Xamanismo Universal
O xamanismo universal recupera o livre-arbítrio da vida espiritual. São as forças da natureza que manifestam-se em experiências espirituais. Cada dimensão da realidade pode ser atingida por todos os que desejam uma experiência direta e se esforçam para atingi-la. A partir dos anos 70, o xamanismo começa a ser resgatado, principalmente nos EUA e na Europa, se juntando ao movimento psicodélico dos anos 60, movimentos ecológicos, os livros de Carlos Castañeda, o Movimento New Age.
Atualmente o xamanismo pode ser dividido em duas escolas. O xamanismo tradicional, que segue as tradições nativas, e o neo-xamanismo que adapta a essência com práticas terapêuticas e de linhas diversas numa realidade urbana.
Os defensores do xamanismo tradicional afirmam que “xamanismo é coisa dos povos indígenas”, e é também, mas não exclusivamente! A palavra Xamanismo foi trazida pelos antropólogos que se inspiraram.
As raízes do xamanismo são arcaicas e alguns antropólogos chegam a pensar que elas recuam até quase tão longe quanto a própria consciência humana. As origens do xamanismo datam de 40.000 a 50.000 anos, na Idade da Pedra. Antropólogos têm estudado xamanismo nas Américas; do Norte, Central, Sul. Também na África, entre os povos aborígines da Austrália, Esquimós, Indonésia, Malásia, Senegal, Patagônia, Sibéria, Bali, Velha Inglaterra e ao redor da Europa, no Tibet onde o xamanismo segue a linha do Budismo Tibetano, ou seja, em todos os lugares ao redor do mundo. Seus traços estão presentes nas Grandes religiões.
O xamanismo é um conjunto de práticas de cura de ancestrais primitivos e indígenas ao redor do mundo. Gosto de trabalhar num conceito de Xamanismo Universal, que une o xamanismo tradicional e o neo-xamanismo num só movimento para uma ” Nova Consciência”, fazendo conexões entre os conhecimentos esotéricos do Oriente e do Ocidente, sem cair na xenofobia dos povos do passado e nem na banalização típica de muitos movimentos New Age.
Várias tradições xamânicas esperam por um tempo que virá com o retorno dos antigos xamãs que reencarnariam em outros povos, com outra linguagem, com outra cor de pele, transmitindo a linguagem do Amor Universal, promovendo o reencontro do homem com o Sagrado, para que possamos juntos caminhar em equilíbrio e, nossa Mãe Terra.
Tenho percebido traços vivencias do xamanismo em outras formas de esoterismo e, em práticas terapêuticas diversas. Também em treinamentos empresariais e métodos de auto-ajuda. O xamanismo vem crescendo, devido às carências da nossa sociedade atual.A falta de sentido de pertencimento, a ausência de rituais, o distanciamento da natureza e de si mesmo ocasionados pela sociedade moderna, são elementos que estão na origem do interesse crescente pelas práticas ancestrais nos últimos anos.
A sociedade atual tem dado mais atenção às inovações, aos inventos, à tecnologia, o progresso e distanciando-se da conexão com a Terra. Ao longo da história da humanidade, conquistamos a terra, o espaço, a informação. O processo iniciou há 10.000 anos, onde fomos consumindo o planeta, e o saldo negativo foi, e continua sendo, a extinção de inúmeras espécies animais, vegetais e minerais, superpopulação, poluição de águas e ar, aumento da temperatura global, armas de aniquilação completa, violência e outros.
A neurose por proteção de divisas fez os governos investirem fortunas em armas, na indústria da destruição, que colocam em risco a segurança de todo o planeta. Miram as armas para as suas próprias cabeças Fortunas essas que se fosse aplicada em alimentos, acabaria com a fome do mundo. O direito ao alimento deveria ser a nossa mais importante conquista. Criou tal desigualdade que saúde e boa alimentação é privilégio de uma minoria, quando deveria ser para todos.
