Xamanismo Amazônico
Por: Edward MacRae
Entre os povos indígenas da Amazônia Ocidental, encontra–se uma figura com funções, técnicas e atributos bastante uniformes : o Xamã. Este personagem, como seus equivalentes em outras partes do mundo, encarrega-se de estabelecer contato com o mundo sobrenatural, buscando influir na cura de doenças, servir de oráculo, proporcionar bons resultados em caçadas, evitar catástrofes naturais e organizar cerimônias religiosas.
Considera-se que seus poderes são adquiridos por vocação pessoal, pela vontade de agentes supernaturais, ou, às vezes por herança. As circunstâncias em que acontece a descoberta desse dom variam, mas podem incluir a aparição repentina de um ancestral ou de um espírito animal, ou a ocorrência de algum tipo de crise psicossomática.
O xamã recebe seus poderes a partir de contato com espíritos. Isso acontece diretamente, através de inspiração ou após a iniciação, sob a direção de um mestre. Esta iniciação consiste de um período de isolamento, com dieta especial e abstinência sexual. A ingestão de preparados feitos com a casca de certas árvores e tabacam o colocam em contato com o mundo espiritual. Nesse estado, o seu espírito é capaz de voar e ter percepções inusitadas. Ele deve obedecer às instruções dos espíritos e prestar atenção aos cantos e melodias que lhe são sussurrados, para aprender os seus segredos.
O poder do xamã é concebido como uma substância mágica, que pode estar contida numa série de objetos: espinhos, setas, cristais de quartzo – quanto mais objetos, maior o poder. Ele sempre carrega esses objetos consigo, e os identifica com seus espíritos auxiliares. A figura do xamã é vista porém, com ambivalência : atribui-se a ele tanto o poder de curar quanto de fazer o mal.
Os xamãs são grandes conhecedores da floresta e das propriedades das plantas, que usam com frequência, especialmente para as atividades de cura. São também especialistas na utilização de enteógenos, principalmente para entrar em contato com o mundo espiritual. Uma das substâncias usadas com mais frequência é o chá produzido a partir da combinação do cipó Banisteriopsis Caapi e da folha Psychotria Viridis, ao qual podem ser adicionadas várias outras plantas.
Este preparado recebe uma gama de nomes, como natema, yajé, nepe, kahi, caapi. Mas é genericamente conhecido pelo termo quichua Ayahuasca, que significa “cipó dos espíritos”.
Antropólogos e botânicos listaram uma série de usos para esse preparado :
1 – A Ayahuasca e o sobrenatural
Rituais mágicos e religiosos
Para receber orientação divina e se comunicar com os espíritos que animam as plantas, para receber um espírito protetor.
Adivinhação
Para saber se estão vindo estranhos; descobrir o paradeiro de inimigos e quais são seus planos; para saber se um cônjuge foi infiel; prever o futuro com clareza.
Feitiçaria
Causar doenças por meios psíquicos, prevenção contra as más intenções de terceiros.
2 – A Ayahuasca e o tratamento de doenças
Para determinar a causa de uma moléstia e ou curá-la
3 – A Ayahuasca, prazer e interação social
Para produzir estados prazerosos ou afrodisíacos, para reforçar a atividade sexual, para atingir o êxtase; para facilitar a interação social entre os homens.
Amor – Paz e Luz !