Animais de Poder – Primórdios

OS PRIMÓRDIOS – ANTIGAS CIVILIZAÇÕES – RELIGIÕES

Conta uma lenda siberiana, que no princípio viviam dois Povos Celestiais na Terra.

O povo que vivia no ocidente era bom, e o Povo que vivia no oriente era mau.

Os deuses criaram os homens e tudo vivia em paz e harmonia, mas o Povo Mau, enviou para os homens as doenças e a morte.

Para aliviar o sofrimento das pessoas, os Deuses enviaram uma Águia para transmitir poderes medicinais do xamanismo.

A Águia foi até os homens, mas os homens não entendiam sua linguagem, de forma que ela não conseguiu transmitir a ciência e o dom da medicina.

Á Águia voando, com a firme decisão de cumprir sua missão, viu das alturas uma bela mulher, dormindo nua, nas sombras de uma árvore.

A Águia pousou, fez amor com essa mulher, e do fruto desse amor, nasceu o primeiro xamã da Terra.

Essa metáfora ilustra a ligação do homem medicinal, do xamã, ao animal.

Na Sibéria, entre os Buriatas, o animal ou ave que protege o xamã é chamado de Khubilgan, palavra que significa metamorfose, assumir outra forma.

Segundo Alix de Montial, o xamã é uma espécie de herói zoomorfo, meio homem, meio deus, meio animal. Esboça-se o retrato do xamã: mais que homem, não totalmente deus, bebendo da fonte do conhecimento intuitivo animal. A pintura de uma imensa caverna paleolítica, conhecida como Tróis Frères, no sul da França, mostra um feiticeiro vestido com roupa cerimonial, com a cabeça dotada de chifres e orelhas de veado, olhos de coruja, cauda, órgão sexual felino sugerindo um leão, garras de urso.

Nas paredes de muitas cavernas paleolíticas, foram descobertas, inscrições, que firmam o pacto entre o homem e o animal, cuja época remonta a cerca de 30.000 a.C. Em Lascaux, na França, numa espécie de cripta, vê-se a figura de um xamã deitado em transe, usando máscaras e roupa de uma ave. A associação da viagem xamânica com o vôo de uma ave é comum no xamanismo.

O ritmo do tambor, considerado em algumas crenças como o cavalo que transporta o xamã em transe, em outras eram consideradas asas de transporte espiritual, que elevam o espírito do xamã. Os xamãs as Sibéria usam ainda hoje vestimentas de aves, e muitos acreditam que suas mães receberam visitas de aves, sendo concebidos através dessa união.

Os dinossauros estabelecem vínculos com um passado distante, ou o que chamam de Mundo Perdido. Gigantescos, ameaçadores, dóceis, engraçados; estão nos mitos e lendas da humanidade, despertando curiosidade sobre a sua origem e desaparecimento.

Eles estão presentes nas artes, desenhos, filmes, revistas, histórias em quadrinhos, brinquedos, nos estudos científicos, documentários, na literatura, nos sonhos, cinemas, etc. Restabelecem o vínculo com um passado misterioso do planeta.

Um mundo distante, desconhecido, profundo, de uma natureza selvagem intocável. Nos ensina a cuidarmos do meio ambiente e a saber nos adaptarmos a circunstâncias e ambiente

Nas religiões antigas existem registros de rituais do homem e do animal em todos os hemisférios. Exemplos como Ganesha, a divindade hindú, forma humana com cabeça de elefante; no Egito, Thot, forma humana com cabeça de falcão; o peixe e a ovelha no cristianismo.

Na mitologia grega, entre os fenícios, maias, aztecas, indios norte-americanos, na Siberia, nos cultos africanos, no Perú, entre os aborígenes australianos, entre os esquimós, índios brasileiros, no taoísmo e etc.

Nos contos Jakata conta-se que Buda em seu Grande Despertar lembrou-se de encarnações animais.

Jesus, um dia, disse aos seus discípulos: Eis que vos enviou como ovelhas no meio de lobos; portanto, sede espertos como as serpentes e simples como as pombas . (Mateus, 10:16)

A história também faz registros do Sermão aos Peixes, de Santo Antônio e São Francisco pregando a palavra de Deus aos pássaros.

