Guia do Participante do Santo Daime – Introdução

MENSAGEM DO PADRINHO ALFREDO

A educação espiritual do CEFLURIS, que veio através do Mestre Irineu e do Padrinho Sebastião, engloba muitas tradições, valores e ensinamentos espirituais materializados neste século XXI, que estamos vivendo ainda hoje,
graças a Deus! Foi na passagem da década de 20 para 30 que o Senhor Raimundo Irineu Serra teve a visão de uma Senhora que lhe apareceu numa grande luz, em forma de lua, dentro da floresta. Nesta visão Ela se declarou
como sendo a Virgem da Conceição, a Rainha da Floresta, Dona dos ensinos desta linha espiritual.

Ordenou que ele prestasse toda atenção ao trabalho que fazia e meditasse sobre os ensinamentos que viriam após ele praticar uma receita recebida na mesma visão. O Senhor Irineu deveria fazer, então, um jejum de oito dias comendo apenas macaxeira sem sal e chá sem açúcar enquanto bebesse o Daime para receber mais instruções. Nessa época, ele trabalhava com os caboclos peruanos que se achavam na luta do cotidiano sem conhecer a si mesmos e a natureza divina da criação. Foi durante esse período de jejum que Raimundo Irineu Serra recebeu o grande ensinamento que está contido no seu próprio hinário que leva o nome de O Cruzeiro.

É por isso que o hinário do Cruzeiro deve ser ensaiado e estudado com toda a atenção pois essa é a mensagem da Rainha da Floresta. Foi ordenado também que a expansão dessa Doutrina, desses ensinamentos, fosse feita
com todo o cuidado e respeito à Divindade Criadora do céu e da terra. Pois é ao adquirirmos o respeito ao humano e à natureza que tomamos possível o caminho de volta para o Pai. Este caminho leva à compreensão de que a vida
precisa existir junto com a saúde, o bem-estar e a salvação do espírito. Essa é uma contribuição da cultura da região amazônica.

O CEFLURIS é uma universidade espiritual e eclética, universal e reconhecem como um Centro irmão e capacitado para ajudar no desenvolvimento espiritual de todos aqueles que assim o desejem. A expansão dessa Doutrina está hoje sob minha responsabilidade como herdeiro que sou dessa Escola de Raimundo Irineu Serra e Sebastião Mota de
Melo. Estou zelando pelo bom andamento da Doutrina, dos valores, dos milagres e das curas que vêm a partir do nosso Divino Sacramento, o Santo Daime.

Já ao nível material, estamos organizando legalmente todos os nossos filiados e registrando os nossos centros e comunidades do Brasil e do exterior. Tudo de pleno acordo com a lei de seus respectivos países e também de pleno
acordo com as exigências burocráticas e de documentação. Estamos facilitando essa organização aos irmãos que nos solicitem e àqueles que têm nos convidado a visitar os seus grupos ou comunidades, a fim de que eles possam melhor desenvolver a sua missão e se expandir da forma mais natural possível.

Esta caridade divina se deve ao Padrinho Raimundo Irineu Serra, ao Padrinho Sebastião Mota de Melo, a Madrinha Rita Gregório de Melo e ao CEFLURIS, na direção do seu Presidente Alfredo Gregório de Melo.

Declaro esta verdade a quem possa interessar e desejar.
De graça recebes, de graça darás.
Com harmonia, amor, verdade e justiça, união e paz. Esta é a mensagem

Alfredo Gregório de Melo
Presidente 

MENSAGEM DO PADRINHO ALEX POLARI

O ritual de uma doutrina viva é um guia, um mapa simbólico que nos ajuda a percorrer com maior facilidade os intricados caminhos do conhecimento espiritual. Uma vez fossilizado, tanto o ritual quanto a doutrina podem se tornar um entrave, uma autêntica camisa de força para os seus participantes. Por isso mesmo é que devemos evitar os extremos tanto de ignorarmos as prescrições tão sábias da tradição como a fossilizarmos a ponto de ficarmos presos a fórmulas ocas e exteriores.

Nesse sentido deve haver sempre um zelo e um respeito em relação àquilo que foi prescrito pelos mestres, sem que isso impeça a tradição de manter o conteúdo de sua mensagem atual e útil para as diferentes necessidades de
cada época. O perigo está, portanto, nos dois lados. O Padrinho Sebastião costumava dizer que “espiritualidade é respeito”. Algumas pessoas encontram dificuldade de aceitarem ou compreenderem as normas de ritual, porque não gostam de se submeter a nenhuma escola ou disciplina. Mesmo reconhecendo que existam pessoas nas quais a espiritualidade esteja acima de quaisquer convenções, acreditamos ser necessário se valer de algumas práticas, ritos e símbolos para galgarmos os diferentes degraus da vida espiritual.

