Cultos e Altares

 

Os ritos mágico e religiosos do vodu exploram as relações de um sem-número de espíritos, forças da natureza, almas de defuntos e seres vivos, entre si e com o Grande Mestre. estas cerimônias se realizam por intermédio de sacerdotes que induzem a “crises de possessão espiritual” individuais ou coletivas.

Os ritos principais do vodu são três : o rada, o congo e o petro.

O rito rada procura seguir o ritual originário da Guiné, cuja principal característica é sua preocupação com a prática do bem e a ausência de violência. O rada é o culto vodu mais sincretizado com o catolicismo.

No rito congo são conservados os aspectos mais primitivos das religiões originárias de outros países africanos. Uma das suas características é a presença de espíritos sedentos de sangue que exigem constantes sacrifícios e que ameaçavam com as piores calamidades.

O rito petro é talvez o mais fechado e secreto, devido a sua proximidade com as práticas da magia negra. Sabe-se que nele o porco é o mais importante dos animais de sacrifício.

Todos os três ritos principais do vodu são realizados sobre três tipos de altares diferentes : o altar pessoal, o altar familiar, o altar coletivo. A coluna mitam, os diagramas vevê, e alguns números sagrados são os três principais simbolismos do vodu.

Coluna Mitan

Consiste num poste confeccionado em madeira ou concreto, e que constitui o pilar central de sustentação da cabana dentro do qual são realizados os rituais. Quando, por uma razão qualquer, o mitan não possa estar presente materialmente, seu sentido deverá estar sempre representado no pensamento. Os iniciados consideram o mitam o símbolo do centro ou eixo do mundo. Seu final toca o Céu, e sua base o reino das águas subterrâneas. Através dele as oferendas chegam ao seu destino, quer seja celeste ou subterrâneo. Num terreiro de vodu, podem existir vários mitan, já que seu número carece de importância.

 

Os Vevê

São diagramas mais ou menos geométricos desenhados no chão. Correspondem aos chamados pontos riscados dos cultos afro-brasileiros. São ditados pelas próprias entidades espirituais, que normalmente só aceitam possuir o médium depois que seu diagrama foi riscado no terreiro. A origem dos vevê é discutida. Alguns autores afirmam que eles vem da África, outros que eles são de origem aborígene-americana, e, como prova disso, citam os diagramas riscados dos índios da América do Norte, os quais se acham expostos no Museu do índio de Santa Fé, Estados Unidos. A analogia entre esses desenhos e os praticados pelas entidades do vodu não deixam margem a dúvidas quanto à origem comum de ambos.

 

Números Sagrados

O simbolismo dos números no vodu parece recordar os três principais cultos dessa religião : rada, congo e petro. O número três está presente em todos os planos estruturais do vodu. A iniciação completa, por exemplo, requer três fases: uma estada sob as águas; a possessão por um número determinado de espíritos; o recebimento de um nome esotérico.

A moral vodu é deduzida de um conjunto de regras que tendem a preservar o indivíduo assim como o grupo familiar, unidos junto a seus bens materiais e espirituais. É proibido atentar contra a vida alheia (no rito rada). É proibido tomar algumas bebidas, especialmente o café, sem ter previamente derramado um pouco no chão, em nome dos mortos (norma comum a todos os ritos). É proibido servir os deuses com a mão esquerda, ou com as duas mãos ao mesmo tempo; esta última proibição tem um caráter simbólico, significando que os sacerdotes não devem desviar para um fim maléfico as forças espírituais que tem a sua disposição fazer o bem.

 

Teoria da Morte

O vodu acredita que o homem seja composto de um corpo (suporte material), e por dois princípios espirituais: o grande anjo bom e o anjinho bom. O grande anjo bom é parecido com a concepção de alma dos cristãos. Tem os mesmos atributos, mas se diferencia no fato de que é possível capturá-lo através da feitiçaria e se servir dele como de um escravo. Essa alma prisioneira ligada por artes mágicas a um corpo falecido, tem o nome de *zombi* ou *zumbi*. O anjinho bom é um espírito vodu, um loá ou força de origem africana. Quando o indivíduo ao qual está ligado morre, o loá se liga a outro membro da família do defunto, através de uma cerimônia chamada “degradação”. Para fins de magia, os loá podem ser retirados de três lugares : do mundo das águas, da Ville au Camp, da Guiné.

O mundo das águas é um conjunto de populações que se estende até o horizonte que representa o reflexo inverso das populações terrestres. Seus habitantes exercem as mesmas atividades que os homens exercem sobre a Terra. Reina ali uma disciplina estrita, e grande respeito pela hierarquia. Os chefes castigam as infrações severamente, e muitas vezes, para escapar dos castigos, seus habitantes preferem viver sobre a superfície da Terra encarnando-se em seres humanos.

A Ville au Camp é uma popularização mística localizada no alto de uma montanha chamada Porte de Paix, no noroeste do Haiti. Foi fundada por membros do alto clero africano quando desembarcaram de São Domingos no início do séc. XVII. Ali é um lugar de reunião dos deuses africanos e nativos.

A Guiné, para o vodu, é o símbolo da África negra na sua totalidade. A geometria sagrada a localiza no centro do eixo que liga o céu ao mundo subterrâneo.

 

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