Também o símbolo dos Quatro Evangelistas: Mateus, o Anjo ou o Homem, marcando o nascimento de Cristo; Marcos, o Leão, seu Evangelho começa no deserto; Lucas, o touro, iniciando com Zacarias, que sacrificou o Gado; João, a Águia, porque através dela o Espírito de Deus se manifesta.

Na astrologia os símbolos astrológicos são animais. Na astrologia chinesa idem. Nos chacras, há para cada vórtice um animal que carrega o bija (semente) . A Kundalini é representada por uma serpente.

A simbologia animal também está presente em todas as linhas de ocultismo, na alquimia, nas cartas de tarô, nas runas, no I Ching, etc.

Depoimento

Na minha adolescência, vinha sempre em minha mente um pássaro de fogo, e eu brincava com meus amigos e minha namorada, que eu era um pássaro de fogo por ter muita energia. Tive uma adolescência bastante agitada, cheia de experiências fortes. Além do que, o meu nome Léo, significa Leão. Um nome que acompanha a história de minha família, meu avô Léo, meu pai Léo, e hoje meu filho Léo.

Sempre tinha visões, e um carinho especial pelo Leão, e fui descobrir a alguns anos atrás ter quatro Leões na minha carta natal. Eu adorava estudar os animais, lia livros de zoologia, quando tinha 15 anos de idade, meu pai foi administrar uma fazenda no Mato Grosso, na fronteira entre o Brasil e a Bolívia e fiquei radiante com a possibilidade de vê-los mais de perto. De todos os animais que conheci fiz uma amizade com um quatí.  Quando cheguei ele ficava preso numa jaula. Eu todos os dias ia conversar com ele e dar alimentos, até que ele se tornou bastante dócil e começou a comer na minha mão, foi aí que finalmente consegui soltá-lo e ganhou a liberdade. Passeava livre pelos arredores da casa onde estava, brincava comigo.

Certo dia, na fazenda, fui informado que um grupo de funcionários da fazenda iriam caçar uma lobeta, que invadia a fazenda, para comer as galinhas.  Fiquei preocupado com a notícia, pedia para o meu pai não deixar os homens matá-la, apenas caçá-la, mas no fundo sentia que o meu pedido não iria adiantar muito.
Uns dois dias após a notícia, sai com um colega para fazermos nosso programa habitual, que era andar a cavalo e tomar um banho no rio. Quando chegando próximo a uma casinha de um morador da fazenda, vimos os perus saindo correndo, e fomos ver o que era. No início um susto, era a lobeta. No primeiro momento ficamos paralisados olhando, e ela encurralada entre o muro e o local onde ficavam os perus. Até hoje eu não sei como fiz isso, eu usava uma bota bem reforçada, e rapidamente pisei no pescoço da lobeta, ela se prendeu numa grade de ferro do local e ficou presa, depois fiquei com medo de tirar o pé e levar uma mordida, caso ela se soltasse, até que meu amigo, pegou uma corda da moradora e amarrou suas patas, daí pude soltar o pé. Ela se debateu por uns instantes, e ficamos esperando ela se cansar, depois soltamos o seu pescoço da grade e fomos levando-a em dois, até a casa da fazenda, um segurava as suas patas e o outro, a sua cabeça com uma blusa.

Quando minha mãe nos viu, quase desmaiou. Deixamos a lobeta na jaula onde estava o quati. Como fiz com o quati, todos os dias eu levava alimentos e conversava com ela, até que ela foi amansando, amansando até comer na minha mão. Eu a alimentava com uma mão e fazia carinho com a outra, até que depois de um certo tempo, ela, tal como um cachorro faz, lambia a minha mão. A partir daí ela aceitou que eu pusesse uma coleira no seu pescoço, e finalmente a soltei. Foi a minha grande amiga, passeávamos juntos todos os dias, os funcionários da fazenda mal podiam acreditar no que viam.

Outra ligação importante que tive com os animais foi através do Kung Fu, aos 19 anos. No Kung Fu, aprendi os movimentos animais, mais particularmente os movimentos da Águia (Estilo Eagle Claw = Garra de Águia), me sentia voando.

Tornei-me vegetariano, por amor aos animais, uma força que veio e foi mais forte do que qualquer paradigma alimentar. A alimentação vegetariana mudou muita coisa na minha vida, e me reaproximou mais ainda do reino animal.

