Festivais Sanzonais
Os ancestrais xamânicos celebravam as transformações ocorridas na natureza que eram chamados de festivais. Os Festivais Solares. Eles se preocupavam com o relacionamento da Terra com o Sol e com os aspectos instintivos, místicos e filosóficos que são inspirados por esse relacionamento em datas determinadas pela entrada do Sol em certos signos astrológicos. Os Festivais do Fogo aconteciam em datas fixas, marcando os pontos intermediários entre os solstícios e os equinócios.
Solstício de Inverno
O inverno é o começo do ciclo – o nascimento do Sol, trazendo de volta à luz, tirando-nos da escuridão. Passando do dia mais curto, os dias se tornam mais luminosos, e podemos olhar para o nosso interior e encontrar essa nova fonte de luz e de regeneração. É epoca do nascimento de Cristo, da Deusa Perséfone.
Os nativos norte americanos celebram a “Renovação da Terra”.
A noite anterior ao Solstício do Inverno é a noite mais escura, simbolizando a gestação no ventre, antes do nascimento. Podem ser feitos rituais , meditações, a fim de focalizar a luz em áreas específicas da consciência.
O Norte é a direção associada ao Inverno, ao Búfalo Branco. Período de purificação. Nesta data o sol renasce do ventre escuro da Mãe Terra, simbolizando a renovação das esperanças, novas promessas de alegria e realizações.
O Solstício de Inverno assinala o fim da vitalidade das manifestações do que foi plantado na primavera.
É um período que nós devemos livrar da madeira morta do ano e analisar o que é que não é saudável em nossas vidas e nos nossos relacionamentos.
Rituais de inverno devem refletir a purificação pesoal e o renascimento.
O entulho velho é queimado e utilizado para fertilizar o solo para o plantio de primavera.
O Solstício de final do ano marca também a Lua Cheia em Câncer, para afastar velhas ligações emocionais e mais equilíbrio e objetividade em nossa vida.
Solstício de Verão
À medida que a luz o Sol aumenta, aproximando-se da época do Solstício de Verão, é o dia mais longo do ano.
É o período para libertar forças escuras do nosso interior, de celebrarmos em conjunto e de nos prepararmos para o declínio da força solar.
O Sul (norte para o hem. Sul) é direção associada ao Verão. É a época do crescimento rápido, para se alcançar a plenitude com o Coiote.
Os rituais nessa época comemoram a fertilidade e a abundância da Terra, com uma semente de preparação para a escuridão que está adiante.
É um período de armazenamento e de celebração de tudo o que é bom na vida.
Nesse período podemos desejar cultivar e cuidar das coisas que ingressaram em nossas vidas de modo especial.
Rituais devem incluir uma celebração e uma apreciação dos presentes que recebemos em nossa vida
Equinócio da Primavera
Quando a força do dia e a força da noite tornam-se iguais, a Terra renova seu ciclo de nascimento e ressurreição.
As plantas enterradas no solo durante o longo inverno levantam suas cabeças, e as folhas aparecem nas árvores, o zumbido dos insetos enche o ar e as cores vivas das flores primaverís dominam a paisagem.
É tempo de recomeçar, de plantar sementes em nossos jardins, e sementes para o nosso próprio processo de crescimento durante o novo ciclo.
O que é importante para cada um de nós realizar no próximo ciclo, e como podemos iniciar a ação neste momento ?
A Direção Leste é associada à Primavera, à Águia, a alvorada e novos inícios.
O ovo também é um símbolo da primavera, o ovo de Páscoa é remanescente do ovo da Deusa, que foi aberto por uma serpente.
O ovo representa o nascimento e a incubação.
É a estação do plantio de novas idéias e do início de estudos que levam à iluminação espiritual.
O que se inicia nessa fase, num sentido ritual, começará a manifestar por volta do Equinócio de Outono
Equinócio de Outono
O período de dia e noites iguais marca o inicio do descanso do Sol, e a época da colheita, para ceifar aquilo que semeamos no Equinócio de Primavera.
A abundancia da colheita está presente, mas assim também o senso de preparação e do armazenamento para o frio e escuro inverno, e para a transformação da natureza.
É tempo de entrarmos em nosso interior e de nos prepararmos para sobreviver, física e espiritualmente, durante os meses de inverno.
O outono é simbolizado pelo Oeste, o Urso Negro e a meia-idade de nossa vida, quando fazemos uma introspecção a fim de procurar a sabedoria e conhecimento, equiparados ao inverno e a idade avançada.
