Mais sobre a Primavera – 3 parte
Parte 3
O corpo mental cede espaço para o corpo espiritual
Na Roda Medicinal dos nativos norte-americanos, a primavera é a hora de Wabun, o Espírito guardião do Leste .
Momento da prosperidade, de tudo o que têm a ver com crescimento. Para melhorar comunicações, interações de grupo, fertilidade e abundância.
Estamos dizendo até breve ao Inverno, do Sul, do Búfalo Branco, dos poderes de limpeza, da renovação e da purificação; e dando boas-vindas , à primavera, ao leste, à Águia Dourada, aos poderes da claridade, da sabedoria e da iluminação.
Que o “Espírito da Primavera” traga a época de novos crescimentos para todas as crianças da terra. Novidade, entusiasmo e criatividade. É a época de novos rebentos, da luz que vem após cada escuridão, do brilho que veremos após ter saído do limbo. Aqui eu peço meu renascimento, aqui nesta época onde todas as coisas são possíveis. Tempo de despertar.
Kenneth Meadows, exemplifica :
Como nós sabemos quando estamos determinando com o Espírito ?
Nós determinamos com o Espírito quando seguimos o que o coração quer que façamos, porque a verdade do coração é a voz do Espírito. Nós damos com o coração e determinamos com o espírito.. O “Caminho do Coração” ou o “Belo Caminho”, é o jeito de amar que não tira partido ou vantagem dos outros para interesses próprios, mas os inclui nas vantagens que recebemos. O modo nativo considera que devemos ajudar uns aos outros para a Terra permanecer na Beleza.
“As leis que são formadas pelas atividades da mente, e nos designa a estabelecermos e a salvaguardar princípios ( que assim como vemos, são atividades do espírito) . É possível determinar a aplicação de algumas leis com a mente para manter a letra da lei e segui-la literalmente, mesmo sendo contrárias à intenção do espírito.
Nós viajamos através da vida com nossos próprios passos, fazemos nossas escolhas, e determinamos o caminho de como usar nossas energias na coreografia da vida na Terra.Nós somos, portanto, produto de nossa determinação e criadores das circunstâncias. Não somos meros robôs.
Segundo Meadows, no entendimento dos Quatro Ventos, o índio concluiu que o homem é composto de todos os outros reinos. Ele é carne, sangue, ossos e essência, e as águas do corpo, contém vida do mundo mineral, vida das plantas, das frutas, sementes e dos animais. O homem não é meramente uma parte do mundo físico. O mundo físico que inclui minerais, plantas e animais, é literalmente parte do homem. O homem é uma miniatura do sistema solar, um microcosmo do Universo.
O fogo, elemento associado à primavera é associado ao plano espiritual da existência, que não pode ser sentido pelos olhos, pelos ouvidos ou pelo toque e sim pelo coração. É uma experiência de amor, não do amor que permite excessos, mas do amor que é dado a si mesmo.
A primavera, como momento da claridade e iluminação, nos inspira a buscar um significado para a vida. Buscar a luz interior que dá clareza ao caminho. Tornar essa busca prazerosa, desafiante, na constante prática das virtudes e assim entrar no mundo da beleza e de qualidades que trazem alegria.
No xamanismo celta o Equinócio (o dia e a noite com a mesma duração) de Primavera é chamada por Ostara. Segundo M. Faur no Anuário da Grande Mãe, este Sabbat é de renovação, expectativas e esperanças e coincidia com outras celebrações antigas como as festas de Isis e Osíris, de Cibelle e Attis, de Astarte, de Demeter e Perséfone e de Athena, entre outros.
Voltando para examinar a Teia da Terra, mesmo as pessoas que nascem no mesmo lugar, no mesmo dia, na mesma hora, com influências e qualidades similares, não são idênticas. Embora tenham o mesmo totem, o totem é uma indicação móvel, flutuando no Cosmos por si mesmo, governado por nossa própria dinâmica interna. Então, duas pessoas do mesmo totem podem dividir experiências similares. O efeito é determinado pelo grau de exposição às influências e o nível de nossa reação. O Espirito que o índio define como a Essência da Entidade Real. O Espírito é a Essência real.