É bom alertar igualmente que o simples enunciado e descrição de nossos rituais apresentados neste texto, que visa o estudo e o aperfeiçoamento do nosso trabalho, não concede nenhum poder especial aos nosso leitores, de tal modo que eles possam se sentir capazes de virar um dirigente espiritual da noite para o dia, pensando que basta para isso recitar as passagens de um manual. Sem dúvida, como já mencionamos, esse pequeno livreto pode prestar uma ajuda inestimável para todos que trabalham nas diversas frentes de nosso atendimento espírita. Mas sua leitura e aplicação não substituem o árduo aprendizado, o amor e a caridade e as virtudes éticas que só são possíveis
através de uma vida dedicada à evolução espiritual. Em última análise o nosso ritual deve ser fruto de uma consagração. O cenário do nosso ritual deve ser um espaço sagrado. Nele cantamos, meditamos, canalizamos energias, irradiamos energia e nos curamos.

Padrinho Sebastião, a partir de uma palavra que ele escutou do próprio Mestre seus preceitos, princípios e normas. Parece que o olho profético do nosso Padrinho já enxergava longe e ele sentiu como esta organização seria necessária para os “tempos vindouros”, como ele costumava chamar o tempo futuro de expansão e crescimento de nossa Doutrina da Floresta para o mundo. Pois bem, os tempos vindouros já chegaram, estamos vivendo nele e este
trabalho de sistematização cada dia se torna mais necessário.

DOUTRINA SANTO DAIME

O Santo Daime é ao mesmo tempo o nome desta Doutrina Xamânica Brasileira e do sacramento vegetal muito conhecido pelo nome quéchua Ayahuasca, batizado por inspiração divina por nosso fundador, Raimundo Irineu Serra de Daime, o Mestre Irineu, de Daime, que é a própria inflexão do verbo divino “DAR”, Daí-me amor, Daí-me Luz, Daí-me saúde….. De uso bastante difundido entre povos indígenas da Amazônia Ocidental, a bebida é obtida pelo cozimento de duas plantas nativas da floresta tropical, o cipó Jagube e a folha Rainha. Nascida na Floresta Brasileira é uma Doutrina espírita, cristã ,eclética, ecumênica. Reúne tradições do oriente e ocidente, caboclas e indígenas. Como um movimento religioso nós casamos, batizamos nossos filhos, nos religamos mantemos uma ligação profunda com a floresta e o meio ambiente. Aumenta a nossa fé em Deus e no Universo, e amplia nossa resistência e coragem para que possamos atravessar as marés naturais da vida e para curarmos nosso corpo. Socialmente trabalhamos o ideal de uma comunidade espiritual autossustentável e ecologicamente correta. Aprendemos a ser irmãos e a conviver cada um com suas diferenças.

Também é um caminho de auto-conhecimento e uma “Escola Espiritual” permitindo uma experiência direta com a divindade ampliando os sentidos, e percepção para que possamos conhecer melhor as nossas sombras, nossos talentos, nossas potencialidades Como começou ?

Em 1930 com o seringueiro maranhense Raimundo Irineu Serra. Negro alto com 2 metros de altura, filho do ex-escravo Sancho Martino e Joana Assunção. Integrou a Comissão de Limites entidade do Governo Federal, que delimitava as fronteiras entre Acre, Bolívia e Peru, órgão esse, comandado pelo Marechal Rondon. E foi o próprio Rondon, que nomeou Irineu a Tesoureiro da Tropa (cargo de confiança).

Ao voltar para o seringal ele faz amizade com Antonio Costa que o leva para conhecer o trabalho de um xamã peruano com o nome de Dom Pisango que lhe apresenta a bebida. De volta a cidade Mestre Irineu obteve uma revelação, uma visão de uma mulher que o orientou a fazer uma dieta na mata por oito dias apenas comendo mandioca cozida sem sal, abster-se de álcool e sexo. Após a dieta, ao tomar novamente a bebida, a visão da mulher apareceu novamente. Apresentou-se como a Rainha da Floresta, que Mestre Irineu compreendeu ser a própria Nossa Senhora da Conceição, a Padroeira da Doutrina Santo Daime Sr. Luis Mendes, contemporâneo do Mestre Irineu, conta que numa das aparições da Rainha da Floresta, ela disse que lhe ensinaria a preparar uma série de garrafadas, para vários tipos de doenças, e o Mestre lhe suplicou: Mas, Minha Senhora! Não dá para colocar os poderes de cura das ervas juntos nessa bebida? E, a Senhora atendeu o seu pedido.

