A Consciência
Há algum tempo, parecia que todos sabiam o que significava estar consciente ou inconsciente. A consciência nos era dada. Suas variações e anomalias raramente eram discutidas.
Consciência, é a palavra que usamos para indicar o que percebemos. Nós mesmos, os outros, tudo o que nos rodeia.
Se algo nos acontece mas não percebemos, dizemos que não temos a consciência do que está ocorrendo. Quando nada percebemos, estamos inconscientes.
No início do século passado, Sigmund Freud descreveu o subconsciente, que se acha repleto de pensamentos e de emoções de que nada sabemos no plano consciente. Freud acreditava ser a informação aí existente acessível tão somente com o auxílio da psicanálise.
Mas, na década de 70 ocorreu o que por vezes chamamos de “a revolução da consciência” e pelas pesquisas nas funções especializadas dos hemisférios cerebrais. repentinamente, pareceu existir um maior número de espécies ou “estados de consciência” e maior número de meios de acesso a eles, um número bem maior do que jamais se pensou possível.
Desde então, as pesquisas científicas nos vêm propiciando curiosas informações sobre o consciente, embora sem esclarecer mais a fundo a definição.
ESTADOS ALTERADOS DE CONSCIÊNCIA
Há muitas técnicas – a focalização pré-verbal, algumas formas de meditação, a hipnose e a psicovisualização, entre outras – que visam a trazer os conteúdos do subconsciente para o consciente. Os estados psíquicos conseguidos através desses métodos e do uso de certas drogas são muitas vezes chamados de “estados alterados”, e denotam estados diversos daquele que experimentamos durante as horas normais de vigília.
No entanto, não se pode mais dizer que para todas as pessoas o “estado normal” de consciência seja exatamente o mesmo, tampouco que todos experimentemos estados alterados da mesma forma.
A natureza de nossa consciência, em qualquer momento em particular, depende do foco de nossa atenção. As técnicas de meditação e de hipnose visam a focalizar nossa atenção de formas diversas do habitual.
O ESTADO DE TRANSE MEDIÚNICO DIÁRIO
A maioria de nós não percebe o estado a que Ernest Rossi, um psicólogo de Los Angeles, chama de “estado de transe diário”. Ele explicou seus pontos de vista na antologia Handbook of Alterade States of Consciousness.
Ele ressalta que as pessoas entram num estado de transe ou hipnótico natural periodicamente durante o dia. Os hipnotizadores experientes há muito reconhecem esse transe por indícios no comportamento.
O próprio Rossi tornou-se observador consciente desses indícios sutis, entre os quais estão discretas alterações nos movimentos visíveis do pulso, o enrubescimento facial, um processo de lentidão do deglutir e do piscar, e uma alteração do ritmo respiratório. As pupilas se dilatam, as pálpebras, e o corpo, em geral, perde a mobilidade.
Um aspecto extraordinário sobre o êxtase diário é que muitas vezes é encoberto por amnésia. “Com efeito”, escreve Rossi, são estes os momentos em que pessoas perfeitamente normais experimentam ilusões e visões em frações de segundo – que são rapidamente esquecidas.
O pensamento vagueia, as lembranças vêm espontâneas à consciência e, explica Rossi, chegamos a experimentar surtos espontâneos de uma aceitável regressão no tempo: o executivo, num repente, assobia como um menino; professor tenta fazer cesta com uma folha amassada de papel. …Depois de uns vinte ou trinta minutos nos surpreendemos com o tempo que desperdiçamos e zelosamente nos esbofeteamos para que voltemos ao estado de alerta, de trabalho”.
Algumas pessoas tem uma visão fugaz e contemplativa do “grande quadro’. Outras se veem de tal forma arrebatadas que não enxergam e nem ouvem. Outras sentem-se incomodadas e suprimem “verdades pessoais que chegam sem ser convidadas durante esses períodos de indefesa natural.