Teogonia Tupi
Rosane Volpatto
O mito de antigas raças, semeados pelos povos que tiveram longa vida e paciente trabalho de constituição, deu margem à formação de incríveis lendas, extensos poemas e formidáveis narrativas, por onde visualiza-se as velhas civilizações que construíram.
Da índia misteriosa, ficaram as florações do gênio védico e os milagres guerreiros catalogados por mãos invisíveis no “Mahabarata” e no “Ramayana”.
Da Grécia antiga, originou-se o manancial de outros prodígios amorosos e heroicos que Homero cantava pelas ruas de Atenas a troco de ninharias e escassos favores.
Das florestas centrais da Europa, o misticismo dos normandos, cruzando-se com o valor guerreiro dos germanos, arrancou a epopéia dos “Niebelungen”. Estes ancestrais, colecionavam suas vitórias, praticando a religião dos mitos.
A história de nossa terra, entretanto, não possui um passado tão tumultuoso, do qual se vangloriam estas velhas civilizações. O pano de fundo do quadro brasileiro, é pintado por forças virgens e naturais, formando um mundo bárbaro e sensível.
Nesta terra, existiu uma vida rústica, que exercia um feitiço marcante, inspirada pela exaltação de divindades, símbolos e ídolos. Uma visão demorada nos revelará um mundo alegórico do qual participavam todas as fantasias geradas no mundo imaginário dos elementos que aqui se definiram. Esta original mitologia, nasceu do encontro do homem com a terra, manifestando-se através de lendas que cobriam extensa porção de nosso território.
O primeiro documento oficial escrito sobre a nossa terra, foi a crônica de Pero Vaz de Caminha. Ele foi o que sentiu e transmitiu para seu país o encanto da terra descoberta. Depois dele, Manuel da Nóbrega e Anchieta.
O indígena brasileiro, foi o elemento essencial na construção deste país, não pelo que representou ou podia representar de romântico ou subjetivo, mas pela força de uma necessidade econômica e guerreira para a qual era ele o mais apto a colaborar.
Ao tempo do descobrimento os tupis já ocupavam uma grande extensão da costa, do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, mas separada por tribos de línguas diferentes, como os tapuias. A expansão da raça tupi oferece-nos largo estudo geográfico da região que dominou.
Pelo que apontam os documentos históricos, assim se distribuíram pelo país a raça tupi:
CARIJÓS: Do Rio Grande do Sul até a ribeirinha do Iguape;
TUPINIQUINS: De Iguape até próximo de Ubatuba;
TAMOIOS: De Ubatuba até Cabo Frio;
TEMIMINÓS: De Cabo Frio ao Itabapoana
TUPINIQUINS (de novo): Do rio Santa Maria, Espírito Santo até o Camamú, na Bahia
TUPINAMBÁS: Do Camamú até o Iraporanga em Sergipe;
TUPINAÊS: Do Iraporanga ao São Francisco;
CAETÉS: Do São Francisco até o Iguassú em Pernambuco;
TABAJARAS: Do Itamaracá até o Paraíba;
POTIGUARAS: De Paraíba até o Jaguaribe;
TUPINAMBÁS (de novo): Do Rio São João da Barra até o Gurupi;
TARAMAMBÉS: De Gurupi para cima no Pará
AMOIPIRAS: Na margem do rio São Francisco