A fama de curador do Mestre Irineu, espalhou-se pela cidade do Rio Branco, era procurado por pessoas das mais diversas condições sociais, culturais. Foi filiado ao Centro da Comunhão do Pensamento, onde recebeu honrarias, e também filiado à Antiga Rosa Mística Rosacruz. Mestre Irineu ainda realiza curas na doutrina. Deixou mensagens canalizadas através de um conjunto de hinos (hinário) inspirados pela Rainha da Floresta e Seres Divinos. Canções de poder que transmitem com uma linguagem simples e poética cabocla, os ensinamentos bíblicos. Ele é a célula-mater. de várias instituições ayahuasqueiras organizadas em vários pontos do país e do mundo. Fundou a Doutrina que prega a Harmonia, o Amor, a Verdade e a Justiça. Um legítimo legado xamânico brasileiro, nascido onde temos a nossa maior força: Nossas Florestas. A Doutrina, por ser eclética, permite estudos esotéricos, práticas orientais, trabalhos de desenvolvimento mediúnico, de cura, estudo da umbanda, 8 xamanismo, etc., de acordo com os conhecimentos dos dirigentes dos centros, sem entretanto, comprometer o calendário deixado pelo Mestre Irineu. O uso do Santo Daime como sacramento obedece a normas de ritual recebidas por inspiração divina pelo Mestre Irineu e pelos seus discípulos. Houveram outros homens na Amazônia que, através da inspiração gerada pela Ayahuasca, criaram escolas e linhas espirituais tais como o Mestre Gabriel da União do Vegetal e Frei Daniel da Barquinha, que conheceu o Daime através de Mestre Irineu.

Nossa instituição foi fundada pelo seringueiro e construtor de canoas, o amazonense Sebastião Mota de Melo, kardecista. curador conhecido antes de conhecer o Santo Daime, que através das mãos de Mestre Irineu conheceu o Daime, curou-se e tornou-se seu discípulo. Com o falecimento do Padrinho Sebastião em janeiro de 1990, é sucedido pelo seu filho o Padrinho Alfredo Gregório de Melo. Padrinho Sebastião Mota de Melo Sebastião Mota de Melo, nascido no Seringal Monte Lígia em 1920, desde cedo demonstrou propensão para fazer viagens astrais e ter visões dos seres encantados da floresta. Começou sua carreira de curador e rezador nos ermos do Vale do Juruá. Desenvolveu-se mediunicamente na Doutrina Espírita através de seu compadre Oswaldo, que era kardecista.

Mudou-se para Rio Branco com a família em 1957, onde levava uma vida de colono e atendia doentes do seu círculo de parentes, compadres e afilhados. Foi um homem simples, de sólida convicção espírita e trabalhador incansável. Discípulo do Mestre Irineu, recebeu deste o dom de expandir o Culto do Santo Daime por todo o país e além de suas fronteiras. Em 1974 mandou registrar sua entidade religiosa e filantrópica, denominada Cefluris – Centro Eclético da Fluente Luz Universal Raimundo Irineu Serra, sociedade sem fins lucrativos responsável pelo trabalho espiritual desenvolvido com a bebida sacramental denominada Santo Daime. Em 1980 transferiu a comunidade, que vivia nos arredores de Rio Branco, para uma área virgem no interior da floresta, denominada Seringal Rio do Ouro.

