Celtas e Druidas
Xamã , para mim, é aquele que transforma a si mesmo, mas com seu exemplo, toca e emociona a todos. A magia, não é tão misteriosa quanto parece, ela habita os bosques de nossos corações, entre nele e busque a luz e a sabedoria que com certeza lhe será revelada.
Os druidas eram xamãs. Mediante um processo de iniciação pessoal, numa sucessão de estados de transe tinham acesso ao Outro Mundo. Eram capazes de representar um mundo dentro do outro
Graças aos altos-relevos galo-romanos, sabemos hoje que existia um deus com chifres, denominado Cernunnos, cujas origens estão na divindade que os antropólogos denominam de “Senhor dos Animais”
Era o deus da caça e a presa estava sob seu controle. Aparece no folclore britânico como “Herne, o Caçador”. Shakespeare menciona seu carvalho sagrado no bosque de Windsor. A ideia de um caçador chifrudo remonta os tempos muito antigos, nas pinturas das cavernas mostram este homem coberto com peles de animais. A ideia era que o caçador deveria se identificar com sua caça, o cervo, com o objetivo de apaziguar seu espírito dominante. Este é o mistério mais antigo do mundo: o caçador e o caçado deveriam ser um só.
A transformação em natureza animal, seja a de touro, cervo, cavalo, javali, gato, pássaro ou peixe, aparece com frequência nos contos celtas. A identificação xamânica com animais se refletia claramente no culto celta, inclusive, nos tempos do cristianismo.
Segundo Justino, os celtas tinham mais maestria na arte da adivinhação do que qualquer outro povo de seu tempo e atinham-se a ela cegamente. Foi uma revoada de pássaros que guiou ou galeses que invadiram Illyricum. Em outra ocasião, a maneira de voar de uma águia convenceu um rei que deveria regressar de uma expedição e evitar um desastre. Se houvesse algum litígio entre duas pessoas, cada uma colocava alguns pastéis sobre a mesa, de modo que não houvesse confusão sobre a propriedade de cada grupo de pastéis. Os corvos vinham, pousavam na mesa, comiam vários deles e beliscavam e inutilizavam um a um. O litigante cujo pastel tivesse sido apenas beliscado era o ganhador da causa.
O druida era um xamã, sacerdote, poeta, filósofo, médico, juiz e profeta. Sua educação incluía várias etapas. Desse modo, os estudos de um bardo irlandês,o “fili” constavam de versos, composição e recitação de histórias, gramática. Ogham (ciência das árvores- idioma secreto), filosofia e leis. Os sete anos seguintes eram dedicados a estudos mais especializados e incluíam linguagem secreta dos poetas e o “fili” se transforma em “ollamh”. Podia então, receber instrução em genealogia, direção de fim, “o homem instruído”estava preparado para estudar encantamentos, adivinhações e magia.
“Todos os druidas eram bardos, mas nem todos os bardos podiam aspirar a ser druidas.”
Ao descrever o clero da Gália, César divide-o em três grupos: “os vates praticavam a adivinhação e estudavam filosofia natural. Os bardos relatavam em verso as grandes façanhas de seus deusas. Os druidas se ocupavam da adoração divina, da correta celebração dos sacrifícios, pública e individual e da interpretação de questões rituais.” Seu poder parecia absoluto, pois segundo suas observações, o maior castigo que se podia impor a uma pessoa ou família era a exclusão do ritual dos sacrifícios.
DEUSES E HEROIS
A ideia de que guardiões protegiam e defendiam o Planeta Terra, com certeza veio do pensamento celta, pois fica explícita nas toponímias que procedem do Deus do Sol, LUGH. Seu nome significa lux (luz) e lucus (arvoredo). Na França é conhecido como Laon, e Lyon, na Holanda como Leiden e na Grã-Bretanha como Carlisle.
Outras divindades como Bel, Don e Og nos reportam aos poderes sobrenaturais personificados e disseminados pelas antigas tribos celtas. Porém, Lugh representa um símbolo essencial entre todos os festivais, lendas e histórias irlandesas.
Os celtas eram um povo muito extrovertido que encarnavam seus deuses como Tuatha Dé Danann (deus guerreiro vencedor da eterna batalha com as trevas). Lugh do Longo Braço tinha uma lança mágica que disparava fogo e rugia na batalha Moytura, enquanto libertava o Rei Nuada e os Tuatha Dé Danann das mãos dos Fomori, os demônios da noite que só tinham um olho
Antes da batalha Lugh tinha pedido para ser aceito no grupo de guerreiro, mas só foi aceito quando ganhou uma partida de xadrez. Nuada então confiou-lhe a defesa da Irlanda. Os heróis celtas tinham poderes específicos:
GOIBNIU, o ferreiro, construía qualquer tipo de arma;
DIANCECHT, o médico que construiu um braço de prata para o rei Nuanda e curava os feridos;
CREDNE, o soldador, que fabricava as pontas das lanças, espadas e os rebites dos escudos;
DAGNA, com sua clava, seu caldeirão da abundância, alimentava o exército dos guerreiros e tocava sua harpa em três sons: o do sonho, o do alívio e o do riso.
Na batalha, Lugh consegue cegar o único olho do malvado rei dos Fomori com uma funda. A pedra, depois de ter-lhe atravessado a cabeça, mata muitos Fomori. O resto dos piratas foge em seus barcos e, a partir de então, essas criaturas “de um olho só, um braço só e uma perna só deixam de ser uma ameaça.