Nosso meio ambiente está sendo contaminado por substâncias químicas, chuva ácida, destruição da camada de ozônio, etc. Os desertos estão ganhando mais espaços no Mapa e as florestas menos. Nunca a natureza se revoltou tanto! O mundo tornou-se muito ameaçador, e cada coisa está à disposição de quem queira tomar posse dela. Essas crises ecológicas são os gritos da Mãe-Terra.
O homem foi se afastando de sua origem sagrada com o correr do tempo, foi crescendo tão desordenadamente, que criou novas doenças, aumentou a miséria, a exclusão, o medo, a insegurança, a fome. Diminuiu a saúde, a qualidade de vida. Só satisfaz uma pequena minoria. A Medicina cresceu, mas cresceram as pestes, as doenças. O mesmo homem que criou toda uma tecnologia para facilitar sua própria vida, hoje não tem tempo para si mesmo, para sua família. Muitos vivem, atualmente, com uma sensação de separação, de isolamento, um sentimento de que deveria existir um sentido maior na vida.
Vivemos numa época em que vizinhos nem se conhecem, não se cumprimentam. Violência, desemprego, fome, guerra, crimes. Isso já começa a fazer parte de uma coisa natural. Parece que a beleza desapareceu do mundo. As pessoas nem parecem chocarem-se mais com tantas atrocidades.
Convivemos num mundo que impõe um consumismo exacerbado graças a um capitalismo fora de controle. Criamos formas totalmente anti-naturais de viver. Já nem podemos tomar Sol à vontade com medo de doenças na pele, não podemos sair na chuva com medo de alagamentos. Sair de carro é um horror: engarrafamentos, assaltos, violência. Na alimentação, convivemos com agrotóxicos, transgênicos, anabolizantes, coliformes fecais, aditivos químicos, cancerígenos. Estamos num momento de rever os grandes paradigmas sobre alimentação por exemplo. Uma das grandes contradições de todo o desenvolvimento é a de que milhares de seres humanos morrem de fome. De outro lado , o que se gasta para alimentar o gado, daria para alimentar toda a população com fome em nosso planeta. Não precisaríamos destruir florestas para transformá-las em pastos, preservando mais o nosso meio-ambiente. Para se produzir 450 gramas de carne de vaca, são necessários 3 quilos de sementes. Estes, por sua vez requerem 3.000 litros de água. No mundo inteiro é cada vez maior a quantidade de água usada em porcos e galinhas, em vez de serem empregadas na irrigação das plantações destinadas ao consumo direto. Outro assunto são as clonagens. Aqui no Brasil, políticos demagogos e irresponsáveis são coniventes com a destruição do meio ambiente, na própria Amazônia.
As pessoas começam a ter más notícias, a partir do momento que acordam ligando seus rádios ou suas TVs. Depois quando lêem jornais. No caminho de suas casas para o trabalho e vice-e-versa, as más notícias são visuais: crianças nas esquinas pedindo esmolas, cheirando cola. Roubos, violência, prostituição.
As atuais ameaças humanas, assim como o bem estar, são sintomas da Mente Coletiva. E nesse cenário ressurge o xamanismo.
Para praticar esse xamanismo, você pode ser de qualquer religião, ter a sua própria crença, pois a nossa ligação é com a vida. É a busca da realização do propósito de nossa alma. É resgatar a nossa relação com o sagrado. É a crença que a verdadeira magia está dentro de cada um. No poder que temos para transformar a nossa vida, para podermos viver mais no amor, na paz e na harmonia.O mapa do caminho é inspirado na sabedoria ancestral, no estudo dos talentos dos animais, das plantas, das histórias, das canções, das danças, das cerimônias.
Estamos diante do grande desafio de tecer teias que integrem a realidade ecológica , com nossas comunidades. A “Obra da Criação” perpetua-se através do homem. A cada dia estamos criando um Mundo Novo, através da cadeia de pensamentos, palavras e atos. O que estivermos fazendo à Terra, estaremos fazendo a nós mesmos e às gerações futuras. Respeitar a Terra é respeitar o seu Criador. Quando sentirmos a religação entre todas as coisas vivas e as que já passaram sobre a Terra, assim, compreenderemos que todas as histórias fazem parte da nossa história. Tudo está conectado.
