Física Xamanica
*FISICA XAMÂNICA E REALIDADE MÍTICA*
*Fred Alan Wolf*
As ondas quânticas são invisíveis. São indutos do pensamento humano necessários ao nosso mundo moderno para permitir a compreensão da matéria atômica e subatômica. Sem embargo, ainda que cremos nelas, não as temos observado realmente. São parte de um sistema físico mítico. Por mítico que sejam, são vitais. Sem elas não há como compreender o universo.
Num sentido real, as ondas quânticas são fantasmas no seio de uma maquina da realidade.
Para os físicos sua existência é parecida com a existência de espíritos para os xamãs.
Atualmente poucas pessoas do mundo moderno crêem nos espíritos do xamanismo. Os xamãs veem o mundo de um modo distinto. De algum modo os xamãs são capazes de observar o mundo através de mitos e visões que em princípio, parecem contrários às leis físicas. São capazes de observar além da barreiras habituais que reprimem nossas mentes ocidentais. Em que consistem as visões dos xamãs ? Como se criam ? Estas visões xamânicas configuram a base para nossos mitos e histórias?
Suspeito que no nível mítico da realidade, desde que foi escrito durante milênios, pode falar-se nas percepções dos xamãs sobre passado e futuro. Talvez em cenas míticas, visto que essas cenas são superposições de acontecimentos tomados dos passados e futuros da cultura.
Como alguém pode ver o futuro? Tenho algumas ideias a respeito. Escrevi algo em meu livro : Universos Paralelos. Resumindo, segundo a interpretação transacional da física quântica, estas ondas de probabilidade quântica invisíveis se originam no presente, no passado e futuro. Para que se manifeste qualquer acontecimento, estas ondas provenientes do futuro e do presente, do passado e presente, devem interferir uma com as outras no presente.
O padrão dessa interferência cria então, a matéria e a energia tal como percebemos.
De algum modo os xamãs são capazes de ver tanto as fontes passadas como futuras destas ondas.
Desta forma são capazes de construir visões que tenham, proporções míticas e aparecem ante a eles como arquétipos no sentido junguiano.
Todos nós sonhamos. Segundo Jung, em muitas ocasiões nossos sonhos estão cheios de imagens arquetípicas. Por exemplo, todos nós temos sonhado algumas vezes que voamos pelo ar, sem nenhum tipo de instrumento mecânico. Suspeito que os xamãs são capazes de alterar a sua consciência invocando à vontade imagens arquetípicas.
Creio que todos temos essa capacidade, mas para isso necessitamos aprender a alterar nossa consciência, um tema delicado para nós.
Algumas culturas tem utilizado, através da história, de substâncias que alteram a mente como guia visionária e espiritual .
Nossa cultura parece ter perdido o propósito que se manifesta como desejo por drogas e álcool.
Os xamãs percebem a realidade em estado de consciência alterada. Penso que se requer um papel para a consciência ordinária em qualquer modelo correto da física quântica. Nada pode escapar ao efeito do observador; em todo o momento há a eleição do observador para medir uma propriedade particular de um sistema de força e emergir um estado de probabilidade real. Isso é um ato de observação de um acontecimento quântico. Então, a consciência é capaz de ser compreendida, possivelmente do mesmo modo que entendemos a matéria, por meio da física quântica.
Assim, os xamãs se movem em distintos e amplos estados de consciência. Talvez os xamãs manipulem a matéria e a energia mediante certo poder observador quando estão num estado alterado de consciência.
Seguindo a senda que nos proporciona o efeito de observador, surge outra hipótese : os xamãs utilizam qualquer estratégia para alterar a crença de seus pacientes acerca da realidade. O velho provérbio diz “ver para crer”. A realidade xamânica dá uma volta : A gente só vê o que crê.
Os xamãs podem trabalhar no cerne das estruturas das crenças de um paciente com o fim de colocá-los além delas. Na hora de curar um paciente difícil, podem criar um truque com o fim de alterar as fixações.
Comprovei que alguns xamãs utilizam alguns truques, mas esses truques não são o que parecem para ascéticos. pelo contrário, talvez o truque é o efeito do observador em ação.
Tanto o xamã como a pessoa curada devem estar convencidos de que os poderes xamânicos existem, ainda que se utilizem truques com pacientes particularmente difíceis.
Fred Alan Wolf é um físico quântico que viajou nas asas da Ayahuasca, aos reinos do inconsciente humano e no mundo dos xamãs.
Seu livro “The Eaglés Quest” narra sua apaixonante viagem, descrevendo as diversas cerimônias que participou, e descobrindo verdades científicas no mundo do xamanismo
Vamos seguir com seu texto :
” Uma outra hipótese : os xamãs elegem o que é fisicamente significativo e vêem todos os acontecimentos como universalmente comunicados. A chave parece estar em como escolhem a a realidade que percebem como verdade. A resposta é que elegem prestar atenção àqueles acontecimentos de suas vidas que consideram significativos. Mas, o que significa isto ? O que é significativo ? Existe uma significativa quântica no significativo ?
