Tonal e Nagual

 

Carlos Castañeda narrava um universo uno e ao mesmo tempo duplo : o tonal e o nagual. O tonal representa tudo aquilo que captamos e percebemos diariamente, o mundo ordinário.

O nagual é aquilo que existe, mas raramente conseguimos perceber, é o mundo não ordinário ou extraordinário, o reino do desconhecido.

O nagual não pode ser percebido racionalmente. É a sensação que vai além da razão, tornando irrelevante qualquer tipo de questionamento. Se é verdade ou não !

O “sonhar”, que se referia Castañeda ,é a síntese da arte que aprendeu com Dom Juan Matus. É transpor os limites da percepção do dia-a-dia, penetrar pelas camadas do tonal e do nagual, poder voar deixando o corpo parado.

Dom Juan dizia que a essência do ser é o ato de perceber, e a magia do ser, o ato da consciência. Percepção e consciência formam uma unidade que possui dois domínios : a primeira e a segunda atenção.

A primeira atenção consiste na capacidade de organizar o mundo cotidiano; a segunda, na capacidade que todos tem (mas pouco utilizam) de organizar o mundo não comum.

Para sonhar é preciso desenvolver a segunda atenção, e apenas sonhando essa capacidade se desenvolve.

Não existem fórmulas para se chegar à segunda atenção, do mesmo modo que não foi através delas que alcançamos a primeira.

Os passos necessários vão sendo encontrados no próprio caminho de quem a busca. Ver o mundo nagual significa enxergar a energia vital que se esconde por trás de tudo. A percepção nagual nos permite observar as linhas energéticas da terra, os pontos de maior poder. O nagual está em nós e em todo o Universo, podendo ser percebido de diversas maneiras.

Uma das formas é a utilização de plantas de poder. Os índios feiticeiros do México, fazem uso do peiote para desenvolver a segunda atenção. Alix de Montal narra que o fecho do corpo dos ensinamentos de Dom Juan são o tonal e o nagual :

“Assinalemos desde já que essas duas noções não são específicas do xamanismo em seu conjunto, muito embora elas surgiram, de um ângulo mais geral e místico, planos de consciência que um xamã, ao entrar em transe extático, infalivelmente experimenta.

Os naguais eram outrora membros de uma sociedade secreta cuja influência junto às tribos maias era considerável. Como o grande xamanismo, o nagualismo implicava a iniciação em certos poderes ocultos, devendo cada feiticeiro formar, durante a sua vida, um ou mais aprendizes. Mas do México a Guatemala, como em toda parte onde se praticavam cultos mágico religiosos, quase todos os naguais desapareceram. ”

Dom Juan dizia que o nagual é essa parte de nós para a qual não existe nem descrição, nem palavras, nem sentimentos, nem conhecimento. Todas as realidades são possíveis e coexistem numa infinidade de universos.

 

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