Observando as rápidas mudanças no Mundo, com fé e coragem, é que poderemos enfrentar as grandes mudanças. Para isso precisamos de algo verdadeiro, simples e eficiente, para poder atravessar as águas das emoções que acompanham as transformações, e o crescimento que advém das crises pessoais.
O xamanismo nos religa a uma fonte de sabedoria superior. Conduz o praticante para descobrir o seu papel, sua finalidade na vida, sua evolução. Propicia uma nova inspiração, uma nova visão do viver e de tudo o que foi vivido, mostrando maneiras de se harmonizar com os acontecimentos naturais da vida.
Os rápidos resultados, introvisões de profundo significado, o contato com realidades ocultas, a obtenção de auto-conhecimento, a busca do poder pessoal, contribuem para o interesse nas práticas. Propicia tranquilidade, paz, profunda concentração, estimula o bem estar físico, psicológico e espiritual.
Quero finalmente, trazer a você leitor da Nova Consciência, a essência do que acredito:
Nós podemos criar um Novo Mundo!
Pensar assim é muito mais construtivo do que esperarmos e nos prepararmos para um fim. Somos filhos de um Deus Criador amoroso, um Grande Espírito, que nos ama. Somos “A Luz do Mundo”, e temos a oportunidade de melhorar nossa qualidade de vida e a de todos dessa aldeia global chamada Terra. Esse novo momento nos impulsiona a olhar dentro de nós mesmos, a aperfeiçoar nossa personalidade, repensarmos as virtudes humanas e a ética, a tornar a nossa vida mais simples para que possamos ser ao invés de parecer.
O Novo Xamanismo e a Nova Consciência inspira para que cultivemos relacionamentos amorosos, desenvolvamos nossa generosidade com o próximo, com o planeta e todas as suas criaturas. Que sejamos mais pacíficos, mais criativos, tenhamos mais compaixão, pratiquemos mais o perdão e agradeçamos mais nossas conquistas. Para uma Nova Consciência precisamos integrar nossa humanidade com a espiritualidade, aprendermos a viver em equilíbrio com nossos quatro aspectos : o mental, o espiritual, o físico e o emocional. Aprender a viver na compreensão que existe um Coletivo, existe uma Mente Universal e estamos todos interligados.
Acredito que uma grande solução para o futuro é o homem/mulher partir para pequenas comunidades auto-sustentáveis. A intenção de ter uma vida comunitária, quer seja com um pequeno grupo ou multidão, evoca a abertura para nossa consciência mostrar seus tesouros. Quando estamos juntos, temos uma capacidade muito maior de coletar jóias ocultas de nossas próprias vidas. Juntos é possível encarar mais honestamente e corajosamente o que devemos eliminar na nossa vida.
Entretanto, a verdadeira caminhada começa dentro de nós mesmos, é uma jornada interior. Aprendemos com jornada da humanidade através dos tempos. Respeitar os velhos por sua sabedoria, os jovens pela força e renovação. O xamanismo, ou neo-xamanismo é uma realidade, e tenho visto muitas pessoas obterem cura, transformações, evolução. É um movimento que cresce a cada dia no mundo todo.
Agora que estamos no limiar das jornadas pelo espaço, das tecnologias, da realidade virtual e de um xamanismo universal, espero que essa corrente de consciência se expanda cada vez mais na linha da Luz, para que possamos influenciar na paz, os líderes e governantes desse Planeta.
E assim vamos prosseguir nossas vidas, na jornada da nossa alma, em direção aos nossos sonhos, e que o Grande Espírito nos abençoe.
Harmonia – Amor – Paz e Luz
Léo Artése
O xamanismo universal é uma “Jornada da Consciência”, um legado da humanidade além das fronteiras dos países, credos, raças, filosofias. Xamanismo Universal não é uma classificação nova no xamanismo. A premissa básica é o reconhecimento que todos fazemos parte da Família Universal e tudo está interligado. O praticante compreende o Espírito Essencial que está dentro dele mesmo, na natureza e em todos os seres. O praticante sabe quem ele é e como se relaciona com o Universo.