Em 1982 fundou o assentamento que hoje vem a ser a Vila Céu do Mapiá, onde foi um incansável trabalhador, tanto na parte espiritual como material. Narração do Padrinho sobre a primeira vez que foi tomar Daime, na Igreja do Mestre Irineu, ele encontrava-se doente : Evangelho Segundo Sebastião Mota – Depois que me deram a idéia de ir até lá (Daime), voltei para casa, no outro dia me arrumei e fui. Tinha um serviço de concentração. Cheguei lá falando com ele (Mestre Irineu) que me encontrava nesse estado, doente e desenganado. Ele olhou para mim e me perguntou se eu era homem. Eu  respondi para ele que não sabia. Ou melhor, que em certos pontos eu era um homem, mas sobre aquele trabalho ali, que eu não conhecia, eu não ia dizer que era, porque não sabia, não é? Eu sei que eu sou assim, desse jeito – disse para ele -, mas não sei se sou homem, homem mesmo, porque isso não é qualquer pé-rapado não. Ele me disse: ” Se você for homem, entra na fila, tome o Daime e depois venha me dizer alguma coisa”. Tudo bem. Fui. Tomei o Daime, fui lá para o meu cantinho e sentei. Passou um tempinho e começou aquele negócio, e eu já fui criando medo, me levantei e saí bem devagarinho, porque era uma concentração e estava todo mundo concentrado. Eu saí andando na pontinha do pé, quando cheguei bem perto de onde a gente toma o Daime, o Daime me deu um assopro assim que eu achei tão fedorento! Voltei para trás! Quando vou chegando no banco, uma voz falou: ” O homem perguntou se você era homem e você até agora só fez foi gemer! ” Bem, aí o corpo velho foi abaixo. Ficou lá no chão. E eu, já fora do corpo, fiquei olhando para aquele bagulho velho estendido, que era eu.

De repente se apresentam dois homens que eram as duas coisas mais lindas que eu já ví na minha vida. Resplandeciam que nem fogo. Aí eles pegaram e sacaram o meu esqueleto todinho de dentro de toda aquela carne, sem machucar nada. E vibravam tudo de um lado para o outro. E eu do lado de cá, olhando tudo o que eles faziam. Tiraram tudo o que era órgão, um deles ficou segurando o intestino com as mãos. Pegaram uma espécie de gancho, abriram, partiam e tiraram três insetos do tamanho de uma unha, que era o que eu sentia andar para cima e para baixo. Aí um deles veio bem pertinho de mim, que estava sentado assim do lado do corpo, que continuava estendido no chão, e disse: ” Está aqui. Quem estava te matando eram esses tares bichos, mas desses você não morre mais.” Aí eles fecharam e pronto! Você vê algum remendo? Não tem. Graças a Deus fiquei bonzinho, igual a menino. – Já no dia seguinte estava bom? (perguntaram) – Estava bonzinho. – Foi a primeira vez que o senhor tomou Daime? – Foi. A primeira vez. E aí, meus filhos, desembolou. E desembolei mesmo a ter conhecimento das coisas e fui indo…. Até que hoje eu tenho o conhecimento. Não falo à toa.

Relato do Padrinho Alex Polari : Foi dessa forma que o Padrinho Sebastião se encontrou com o Santo Daime e com seu Mestre. Desse encontro floresceu uma obra espiritual que vem perdurando até hoje. Sempre que eu ouvia o Padrinho fazer o relato de sua própria cura, transparecia em suas palavras que a certeza no poder do Santo Daime e a confiança no Mestre Irineu foram instantâneas, desde a primeira vez que tomou Daime até o último dia de sua vida. 10 Quando reassumiu seu corpo – relembra – , levantou-se do chão e bateu a poeira, não só estava curado como tinha chegado ao ponto final da sua procura. Sebastião Mota, que já trouxera essa predestinação dos tempos de criança, quando tinha visões, depois de atuar como “doutor” do Juruá em seus primeiros passos de trabalho espiritual e de liderar uma banca espírita com os amigos e parentes da Colônia 5.000. O Mestre o acolheu e o reconheceu como um dos seus principais colaboradores. Sebastião não era qualquer um: já era homem de uma bagagem espiritual significativa, já tinha seu pique traçado.

Agora o ramal encontrava-se com a via principal. Alfredo Gregório de Melo Um dos filhos de Sebastião Mota, indicado por ele ainda em vida para ser seu sucessor espiritual e principal responsável pela continuação da sua obra. Ainda na década de 70, assumiu a administração da Comunidade Cinco Mil, então um grupo de famílias de colonos que se agrupara em torno da figura carismática do seu pai. Sob a direção de Alfredo, a Colônia Cinco Mil se tornou uma comunidade muito bem organizada, contando com aproximadamente umas trezentas pessoas. A partir do começo da década de 80,o Padrinho Alfredo esteve à testa da implantação da comunidade no Rio do Ouro, onde a comunidade permaneceu durante dois anos. Foi a partir da sua gestão que se consolidou o crescimento do movimento daimista por muitas cidades brasileiras e também para o exterior. O Padrinho Alfredo tem como suas principais atribuições institucionais as de presidente do Conselho Superior Doutrinário e superintendente-geral do Instituto Social e Ambiental Raimundo Irineu Serra. Alfredo tem se dedicado ao desenvolvimento dos projetos da Vila Céu do Mapiá, viagens pelo Brasil e ao exterior e ao projeto de construção de um novo

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