisível, porém imortal, saúda sua chegada.
Lao-Tsé:
Ouvi dizer que quem conhece
A arte de governar bem a sua vida
Não encontra rinocerontes nem tigres
Quando viaja por terra
Buda também está muito associado aos animais, conta-se sobre a maneira pela qual o Iluminado em seu Grande Despertar, lembrou-se de todas as suas encarnações anteriores vividas em várias formas de animais.
No Bardo, o Livro Tibetano dos Mortos, é descrita uma simbologia budista do norte sobre tronos em formas de animais descrevendo os atributos dos cinco Budas. O trono-Leão, simbolizando a coragem, o poder e a força soberana; o trono-Elefante, a imutabilidade; o trono-Cavalo, a sagacidade e a beleza da forma; o trono-Pavão, a beleza e o poder de transmutação e o trono-Harpia o poder e a conquista de todos os elementos. São símbolos das forças celestiais de iluminação para guiar no Caminho para o estado de Buda.
Nos mistérios Wiccanianos, o deus é Cornífero, o deus da floresta, apresentado com chifres de um alce, representando a natureza indomável de tudo o que é livre. Na comunidade agrícola, era representado com chifres de bode, como o Deus Pã. Nos tempos antigos era conhecido como o Chifrudo. Era também associado aos cultos de Dionísio e como um deus de chifres de touro. O emprego de chifres de touro e a presença de serpentes estão associados a Dionísio e sua ligação com ritos lunares. Os druidas foram também associados ao deus Cornífero celta Cernunnos.
A importância do deus Cornífero era o seu poder sobre o reino animal, bem como a vida silvestre. Era chamado também de O Mestre dos Animais.
A Grande Deusa Mãe wiccaniana, que é a mais forte das variações da deusa (associadas às fases da lua) que é quando a Lua está cheia, tem em um de seus títulos a Senhora das Feras.
Em muitos contos de bruxaria e contos de fadas, descreve-se o poder de transformação em animais, tais como o lobo ou corvo. A verdade é que sempre existiu uma afinidade entre os animais e os praticantes de artes mágicas. Na Idade Média os bruxos personificavam o lobo no Sabat, e as bruxas se enfeitavam com tiras de pele de lobo. Numa parte da Europa acreditava-se que o lobo era a montaria dos feiticeiros, e que as feiticeiras, transformavam-se em lobos. Algumas lendas contam que o couro de lobo tem poder de cura e proteção contra as doenças. O pelo de lobo colocado num barco, para proteção contra o fogo. Possivelmente o lobisomem se originou nos cultos egípcios e gregos aos deuses-lobo.
Caçadores siberianos usavam patas e garras de urso como proteção contra maus espíritos e para cura. Eram usadas também atrás da porta, perto de berços.
As bruxas olhavam profundamente para as teias de aranha, como uma mandala de meditação.
Dizem os magistas, que quando temos animais em casa, criamos elos psíquicos com eles. Os seus movimentos podem pressagiar acontecimentos, o senso aguçado, por exemplo, percebe a aproximação de estranhos.
Na magia o gato está associado aos ritos sagrados, a superstição. Era animal sagrado na Índia. No Egito considerava-se que o gato tinha poderes de oráculo. A deusa Bast era representada com corpo de mulher e cabeça de gato. Já gato negro desempenha um importante papel na bruxaria. Segundo a crença era dotado de nove vidas
A galinha negra, como o cão negro, eram animais associados à bruxaria. Nas tradições do candomblé, costuma-se, usá-las em muitos rituais, assim como bode e o carneiro. Já o galo era ligado a cerimônias ocultistas era uma ave consagrada a Esculápio.
Os tibetanos colocavam um crânio de carneiro na porta de suas casas, para impedir a entrada de maus espíritos, que descarregavam sua ira sobre ele, livrando os moradores. Na Escócia o omoplata do carneiro negro era raspado para fins divinatórios e rituais mágicos.
Desde a antiguidade o homem tem imposto sacrifícios ao animais. O carneiro é um símbolo universal do sacrifício animal. Na Babilônia era sacrificado nas comemorações do ano novo, para atenuar os pecados do reino. Na Grécia, Roma, no Islã, na África e no Egito, era oferecido aos deuses, para diversos fins.
Quero citar um trecho do livro *Os animais e a Psique*, da editora Palas Athenas :
Entre os hebreus, o sacrifício do carneiro, foi uma antecipação da imolação de Cristo. O cristianismo absorveu o simbolismo pagão do sacrifício animal e o carneiro passou a ser o símbolo do Filho imolado, que segundo os textos bíblicos, pagou com sua vida o pecado dos homens e os salvou para a vida eterna.
O carneiro foi escolhido, pela igreja, como imagem e símbolo de Cristo. O carneiro tem aspectos de pureza, da mansidão, e da vítima sacrificial.
Morto na cruz para a salvação da humanidade, Jesus derramou seu sangue, assim como o sangue do cordeiro libertou o povo judeu do Egito. No cristianismo, o cordeiro está ligado a Jesus, o Cordeiro de Deus, que se imolou pela humanidade:
Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do Mundo. João 1:29
Também é encontrada na Bíblia o Cordeiro do Apocalipse, com sete chifres e sete olhos, com poderes para abrir o lacre dos sete selos e vingar a morte dos santos e dos seguidores de Jesus.