No sentido do “religare” pode ser considerada uma religião, mas o xamanismo não é como um conjunto de ritos específicos que seguem seus mestres máximos como cristianismo (Cristo), budismo (Buda), islamismo (Maomé), Taoísmo (Lao-Tsé), etc; cujas práticas são determinadas e iguais e que possuem seus Livros Sagrados de conduta em todos os lugares do mundo.
Na essência, são práticas religiosas. O xamanismo se insere de acordo com a crença espiritual/religiosa local, é um fenômeno religioso. Pode-se dizer que as religiões representam um xamanismo adaptado e afetaram as tradições xamânicas continuadas ou marginalizadas nas culturas que dominaram. As práticas, os mitos, as entidades dependem da tribo, linha, geografia, crenças.
Atualmente quando a maioria das pessoas ouvem a palavra xamanismo pensam em culturas indígenas americanas, outros reclamam por que não pajelança se estão no Brasil. Sempre considerado como um programa de índio. O xamanismo não se refere apenas à espiritualidade indígena. É certo que os indígenas foram os grandes responsáveis por manterem acessas as chamas da Medicina da Terra, mas as práticas se originaram no homem primitivo, no paleolítico.
A palavra tem origem siberiana e é usada hoje como para descrever as práticas ancestrais de cura no mundo todo. As práticas são universais, é um legado do Mundo Espiritual para a Humanidade. Não pode haver fronteiras para a Medicina da Terra. A palavra xamanismo foi criada por antropólogos para definir um conjunto de crenças ancestrais. Para mim é um caminho de conhecimento.
As raízes do xamanismo são arcaicas e alguns antropólogos chegam a pensar que elas recuam até quase tão longe quanto a própria consciência humana. As origens do xamanismo datam de 40.000 a 50.000 anos, na Idade da Pedra. Antropólogos têm estudado xamanismo nas Américas; do Norte, Central, Sul. Também na África, entre os povos aborígines da Austrália, Esquimós, Indonésia, Malásia, Senegal, Patagônia, Sibéria, Bali, Velha Inglaterra e ao redor da Europa, no Tibet onde o xamanismo Bon segue a linha do Budismo Tibetano, ou seja, em todos os lugares ao redor do mundo. Seus traços estão presentes nas Grandes religiões.
A Religião da Idade da Pedra.
Nós podemos perceber traços do xamanismo em várias religiões. Piers Viebsky cita em “O Xamã”, que em 1991 foi encontrado o corpo mumificado de um homem preservado sob as neves dos Alpes Austríacos. As tatuagens na pele, um disco de pedra numa correia e alguns musgos secos medicinais encontrados em sua posse permite a suposição de que era um xamã numa viagem ritual.
Muito antes de ter sido descoberto esse “homem do gelo”, no princípio do sec. XX, foram encontradas pinturas rupestres pré-históricas, no Sul da França, de figuras semi-humanas, semi-animais entre animais comuns, que foram consideradas como representando xamãs e conduziram a suposição de que o xamanismo foi a religião humana original e primordial.
A figura da gruta de Les Trois Frères nos Pirineus franceses que foi chamada de Feiticeiro Dançador, é considerada por alguns estudiosos como representando um xamã. Uma criatura masculina vista de perfil olha de frente para quem a contempla com os seus olhos muito redondos. Todas as partes da sua anatomia parecem pertencer a um determinado animal: orelhas de lobo, chifres de veado, rabo de cavalo e patas de urso. E no entanto o efeito geral é notoriamente humano. Outra interpretação possível é a de que represente um espírito Senhor dos Animais personificando simultaneamente a essência de todas as espécies.