O índio não só aceita a realidade de uma vida após a morte, como também na vida antes do nascimento. A Natureza era sua testemunha para comprovar essa verdade. Antes de cada vida, damos um forte salto na primavera. Há vida antes dela e depois. Cada vida é como uma forma de produzir sementes para a auto-perpetuação. A vida passa. Isso é a Lei Cósmica.Se ele acompanha a vida que há depois da morte, existe também a vida antes do nascimento? O índio foi além desse conceito, crendo que as sementes que agora plantamos são para a próxima vida. As sementes da próxima vida estão sendo preparadas na vida presente que estamos vivendo. Em outras palavras : Não há como escapar da consequência de nossas ações. Cedo ou tarde o passado reaparece para nós.
Tendo a consciência da existência antes de nascer, porque não nos lembramos ? Porque iniciamos cada vida com um disco em branco de memória. O novo disco é inserido no drive a cada nova vida. Mas o disco rígido ainda retém informações no banco de memória do nosso “Eu Inconsciente.
ÁGUIA E A PRIMAVERA
A águia é um dos maiores e mais admirados pássaros predadores. Ted Andrews, em Animal Speak, cita a águia como fonte de inspiração para muitas sociedades. Sua habilidade para voar a grandes altitudes e caçar, maravilha e pasma àqueles que testemunham.
Águias de fato, são muito boas para conseguir comida, ela passa pouco tempo caçando. O fato de serem boas caçadoras no chão e voar a grandes altitudes, reflete muito sobre o significado totêmico das águias. Cada sociedade que tem contato com águias, tem desenvolvido uma metodologia mística sobre elas.
Na tradição asteca, um chefe disse que o povo assentou-se no lugar onde havia uma águia num cacto, comendo uma cobra. Esse lugar tornou-se a Cidade do México Na mitologia, era sagrada para Zeus, que assumiu a forma de águia, para controlar o trovão e o relâmpago. Os sumerianos acreditavam num Deus Águia, os Hititas usavam a Águia de duas cabeças como um emblema de proteção, com o qual não haveriam de ter surpresas.
Associada à Júpiter, era um forte símbolo para o Império Romano.
Nos hieróglifos, representava a vogal A, e também o símbolo da alma, do espírito e o calor da vida. No misticismo cristão, a Águia é o símbolo da ressurreição. Para os indios Pueblo, a águia é um pássaro do céu com habilidade de voar em aspiral ascendente, até passar através de um buraco para o lar do Sol. Ela era associada às energias do Sol físico e espiritual. Os Pueblo honravam as “Seis Direções” : norte – sul – leste- oeste- zênite (cume)- nadir (ponto mais baixo). A águia era o símbolo do Zênite. Das alturas ela pode sobrevoar todas as direções. As águias eram símbolo de visão e percepção.
Para os Hopis, as águias douradas e de cabeça branca são os maiores de todos os pássaros do céu. Alguns grupos de hopis, também incluiram o Falcão de Rabo Vermelho como águia, referindo-se a ele como ” Aguia Vermelha “.
A Águia tem sido cultuada e reverenciada por muitos povos há milênios. É incontestável a força do seu simbolismo no inconsciente coletivo da humanidade. Sua medicina é muito poderosa, voa alto, acima das nuvens negras da ignorância humana, ajuda-nos a conquistar os limites deste mundo e alcançar outros reinos. Povos Nativos encontram na Águia coragem, resistência e força para enfrentar desafios difíceis. Curandeiros e xamãs usavam suas penas como um importante instrumento de poder curativo.
A medicina da Águia, ajuda no desenvolvimento de poderes xamânicos, viajando em mundos alternativos. Invocando a Águia, conseguimos a habilidade de voar velozmente à grandes alturas espirituais para o reino onde todas as coisas são possíveis.
Por ser parte integrante dos céus; é associada ao Pai Céu e ao Sagrado Poder Solar da transcendência.
Bibliografia consultada:
Kenneth Meadows – The Medicine Way – Element Sun Bear, Wabun Wind & Crysalis Mulligan – Dancing With The Wheel – Fireside Richard Wilhelm – I Ching – Pensamento Willian Bloom – Tempos Sagrados – Triom Richard Heinberg – Celebrando os Solstícios – Madras