Na Tenda Da Lua

Na Jornada de Transformação, que fazemos para celebrar o Calendário Sagrado, as mulheres recolhidas na Tenda-da Lua fazem as preces abaixo :

Eu sou mulher que dá a nutrição para assegurar a vida deste planeta. Com meu poder do meu tempo-da-lua, meu sangue, com meu poder do nascimento. Com meu sangue, eu alimento a terra que nos alimenta a todos. S empre me recordo.  Eu sou mulher. Eu sou terra. Eu sou vida. Eu sou nutrição. Eu sou mudança.

Eu sou mulher. Eu sei a vida, a morte, a dor, e a saúde em minha essência, em meu útero. Eu conheço os lugares sangrentos: o espaço estreito entre a vida e a morte, o lugar de nascimento sangrento,  o fluxo sangrento de deixar a vida ir. Eu sou mulher. Meu sangue é poder. Poder calmo. Sangue calmo.

Meu sangue é nutrição total . Meu sangue nutre o feto crescente. Meu sangue transforma-se em  leite para  nutrir um bebe. Meu sangue flui na terra como  alimento para a Grande Mãe, Gaia, Mãe Terra

Este é meu Tempo-de-Lua

O tempo quando meu útero escorre fluídos sagrados,

floridos que espantam homens por milênios,

contudo não espantam nem a mim nem minhas irmãs.

Oh, como entendia  mal é este tempo sagrado,

esta época de limpeza e de renovação!

Esta vez em que o sangue velho é posto fora sem ferimento.

Que criaturas poderosas somos nós, mulheres,

para sangrar sem ferida!

Hoje à noite eu acenderei os fogos sagrados

e danço ao balançar das árvores

como as faíscas em espiral  para a lua

e as estrelas mantêm o tempo para mim.

 

Este é meu Tempo-da-Lua

e eu sou sagrada.

Meu útero é sagrado

Meu sangue é sagrado.

Meu corpo é sagrado.

E este é meu Tempo-da-Lua.

Eu deixarei minha avó , a lua,

banhar-me em seu fulgor fresco, misterioso.

Eu enxaguarei meu cabelo e minha mente

em sua fonte brilhante

Sua Luz inspira a contemplação.

 

Meu Tempo-de-Lua convida a meditação

e limpeza da mente

da desordem, das perturbações e das aflições.

Eu deixarei o fulgor doce da Vovó Lua

derramar em mim,

cada polegada,

varrendo afastado as sombras em minha alma,

enchendo me com a luz suave e  radiante.

 

Este é meu Tempo da Lua

e eu sou da lua hoje à noite.

Eu sou feito da matéria lunar e das estrelas

e do amor  de  seres

cujas vidas são uma viagem

milhas do recolhimento .

E quando eu olhar a lua e as estrelas,

Eu vejo em mim o reflexo de sua luz

Este é meu Tempo da Lua. E eu estou contente com  ele.

Sinto que você possa fazer estas preces, sangrando na terra . Se você tiver um jardim em sua casa, crie um espaço sagrado para isso. O ideal seria juntar-se com outras mulheres em tempo-de-lua, criando uma Tenda-da- Lua.

Recomendo que consagre um tempo no silêncio, oferecendo seu sangue para a Mãe-Terra, agradecendo à Deus por sua condição feminina nesta vida. Podendo oferecer o seu sangue com a intenção de nutrir as crianças da Terra. Agradecer seu corpo e honrar este ciclo natural como sagrado, como poderoso. Oferecer seu sangue com sua preces de paz, amor, saúde, prosperidade.

Peça a saúde de seus órgãos genitais, útero, trompas…..

Cante canções para este momento. Canções femininas.Canções de Poder….

Reserve um momento, após o silêncio, para passar um pau-falante e usar a palavra.

O homem por milênios, ofereceu sangue para os Deuses, sacrificando pessoas, animais. Derrubando na terra o sangue de seus irmãos na guerra.  O sangue é a energia da vida.

Agradeça a dádiva de poder oferecer o seu sangue para a Mãe-Terra, sem ferimento. Provindo de um ciclo natural, o sangue do nascimento. Sem morte, nem dores.

Uma outra boa forma de oferecer o sangue, e assim o homem pode ficar incluído, é a doação de sangue. Doar sangue é doar vida. Energeticamente recebemos muito mais do que ofertamos.

Homens e mulheres, doem seu sangue !

Segue abaixo artigo de *Menkaiká :*

Recolhimento sagrado feminino

Observando os ciclos do nosso corpo entramos em sintonia com o corpo maior e organismo vivo e pulsante que é a Mãe Terra. Nós, mulheres, carregamos em nosso corpo todas as luas, todos os ciclos, o poder do renascimento e da morte. Aprendemos com nossas ancestrais que temos nosso tempo de contemplação interior quando, como a lua nova, nos recolhemos em busca de nossos sonhos e sentimentos mais profundos. As emoções, o corpo, a natureza são alterados conforme a lua.

