Roger N. Walsh

O termo xamã, vem da palavra ‘saman’ do povo tungu, natural da Sibéria, e significa “alguém que está em êxtase, comovido, elevado”. Pode ter suas raízes em um antigo vocábulo hindu que queria dizer: aquecer-se ou praticar austeridades, ou em outro verbo tungu, que significa conhecer. Seja qual for sua origem, o termo xamã tem sido amplamente adotado pelos antropólogos para fazer referências a grupos específicos de curadores em variadas culturas que, as vezes, são chamados curandeiros, bruxos, feiticeiros, magos, mágicos, etc.  No entanto, esses termos são por demais vagos para definir de forma adequada o grupo específico de curadores que se ajusta à definição de xamã.

Enquanto os primeiros exploradores se impressionavam muito com a interação do xamã com os espíritos, os de geração mais recente ficaram mais impressionados ainda com o controle que o xamã tem de seus próprios estados de consciência, nos quais ocorrem tais interações. Parece que a primeira tradição a usar tais estados foi o xamanismo, e as definições contemporâneas dessa tradição, concentram-se portanto, nesse aspecto. Ele entra num Estado Alterado de Consciência (EAC), controlado, em benefício da comunidade.

Esses especialistas incluem, por exemplo, médiuns em estado de transe, que depois alegam ter mensagens dos espíritos a transmitir. Uma definição tão ampla de xamanismo pode incluir ainda qualquer praticante que entre em estados alterados de consciência controlados, de modo independente de quais possam ser esses estados alterados em particular.

A definição de xamanismo = técnica de êxtase (Eliade) é em especial pertinente para o xamanismo. Nesse contexto implica não tanto em um arrebatamento encantado, mas ser levado ou afastado do próprio ser ou estado normal, e entrar num estado de sensações intensificadas e agudizadas.

O traço distintivo do êxtase xamânico é a vivência do ” vôo da alma “, ou da viagem, ou da experiência fora do corpo. Quer dizer que, em seu estado extático, o xamã vivencia a si mesmo, sua alma ou espírito, flutuando pelo espaço e viajando para outros mundos ou para partes distantes desse mundo.

Existem três traços distintivos do xamanismo que cabem em qualquer definição. O primeiro é que o xamã pode entrar voluntariamente em estados alterados de consciência. O segundo é que nesses estados ele pode se sentir viajando para outros mundos. O terceiro é que o xamã usa essas viagens como meio de adquirir conhecimento ou poder e de ajudar as pessoas de sua comunidade.

O xamanismo pode ser definido como uma família de tradições  cujos praticantes concentram-se em entrar voluntariamente em estados alterados de consciência, nos quais vivenciam a sí ou ao seu espírito, viajando para outras dimensões, sob comando de sua vontade, interagindo com outras entidades a fim de servir sua comunidade.

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