O primeiro tratado vem da Sibéria (altaicos, iacutes, buriatas, tungues, vogul, samoiedos, etc). Uma fonte acredita que os homens/xamãs teriam emigrado durante as grandes glaciações seguindo rebanhos de renas. Eles passaram pelo estreito de Bering ou por uma ponte terrestre que ligava os dois continentes e se espalharam pelo mundo.
Encontram-se fenômenos xamânicos similares entre os esquimós, índios das Américas; do Norte, Central e Sul; Oceania, Austrália, no sudeste asiático, na Índia, no Tibet e na China. Trata-se de um conjunto de práticas evidentemente adaptadas a cada cultura, a cada crença, mas que em toda parte apresenta o mesmo conteúdo mágico, religioso e simbólico. Faz pensar que todos vieram de uma mesma fonte de conhecimento.
Sintetizando, o xamanismo é a “Jornada da Consciência”, um legado da humanidade além das fronteiras dos países, credos, raças, filosofias. Xamanismo Universal não significa uma classificação nova no xamanismo, o xamanismo é universal. A premissa básica é o reconhecimento que todos fazemos parte da Família Universal e tudo está interligado. O praticante compreende o Espírito Essencial que está dentro dele mesmo, na natureza e em todos os seres. O praticante sabe quem ele é e como se relaciona com o Universo.
No sentido do “religare” pode ser considerada uma religião, mas o xamanismo não é como um conjunto de ritos específicos que seguem seus mestres máximos como cristianismo (Cristo), budismo (Buda), islamismo (Maomé), Taoísmo (Lao-Tsé), etc; cujas práticas são determinadas e iguais e que possuem seus Livros Sagrados de conduta em todos os lugares do mundo.
Na essência são práticas religiosas. O xamanismo se insere de acordo com a crença espiritual/religiosa local, é um fenômeno religioso. Pode-se dizer que as religiões representam um xamanismo adaptado e afetaram as tradições xamânicas continuadas ou marginalizadas nas culturas que dominaram. As práticas, os mitos, as entidades dependem da tribo, linha, geografia, crenças.
O xamã é sempre uma figura dominante e não um santo,avatar ou profeta. Ele é um intermediário entre o mundo espiritual, natureza e a comunidade.
O “conhecimento” é para todos mas “sabedoria” é para alguns. Por isso acho importante a divulgação do conhecimento e aplicação prática dele pois existe ainda uma minoria que se transforma. É como um garimpo! Entre esses buscadores do conhecimento sempre sai uma pepita de ouro que vai fazer o mundo mais brilhante.
Muitos iniciam a caminhada mas poucos atingem as maiores alturas. Este conhecimento não está limitado aos iluminados, é disponível para todos nós dependendo da sinceridade e humildade com que buscamos. Sabedoria xamânica é sabedoria da Mãe Terra e, a cada filho dela, é dado um presente, algum talento especial.
O xamã compreende o Círculo Sagrado da vida e recomenda, ajuda na cura, ensina o que é necessário para o bem da comunidade. Isto significa frequentemente colocar a comunidade em primeiro plano. O caminho xamânico conduz a um relacionamento de amor com a Mãe Terra. Não é possível praticar o verdadeiro xamanismo sem incluir os cuidados com a preservação da vida de todos os reinos (animal, mineral, vegetal, espiritual) em nosso planeta.
O xamanismo aparece como um reflexo de um Grande Espírito que pode ter vários nomes. É honrado o Criador e todas as suas criaturas, sejam pedras, animais, aves, plantas, peixes, insetos, águas, ventos e outras manifestações da natureza que compartilhamos a existência nesta vida. Essa consciência, esse alinhamento com as forças da natureza, transforma-se em poder de cura e expande habilidades psíquicas através da reconexão com a vida, com o Sagrado, com o mistério da Criação.
O foco das práticas do xamanismo centra-se nos ritmos cíclicos da natureza: nascimento, morte e renascimento, a complementaridade masculino e feminino, o contato pessoal individual com ambiente imediato da terra, com as forças da terra do sol, da lua e das estrelas. Um verdadeiro xamã enfrentou suas sombras e venceu seus medos da insanidade, solidão, orgulho, vaidade, vícios, doença, ao passar por mortes em vida. Depois disso, escolhe tornar-se curador curado, auxiliador, visionário, à serviço das pessoas.