Creio que o significado surge como a relação entre os acontecimentos, e o que alguns xamãs podem experimentar como uma relação entre dois acontecimentos quaisquer, como se fosse os fios de uma teia de aranha.
Os xamãs anglo-saxões veem o universo como uma gigantesca teia de aranha vibrante.
Alguns físicos como David Bohn, veem o universo como um holograma. Talvez o holograma e a teia de aranha são os mesmos, à partir de distintos pontos de vista culturais.
Uma teia de Aranha é formada por fios vibrantes. Um holograma é formado por ondas de luz, vibrações de energia. Ao capturar as ondas de luz do laser que se emitiram desde uma cena que continha objetos, e ao faze-las com ondas de luz pura de referência, apanha-se a informação e congela em uma emulsão de película. Quando a outra onda de referência volta a emitir sobre a película, vê-se a cena original em três dimensões.
Bohm denomina o holograma na ordem na ordem desencadeada. esta ordem normalmente é visível mas, já contém todos os fenômenos possíveis que podem ser experimentados. Quando se produz uma experiência, a ordem varia. A esta nova ordem se denomina ordem manifesta.
Visto que o manifesto é o que se observa.
Outra hipótese levantada por Wolf é: “os xamãs penetram mundos paralelos. Segundo uma interpretação da física quântica denominada a “Interpretação de Mundos Múltiplos”, existem outros mundos presentes que afetam nosso mundo. Por mundo, entendo um conjunto de experiências que têm lugar numa região do espaço em um dado período de tempo.
A região espacial pode ser muito grande ou muito pequena; tão grande como uma casa ou tão pequena como uma fibra muscular. Podem ter lugar no cérebro e no sistema nervoso.
De um modo semelhante, o intervalo temporal em que sucedem as experiências podem durar dias ou serem curtos como milésimos de segundos; o tempo que se necessita para enviar um impulso neuronal.
Portanto, o mundo que normalmente experimentamos é realmente uma realidade múltipla, um composto de muitas outras realidades.
Algumas delas são muito prováveis, e portanto, se temos acesso a elas, não observamos a diferença de uma à outra.
Estas realidades indistintas formam o que chamamos nossas experiências passadas, comuns, nossas recordações. A dita realidade múltipla, composta de realidades simples não diferenciadas, a chamamos, simplesmente, realidade : “o mundo tal qual o vemos”.
Mas, algumas dessas realidades indistintas não são tão prováveis. Normalmente não lhes damos atenção.
Por assim dizer, está fora dos caminhos trilhados. Quando as experimentamos, decidimos que temos acesso a uma realidade, o conjunto de experiências extraordinárias.
Estas realidades extraordinárias implicam processos que não são muito comuns, e nasceram no seio da nossa realidade comum, diríamos que as leis da física clássica seriam violadas. Mas, na física quântica devemos ter em conta estas estranhas realidades, com fim de explicar de um modo adequado os processos atômicos e moleculares mais simples.
Os xamãs são conscientes de um número de distintas, e improváveis, realidades paralelas. Estas incluem experiências fora- do- corpo, mudança de forma, transformação em animais, viagens através do tempo (passado ou futuro). Creio que suas realidades não-ordinárias, ou mundo paralelos, são similares ao que foi descoberto pela física.
Wolf percebia que havia algo parecido com uma base de física quântica para interpretar como curava o xamã :
– Consistia em vibrações quânticas, o efeito do observador e mundos paralelos.
Todos juntos equivaleria a arte de curar dos xamãs ?
Era capaz de construir um modelo ?
Este modelo devia explicar como o xamã e o paciente alcançam juntos um estado alterado de consciência.
Para construir um modelo necessitava de outra hipótese :
“todos os xamãs trabalham com uma sensação de grande poder”.
Qual era o grande poder e como se manifestava ? Sabia que os xamãs viam-se a sí mesmos como parte de um grande Universo-Mãe. Tinham a sensação de que eram capazes de sintonizarem-se com um grande poder, quem sabe a Mente de Deus.
Eram capazes de reconstruir a realidade usando esse poder.
Mas, da onde vem esse grande poder ? Certamente todos podemos falar de um grande poder associado com o Céu e o inferior associado ao inferno. Mas, tenho a suspeita que os xamãs manejam poderes que estão entre os extremos.
Tenho a ideia que : o grande poder que experimenta provém de algum lugar do “intermédio”; a terra mesmo.
Os xamãs são, em certo sentido, materialistas. Utilizam o planeta para melhorar seus poderes mágicos e de cura. Talvez utilizar seja uma palavra muito forte.
Comunicam com nosso planeta utilizando plantas sagradas e vivendo na cercania de lugares sagrados.
Na realidade, suspeito que os xamãs obtém seus poderes a partir das plantas sagradas e lugares sagrados.