No ritual de Outono, é importante que cada pessoa dê fim a algo que esteja deixando em sua vida, alguma emoção ou padrão de hábito que deseja que morra nessa época. Após isso, poderá fazer preces de gratidão pelo que lhe tenha sido dado através da colheita e da abundância da Terra.
É o período da colheita, quando podemos reunir as recompensas por nossos esforços.
Num ritual, é de bom tom trabalhar a imaginação mental e as novas idéias para o próximo ano. Nossos desejos e imagens surgirão como novas sementesquando da chegada da primavera.
A trajetória anual do Sol, que no inverno desaparece e no verão renasce, simboliza o ciclo da vida, morte e renascimento.
Os ciclos básicos da vida permanecem os mesmos, mas os medos, as dúvidas, as doenças,o desânimo, aumentaram.
O Universo se move harmonicamente em ciclos, assim como nós movemos o sentido de quem nós somos realmente, com o passar do tempo. O pensamento ancestral, sempre teve a consciência da vida e da morte como um ciclo sem fim.A Terra é ligada ao Universo como parte de um organismo vivo, celebra seus términos e começos, através da dança das estações. Hoje, a maioria dos humanos aqui na Terra, não celebra adequadamente seus começos, términos, pontos de transição. A maior parte que ainda celebra, geralmente, o nascimento (batismo), o casamento, e o rito de morte. Muitas inícios e finais, ficam vagando pelos anos, arrastando pedaços do passado que deveriam ser enterrados. São pesos carregados que dificultam o caminho e não possibilitam o coração estar “por inteiro”.
Passagens como : puberdade, menopausa, separações, divórcios, mudança de trabalho, término de um tratamento ou terapia, cura, aborto, novo relacionamento, aposentadoria, ter sido roubado, abusado, mudança de casa ou cidade, etc. podem e devem ser incluídos também.
Todos os principais estágios da vida precisam ser claramente marcados, principalmente no tempo tão desafiante que vivemos. Voltar a fazer rituais de passagem é um caminho para fortalecer a crença na ligação com a Teia da Vida. Atualmente precisamos mais do que nunca desses rituais, mais ainda do que nossos ancestrais do passado.
Muitos vivem, atualmente, com uma sensação de separação, de isolamento, um sentimento de que deva existir um sentido maior na vida. Os rituais podem trazer a consciência de somos apenas um “microcosmo”, de que somos parte de “algo maior”, de que somos filho da Terra, parte de uma Terra Viva, de um organismo. Podemos, a cada ritual de passagem, sentir o Sagrado, perceber novas dimensões, de obtermos a profundidade e o sentido que está faltando em nossas vidas.
O ritual permite uma reconexão com o “Mistério da Vida”, com forças visíveis e não invisíveis, que permeiam a nossa existência, em níveis sutis. Sentindo e compreendendo essas energias nos tornamos “unos” com o Universo, recuperando o equilíbrio dentro de nós mesmos.
Para praticar rituais de passagem, entretanto, requer coragem, visão, confiança e que acreditemos em nossa capacidade para mudarmos os nossos valores, e assim nos ligamos à uma força maior do que nós, que está preocupada com o nosso bem estar.
Praticar festivais sazonais, permitem, ao buscador, compreender melhor a linguagem do inconsciente, uma comunicação no nível mais profundo de seu próprio ser. O festival cria uma atmosfera sagrada que nos faz ir além do racional e nos modificarmos profundamente através do amor e da gratidão, possibilitando a obtenção de resultados além do esperado.
As práticas sazonais são muito mais do que o simbolismo, é uma forma de revivermos a ordem natural da vida, aumentar nossa consciência ecológica, proceder mudanças, reafirmar nosso compromisso com a vida.
Os solstícios e equinócios não se relacionam diretamente com a adoração de deuses, e sim com a própria vida natural, portanto, seja o praticante de qualquer religião, poderá expressar gratidão pelas dádivas da luz e beneficiar-se desse relacionamento do Planeta com o Cosmos.
Todos os seres vivos são sensibilizados pelos campos magnéticos e elétricos da Terra. Esses campos mudam com a alternância dos ciclos diários e anuais, de acordo com a posição do Sol e da Lua. Nossos corpos são regidos por esses ciclos, a temperatura corporal aumenta e diminui afetando o metabolismo, respiração, o fígado, digestão, ritmo cardíaco e outras funções biológicas. Também sentimos no apetite, na disposição, no sono, na sexualidade, nos humores, etc. Observa-se, por exemplo, no inverno, um padrão de depressão e no verão euforia.
É muito importante saber que a cada dança das estações têm um começo, meio, fim e a sabedoria consiste na compreensão de que tipo de ações são apropriadas para cada fase. O que é bom para uma época, pode ser destrutivo em outra.