No xamanismo ao redor do mundo podemos ver as similaridades que definem as práticas:
A Busca por estados Alterados de Consciência, Voo da Alma / Êxtase. O xamã é um especialista e um mestre da viagem estática.
A capacidade de viajar em espírito assumindo a forma de um animal ou ave ou diretamente através daquilo a que chamaríamos de experiência fora-do-corpo. Este voo mágico é um dos fundamentos do xamanismo.
Viagem por mundos paralelos (Reino dos Espíritos). Mundos invisíveis à realidade ordinária a fim de guiar espíritos e obter conhecimento espiritual.
O xamã atua como canal de cura. Tem conhecimento do poder das plantas, pedras, dos espíritos animais e seres da natureza.
Devoção à Criação, Sol, Lua, Estrelas. Reconhecimento da presença de Deus em todas as manifestações do Universo.
Interação com espíritos da natureza.
Utilização de instrumentos de poder para induzir ao transe /estados alterados de consciência (tambores, maracás, etc).
Conhecimento sobre o fogo.
Utilização de plantas (purificação, enteógenas, medicinais, magnéticas).
Canções de Poder.
Danças.
Respiratórios e dietas.
Contação de histórias, preleções.
O Xamanismo como a mais antiga prática espiritual da humanidade tem como base em suas práticas o respeito pela ecologia, reconhecimento do Sagrado, necessidade de expandir a consciência e obter resposta em mundos paralelos, prática do amor incondicional. Suas práticas estabelecem contato com outros planos de consciência a fim de obter conhecimento, poder, equilíbrio, saúde. Propicia tranquilidade, paz, profunda concentração, estimula o bem estar físico psicológico e espiritual.
A interação harmônica dos elementos equilibra a Jornada da Nossa Alma, faz girar a Roda da Vida em harmonia. No xamanismo praticado na atualidade estudamos os talentos elementais:
A Terra é relacionada com o corpo físico e com as sensações.
A Água é relacionada com a alma e com as emoções e sentimentos.
O ar é relacionado com a mente e aos pensamentos e ideias.
O fogo é relacionado com o espírito e associado à consciência, a claridade, a inspirarão.
O reconhecimento do caminho da verdade vem da expansão da consciência e a compreensão de que o verdadeiro poder está dentro de cada praticante e provém do desenvolvimento de seus próprios dons. Inspirados na sabedoria dos povos ancestrais, temos o desafio de resgatar o conhecimento acumulado nas práticas xamânicas das diversas tradições do planeta para os dias atuais. Assim, pretendemos contribuir para a saúde, autoconhecimento e o bem-estar geral do nosso povo e resgatar valores para uma vida mais harmônica e ecologicamente correta.
Os ancestrais xamânicos viviam em harmonia e equilíbrio com todos os seres, pedras, plantas, animais, pássaros, peixes e até insetos. Para garantir sua sobrevivência em ambiente hostil os homens primitivos interpretavam os sinais e as mudanças da natureza a seu redor. Viviam de acordo com os ciclos do Sol e da Lua, das mudanças das estações, manifestações da natureza, vento, chuva, etc.
Os caminhos do xamanismo são espirituais. A prática xamânica compreende a capacidade de entrar e sair de estados de consciência, de realidades não ordinárias Os estados alterados de consciência não envolvem apenas o transe e sim a capacidade de viajar na realidade incomum com o objetivo de encontrar espíritos animais, plantas, mentores, obter insights, promover curas, oráculos.
Os estados alterados de consciência incluem vários graus. Stanley Kryppner chega a classificar vinte estados diferentes de consciência. Elíade fala do êxtase, Castãneda fala do nagual. Nirvana, samadhi, alfa, transe, satori, consciência cósmica, supra-consciência, etc.,também são nomes para a mesma manifestação.