Mas, foi no xamanismo que aprendi a conhecer o Poder do Reino Animal. Descobri que há um animal guardião presente em cada um de nós. Também chamado de animal de poder, espírito protetor, nagual, aliado totem, etc., representa o nosso alter ego, nosso duplo. É o nosso instinto animal, nosso lado mais forte e menos racional.

Os animais estão mais próximos do que nós da Fonte Divina. O animal é mítico, onírico. Quando compartilhamos de sua consciência animal, podemos transcender o tempo e o espaço, e, as leis de causa e efeito. A natureza da relação entre o homem e o animal é de origem espiritual.

Quero explorar, nestas páginas, o significado de animal para todo o ser vivo e organizado, que se movimenta, que não seja o homem. Dentro dessa definição, quero abordar para o termo animal; os mamíferos, répteis, insetos, peixes, aves, e tudo o que tem vida e se movimenta.

Todas as coisas do Universo têm espírito e vida. As pedras, a terra, o céu, as águas, as plantas e os animais são diferentes expressões de consciência, em reinos e realidades diferentes. Todas as coisas do Universo se harmonizam com o todo, e sabem como se dar uns aos outros.

Os animais simbolizam aspectos instintivos, inconsciente do ser. Jung considerava o simbolismo animal como uma visualização do Eu Inconsciente. Ele afirmava que o homem torna-se humano ao conquistar a sua individualidade animal

Todos nós temos um animal, fazendo parte de nossa *Medicina Pessoal*. Os Totens, ou animais de poder são uma força que nos ajudam na busca de harmonia. Estão profundamente enraizados na nossa consciência, representando qualidades que necessitamos desenvolver, as lições que devemos aprender, com intuição e humildade, que estão ocultas. Quando evocamos o poder do animal, evocamos a essência da criatura.

Aprendendo sobre os aspectos animais de nossa própria natureza, podemos nos conectar com padrões instintivos que guiam o comportamento dos animais e que estão presentes nos seres humanos, como uma fonte inesgotável de sabedoria.

Os animais de poder são manifestações dos poderes arquetípicos ocultos, que estão por trás das transformações humanas. Torna as pessoas com um corpo vigoroso, aumenta a resistência a doenças, a acuidade mental e a autoconfiança.

Eles auxiliam no diagnóstico de doenças, na realização de objetivos desafiadores, para aumentar a disposição, auxiliam no autoconhecimento. Enfim, são nossos aliados.

Cada animal traz seus talentos específicos, ou uma essência espiritual, e através disso, cada um com sua própria medicina, transmitem-nos a sua sabedoria.

Este canal é para que o leitor entre em contato com essa força, através de uma maior compreensão da energia animal e da pratica de rituais e meditações, para aumentar o seu poder pessoal, expandir sua consciência e o autoconhecimento. Esse relacionamento poderá lhe trazer um vigor extra, ajudará a ter idéias mais criativas, a prevenir doenças ou ajudar na recuperação de sua saúde, a melhorar seu relacionamento com as pessoas e com o Universo, aumenta sua intuição, melhora seu poder de tomar decisões, aumenta a confiança e a disposição para enfrentar os desafios da vida, proteção contra perigos.

Fazendo um passeio em diversas tradições, minha intenção, é estabelecer um processo para os leitores conectarem-se com nossa Mãe Terra através de suas criaturas.

Espero abrir uma nova porta de entendimento e autoconhecimento. Que seja uma ponte para um novo modo de ver o mundo, que traga mais conhecimento para caminhar em equilíbrio na nossa Mãe Terra.

Nesse momento decreto que se abra a porta do Mundo Profundo, para que você leitor, se encontre com os mistérios, com a magia e com o poder dos espíritos animais.

 

Canção de Poder

Chamo a Força Encarnada
Para usar as minhas mãos
Para expulsar os malfazejos
Que atrapalham meus irmãos

Chamo os Seres Sagrados
Pra me dar a proteção
E a Águia vai por cima
E o Leão vai pelo chão

Segue a Águia em seu vôo
Para me dar a visão
E quando eu toco o meu tambor
É quem segura a minha mão

O Leão com sua força
Reinando na imensidão
E essa é a força que Eu sinto
Dentro do meu coração

Fique muito alinhado
Diante desta afirmação
Eu uso a Luz do Amor
Prá te tirar da escuridão

Amor  Paz e Luz!

Léo Artese

 

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