Histórias de Poder
Os xamãs foram os primeiros contadores de histórias. Através das histórias se conserva o conhecimento através das gerações.
A narração oral da história e tradição foi o aspecto essencial das religiões nativas.
O Contador de Histórias criava vínculo, fazia curas, clarificava a identidade, celebrava os paradoxos da vida, os divertimentos.
Ele também estava presente mantendo ou criticando a história, servia de reforço cultural e religioso.
Todas as tribos tinham seus contadores de histórias. Algumas culturas tinham homens e mulheres contadores de histórias.
Para ser um contador de histórias o aspirante deve dedicar-se a conhecer as histórias da comunidade, dos ancestrais, da cosmologia, e é claro ter dons de oratória e ser aceito pelos Anciões. Muitas das histórias são visões, sonhos,insights.
Faço abaixo um resumo do texto de Jamie Sams :
– Os contadores de histórias de todas as tribos e nações constroem uma ponte entre os ensinamentos tradicionais e o momento presente. As crianças aprendem com eles e aplicam as histórias em sua própria vida.
Cada história possui diversos significados e relaciona-se de forma diferente para cada pessoa. Cada vez que a história é repetida, cresce o nível de entendimento. Alguns acontecimentos da história eram repetidos de maneira diferente para que cada ouvinte pudesse perceber melhor, de acordo com sua capacidade de entendimento.
O Contador de histórias tem um posto no Conselho dos Anciões. Ele possui o dom de falar a alguém em particular sem se dirigir a ele.
Todos os sábios nativos preferiam ensinar por meio de histórias a apontar diretamente os defeitos de alguém.
Todos os mestres iluminados desta Terra, sempre se utilizavam de histórias para passar suas verdades, pois eram sabedores que as vezes a verdade é muito dura para ser aceita. Veja o exemplo de Jesus que falava por meio de parábolas, de Buda , Lao-Tsé e outros.
É importante frisar que as estórias criam imagens na mente do ouvinte, que por sua vez despertam emoções, que por sua vez desperta uma bio-química. Elas relaxam, amedrontam, ensinam, curam, entusiasmam, entristecem, alegram……..
No xamanismo, o contador de estórias é um caminheiro entre os mundos. Não é apenas ler, para contar uma estória com sucesso ela deverá vir do interior. Isto significa viver a estória interiormente, o experimentar do ponto da vista de cada um dos caracteres, da caminhada e do riso, da tensão, da reflexão da advertência. Forma e conteúdo.
É visualizar cada volta da história até que você possa fazer funcionar sua imaginação como um filme; pensar profundamente sobre a mensagem subjacente a que a própria história está tentando fazer, compreender os fluxos da energia, movimentos, gestos, semblantes, respiração, pausas, dicção,etc.
O contador de estórias, então, é um mediador entre nosso mundo conhecido e o desconhecido.
Uma comunidade de dragões e fadas, anjos, com as bestas mágicas e míticas. Com deuses e deusas, os heróis e os demônios.
Expressam-se acima deste mundo, passam livremente de um mundo para o outro, e ajudam-nos a experimentar outros reinos.
Também são invocadores de poderes elementais, dos poderes da transformação.
Podem mostrar-nos que como confrontar nossos medos, como experimentar êxtase ou nos trazer a cara à cara com morte ou terror do espírito – com o infinito e incompreensível
O contador de estórias vive e comunica o poder, o significado e a realidade do mito a uma profundidade que não possa ser apreciada até que experimentada.
E a experiência é a palavra crucial aqui. A experiência da palavra nos conduz quando a estória vem do interior.