Importância do Ritual
Tudo no Universo se move com harmonia e em ciclos; a mudança das estações, o nascimento e a morte de galáxias, até nosso próprio senso de quem somos de verdade. Por milhares de anos nossos ancestrais tiveram consciência da vida e morte como um fluxo contínuo. Compreendiam que era importante marcar os ciclos de renovação – como solstícios e equinócios, por exemplo – e acreditavam que fazendo isso ajudavam o cosmos a crescer e mudar.
O ritual, então, vem de tempos pagãos quando a Deusa-Mãe Terra era adorada como símbolo do nascimento, crescimento, morte e regeneração, e a vida era vista como sendo interligada em todos os níveis.
A Terra estava ligada ao Universo como parte de um organismo vivo; o que afetava a alguém, afetava a todos, e o ritual era considerado uma forma de recrutar as outras partes do todo para fortalecer e proporcionar mudanças na comunidade.
A tradição do mundo Ocidental de uma Deusa-Mãe Terra, com o tempo, acabou dando caminho para a base religiosa de um Deus-Pai e, desde então, nosso senso de ser parte do cosmos e de participar dessa evolução se perdeu. Um sentimento de separação surgiu. Nosso conhecimento de mágica e mistério desapareceu. Nosso respeito pela Terra como parte de nós foi deixado de lado e começamos a explorar e abusar dela.
Nesse tempo de crise precisamos, mais do que nunca, de rituais. Eles são tão importantes para nós quanto foram para nossos ancestrais. Os ciclos básicos de nossas vidas não mudaram, assim como os medos e as doenças que nos cercam. Pelo contrário, acrescentamos muito a eles.
Voltar a fazer rituais é um caminho para reabilitar um crença na ligação de toda a vida. Na sociedade de hoje, muitas pessoas têm uma sensação de separação e isolamento; para muitas , há um importuno sentimento de que deve haver algo mais na vida.
Os rituais podem nos ajudar a ver que somos parte de algo maior, parte de uma terra viva e que respira. Podem nos dar o sentimento de unidade, segurança e de apoio em um mundo de dificuldades crescentes. Podemos, mais uma vez, começar a sentir o sagrado no ordinário, o que pode dar profundidade e o sentimento que, tão freqüentemente, estão faltando em nossas vidas.
Praticar rituais requer coragem, visão, humor, criatividade e, acima de tudo, que acreditemos em nossa capacidade para modificarmo-nos e a nossos valores. Mas isso pode ser mais recompensador, pois ajuda-nos a olhar para alguma coisa maior do que nós mesmos, que pode ser chamada de Deus ou de força universal preocupada com nosso bem-estar, e ligarmo-nos a ela. Permite que nos reconectemos com o mistério da vida e ajuda-nos a sentir e a compreender as forças não-visíveis que trabalham em níveis sutis e são filtradas para o nosso mundo, e assim nos tornaremos, novamente, unos com a Terra e o cosmos. Recuperaremos a sensação de equilíbrio dentro de nós e de nosso mundo.
Continuando com Aubyn :
Para quais eventos os rituais são necessários hoje? Quem deve fazê-los? E como podemos impedir que eles percam seu significado e efeito tornando-se muito estilizados e impessoais?
Todos os principais estágios da vida precisam ser claramente marcados: puberdade, casamento, menopausa, morte e assim por diante. Além disso, muitas situações, como a aposentadoria, que não existiam em sociedades mais simples, agora precisam ser reconhecidas. Eventos particulares de nossa própria história de vida agora também precisam ser colocados para fora. Completar uma terapia ou lidar com um aborto podem entrar nessa categoria.
Outra área que, tradicionalmente, não tem sido tratada por meio de rituais, mas que pode ser consideravelmente clarificada por eles são os eventos como sair de um emprego ou ser roubado. Sentimentos de alegria, de conquista e poder podem ser todos resultantes de se observar os eventos significativos em nossas vidas com o ritual adequado. Isso também pode nos dar um valioso tempo para contemplação que, tão comumente, está faltando em nossas vidas tão ocupadas.
A questão de quem deve fazer um ritual marca uma das grandes divisões entre o passado e o presente. Na sociedade tribal apenas o xamã – o curandeiro – podia mediar por suas pessoas; na tradição cristã esse papel foi dado ao sacerdote. As demais pessoas formavam a audiência, o aspecto popular, e nunca foram os iniciadores. Também é simples supor que todos na comunidade tenham as mesmas necessidades.
Mas como as energias da Era de Aquário, que estão entrando agora, se fazem sentir, as necessidades dos indivíduos não são mais percebidas como idênticas e a auto-expressão não pode mais ser reprimida. Esta será a era da harmonia, mas da harmonia pela diversidade mais do que pela igualdade.
Tanto rituais quanto símbolos falam sua língua e, portanto, comunicam-se conosco em um nível muito mais profundo do que poderíamos conseguir – ou mesmo imaginar – com nossa mente consciente. Por mais sincera que possa ser, uma declaração feita na vida diária tem uma força muito pequena se comparada a uma feita durante um ritual de sucesso, quando nossa mente, subconsciente e consciente e nossa vontade estão trabalhando juntas.
Por meio do ritual criamos uma atmosfera especial e sagrada. Invocamos a ajuda de nosso Anjo Guardião, dos nossos espíritos guias e auxiliadores, que nos dão poder para conseguirmos resultados além dos que normalmente esperaríamos. Somos capazes de entrar na enorme força do Universo.
Nem é preciso dizer que qualquer ritual empreendido por razões erradas podem trazem danos consideráveis e bem pode contra-atacar aqueles que o fizeram. Mas com a intenção correta e uma atitude de amor e gratidão, podemos ver além do racional e nos modificarmos profundamente. Tudo se torna possível.