Nas tradições antigas, o Tempo da Lua era o momento em que a mulher não estava apta a conceber, era um período de descanso, onde se recolhiam de seus afazeres cotidianos para poderem se renovar. “É o tempo sagrado da mulher”, o período menstrual, conforme nos conta Jamie Sams, “durante o qual ela é honrada como sendo a Mãe da Energia Criativa”. O ciclo feminino é como a teia da vida, e seu sangue está para seu corpo assim como a água está para a Terra. A mulher, através dos tempos, é o símbolo da abundância, fertilidade e nutrição. Ela é a tecelã, é a sonhadora.

Nas tradições nativas norte-americanas, há as Tendas Negras, ou Tendas da Lua, momento em que as mulheres da tribo recolhem-se em seu período menstrual. É o momento do recolhimento sagrado de contemplação onde honram os dons recebidos, compartem visões, sonhos, sentimentos, conectam-se com suas ancestrais e sábias da tribo. São elas que sonham por toda a tribo, devido ao poder visionário despertado nesse período. O negro é a cor relacionada à mulher na Roda da Cura. Também são recebidas nas tendas as meninas em seu primeiro ciclo menstrual para que conheçam o significado de ser mulher. Esse recolhimento não é observado somente entre as nativas norte-americanas, mas também entre várias outras culturas.

Diversos ritos de passagem marcam a vida de meninas nativas no seu primeiro ciclo menstrual. Entre os juruna, quando a lua nova aponta no céu, é momento de as meninas se recolherem para suas casas. As meninas kanamari, do Amazonas, também ficam reclusas enquanto dura seu primeiro sangramento, sendo alimentadas somente pela mãe. Assim ocorre com as meninas tukúna, que nesse período de reclusão aprendem os afazeres e a essência do que é ser uma mulher adulta. Observa-se, em alguns casos, como parte do rito, cortar o cabelo e pintar o corpo de negro. São ritos de honra à mulher, e não o afastamento das mesmas pela impureza, como foi mal-interpretado por muitas outras culturas, principalmente a nossa ocidental extremamente influenciada pelos valores cristãos.

Nossos corpos mudam nesse período, fluem nossas emoções e estamos mais abertas a compartilhar com outras mulheres, como uma conexão fraternal. Ao observarmos nossos ciclos em relação à lua, veremos que a maioria das mulheres que não adotam métodos artificiais de contracepção e que fluem integradas ao ciclo lunar, têm seu Tempo de Lua durante a lua nova.

É importante observarmos como fluímos com a energia da lua e seus ciclos, e em que período do ciclo lunar menstruamos. A menstruação é um chamado do nosso corpo ao recolhimento, assim como a lua nova é um período de introspecção, propício ao retiro e à reflexão. A lua cheia proporciona expansão, e, se nossos corpos estão em sintonia com as energias naturais, é o período em que estaremos férteis.

Quantas mulheres atualmente deixaram de observar os ciclos do próprio corpo? Quantas deixaram de conectar-se com as forças da natureza, deixaram de lado a riqueza desse período de introspecção, recolhimento e contemplação de si mesmas? No nosso Tempo de Lua sonhamos mais, estamos mais abertas à sabedoria que carregamos de nossas ancestrais. Aproveite esse período para conhecer e explorar seu interior, agradecendo os dons e habilidades que possui. Compartilhe com outras mulheres esses momentos sagrados de respeito e fraternidade. Ouse sonhar e exercer seu lado visionário. Note que ao estar em conexão com todas as mulheres e com a própria Mãe Terra, muitos sintomas tidos como incômodos vão desaparecendo. Muitos desses sintomas são a rejeição desse período. Com a competição resultante dos valores da sociedade moderna, muitas de nós esqueceram de ouvir a si mesmas, de sentir a necessidade de seus próprios corpos e corações.

Para finalizar, segue um trecho sobre a Tenda da Lua, de Jamie Sams, falando-nos sobre a importância desse ciclo de religação com a Terra e a Lua:

“O verdadeiro sentido dessa conexão ficou perdido em nosso mundo moderno. Na minha opinião, muitos dos problemas que as mulheres enfrentam, relacionados aos órgãos sexuais, poderiam ser aliviados se elas voltassem a respeitar a necessidade de retiro e de religação com a sua verdadeira Mãe e Avó, que vêm a ser respectivamente a Terra e a Lua. As mulheres honram o seu Caminho Sagrado quando se dão conta do conhecimento intuitivo inerente a sua natureza receptiva. Ao confiar nos ciclos dos seus corpos e permitir que as sensações venham à tona dentro deles, as mulheres vêm sendo videntes e oráculos de suas tribos há séculos. As mulheres precisam aprender a amar, compreender, e, desta forma, curar umas às outras. Cada uma delas pode penetrar no silêncio do próprio coração para que lhe seja revelada a beleza do recolhimento e da receptividade”.


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