CAMINHANDO NA RODA MEDICINAL
RODA MEDICINAL VOO DA ÁGUIA
Desde 1991 venho estudando e aplicando a Sabedoria da Roda Medicinal em minhas meditações, jornadas, e na minha vida. Durante parte do meu estudo, fui seguindo, principalmente, os ensinamentos da Roda Medicinal com base em Sun Bear – Keneth Meadows – Leo Rutherford – Dan Russel – Andy Hendersen – Jamie Sams – Anabelle Nelsen – Eagle Man e outros, minhas viagens de pesquisas e minha experiência pessoal. Tudo que escrevo e falo sobre a roda são recortes desses estudos e inspirações que somam todos os autores citados e outros que se fundem na Roda de Estudos de Xamanismo Voo da Águia.
No pensamento nativo, há bilhões de anos não havia universo, espaço e nem mesmo o tempo. No começo uma Grande Roda. A Avó Sagrada, útero do potencial de toda a Criação.
“Tudo” era “nada” até que houve o encontro com Grande Pai Céu.
Grande Pai é a luz que penetra Mãe Sagrada com suas sementes que explodiram (concentração de massa e energia), formando o Universo e as constelações. Os restos dessa nuvem cósmica, dessa explosão, formaram os planetas. Ele criou 2 energias opostas e complementares com as formas masculinas e femininas que podem, pelas suas diferenças, se atraírem e se repelirem. A energia feminina conhecida no taoísmo como Yin e a masculina como Yang.
No seguimento, três dimensões de existência começam . A consciência nasce na sua multiplicidade de formas. Agora podemos experimentar a vida que se manifesta por si própria. Tudo o que existe é parte de um todo e existem dentro do Círculo do Todo. No Círculo do Todo não há limites e nada pode estar fora do Todo. Temos dado a esse ‘Todo” vários nomes: Deus, Alah, Brahma, Wakan Tanka (Grande Mistério), Quetzalcóatl, Manitou, Tupã, Zambi, Obatalá, Criador, a Força e muitos outros nomes que unificamos na forma de um “Grande Espírito”, um Deus Universal.
No “xamanismo universal” acreditamos no Deus do Amor Universal, Pai e Mãe, amoroso e compassivo, que não pune, não castiga, não traz o sofrer. O Deus que nos inspira no Caminho da Beleza que se expressa em Toda a Criação, que quer nosso crescimento, como uma planta, e traz o amor mais profundo que pode existir. O Deus que nos deu um poder chamado “livre arbítrio”, o poder de tomarmos nossas próprias decisões, através da nossa vontade, o que traz responsabilidades e consequências.
Imagino um momento “Zero” da humanidade, quando nada existia, nem lugares, nem consciência. Nesse momento, quando planetas faziam um alinhamento, esse Todo teve a consciência que poderia criar. Após a “Grande Explosão” da consciência chega na existência o “Fogo da Luz” primordial, a Energia da Criação e junta-se com a escuridão. Tudo nasce através do escuro útero (feminino) e Tudo chega através da luz (masculino, semente, sêmen). Vamos compreendendo que somos Seres das Estrelas que trouxeram gases quentes e da Terra que tem concentração fria.
O Reino Mineral foi o primeiro, os Seres Pedras. O Povo Pedra ficou um longo tempo só, tem a experiência de observar as mudanças no planeta. Com o Povo Pedra, a consciência movia-se lentamente. Eles mantiveram juntas as estruturas do Planeta. Onde tudo é construído.
Com a luz chega o fogo, que expande e traz o vento que explode as energias condensando em gás. Da mistura dos elementos chega a água e desse em espiral de energia e chega a matéria. Com a criação da água chega o Reino Vegetal e o Povo Planta. Para trazer beleza para a vida eles crescem, produzem sementes e morrem. A renovação da Terra no inverno e o nascimento na primavera.
O Povo em Pé (árvores) seguram e mantém a superfície da terra, e com as plantas, a água do solo é absorvida. Durante o dia elas inspiram o gás carbônico usado na fotossíntese, expiram oxigênio e transpiram água, durante a noite inspiram o oxigênio disponível no ambiente e expiram o gás carbônico criando a atmosfera.
Na criação do Povo-Em-Pé, a consciência estava, naquele momento, envolvida em expressar a si mesmo na vida de forma estacionária. Crescia, frutificava e morria no mesmo local.
Criada a atmosfera, chega o ar que possibilita formas de vida, individuais, em separadas fontes de energia. Com a carne, pulmões, estômago, desenvolve-se o Reino Animal. Os nadadores, rastejadores, 4-pernas, alados, e pequenas criaturas que trouxeram o presente do movimento.
Com o Reino Animal, a Consciência ganhou veículos que permitiam transportar-se, acasalar e reproduzir, encontrar comida e abrigo e lutar, se necessário, pela sobrevivência. A consciência moveu-se em direção à liberdade com autodeterminação. O Reino Humano chega por último com o presente da auto-reflexão. São os que chegam para saber o “Eu Sou” e têm o presente da escolha da consciência e a obrigação da responsabilidade.
Com o Povo Humano, ou os Duas Pernas, a consciência foi envolvida para começar a conhecer a si própria, para ser capaz de considerar o propósito dos seres vivos e para fazer mudanças de direção. Humanos têm a habilidade para pensar, imaginar e criar estruturas fora de si mesmos.
A Roda Medicinal é uma dança. Estudando os passos da dança, são 36 posições de relacionamentos corretos, respeito humano, à todos os seres; à Todas As Nossas Relações – minerais, plantas, animais, espíritos que vivem na Mãe Terra. Cada posição da Roda afetará diretamente a você em algum ponto de sua vida. Ela resgata a conexão com todos os aspectos da vida, valores, virtudes, ajudando a entender traços do passado que influenciam no presente e no futuro.
Para iniciar e compreender essa visão de realidade, deverá deixar de lado idéias pré-concebidas, preconceitos, para deixar sua imaginação superar o físico e o intelectual. Permitir enxergar além das aparências para chamar novas aberturas e se conectar com intensas energias do Grande Mistério.
A meditação/visualização é o veiculo. O tambor os sons, a respiração, os movimentos; as vivências são os combustíveis. O Mistério é o condutor. Juntos proporcionam possibilidades para o caminhante ver, sentir, perceber, compreender a si próprio e sua vida e conectar a Sagrada Energia Pessoal com a Sagrada Energia do Universo.
Aprendendo mais sobre a Roda da Existência caminhamos em direção ao Espaço Sagrado do Grande Espírito.
Léo Artese