São através desses estados que conseguimos conexão com nossos mitos, símbolos, nossa verdade interior. Conseguimos expandir a percepção para mistérios que estão guardados em nós mesmos. Aprendemos a sentir, ver e ouvir a energia. Religamos-nos com o Sagrado e com a fonte criativa de tudo o que nos acontece. Através da consciência ordinária não conseguimos alcançar níveis profundos do nosso ser. Existem diversas técnicas ou rituais para se chegar a estados mais profundos de consciência, dentre elas: tambores, danças, jejuns, plantas de poder (enteógenos), respirações, posturas corporais, e outros.
Através desses estados especiais alcança-se uma experiência divina, acessa-se uma fonte de Sabedoria Superior, podemos curar nosso corpo, nos conhecemos melhor através das visões, expandimos a nossa consciência.
Aprendem-se as influências e forças da Terra e como as energias naturais afetam a vida. Tudo na natureza cresce e muda. É um ciclo. Os povos antigos consideravam a viagem circular da Terra ao redor do Sol, uma roda, representando o eterno ciclo de nascimento e desabrochar, crescimento e florescimento, maturidade e frutificação, envelhecimento e decadência, morte e decomposição e novamente renascimento, refletido na vida humana e na natureza.
Os nativos reconhecem o círculo como o principal símbolo para o entendimento dos mistérios da vida. Observaram que ele estava impresso em toda a natureza. O homem olha o mundo através dos olhos que é um círculo. A Terra, a Lua, o Sol, os planetas; são todos circulares. O nascer e o por do Sol acompanham um movimento circular. As estações formam um círculo. Os pássaros constroem ninhos em círculos, animais marcam seus territórios em círculos. As cabanas, ocas, tipis são circulares.
O xamanismo resgata a relação sagrada do homem com o planeta. O resgate dos festivais sazonais (Solstícios e Equinócios), por exemplo, não marcam apenas a jornada do Sol, mas também os pontos críticos das estações, o ciclo agrícola, nossas emoções, hábitos. Essas “Forças Verdadeira acessadas desde o princípio na história espiritual da Terra, são resgatadas através dos séculos e podemos senti-las atuando em todos os momentos das cerimônias.
Podemos sentir a ligação profunda que a natureza tem com a vida, nos tornarmos parte de uma comunidade global, propomos o Voo da Consciência em busca de novos horizontes, de novas conquistas, de um novo ser, de uma nova vida. O início de uma vida pautada na sabedoria encontrada nas folhas, nos movimentos dos ventos, no poder transformador do fogo, nos espíritos ancestrais, na jornada da alma, na missão.
As religiões do mundo moderno não têm tempo para a ecologia espiritual assim como a cultura e o modelo de pensamento consumista atuante. As Grandes Religiões inspiram e apontam para uma vida eterna fora deste planeta e pouco se preocupam em honrar as realidades do espaço sagrado em que vivemos. Atualmente muitos vivem com uma sensação de separação, isolamento, um sentimento de que deva existir um sentido maior na vida. Os rituais xamânicos podem trazer a consciência de somos apenas um “microcosmo”, que somos parte de “algo maior”, que somos filhos da Terra, parte de uma Terra Viva.
Um Novo Xamanismo
A nossa sociedade está permeada de práticas e crenças xamânicas.
Alguns exemplos:
As pessoas falam com seus animais de estimação, com suas plantas. Alguns falam com pedras, com cristais. As pessoas falam com santos!As pessoas falam consigo próprias, através dos pensamentos. No xamanismo nós aprendemos, além disso, a ouvir as respostas. As superstições, as benzedeiras, os chás, as simpatias, as poções, os banhos de defesa, defumações.
Os mitos: Papai Noel, as bruxas, o folclore. O ato de bater na madeira para isolar. Levar uma árvore de Natal para dentro de casa. A origem das fogueiras de São João. Os Solstícios e Equinócios.
A inspiração nos talentos dos animais, para camisetas, escuderias, palavras testemunhando suas qualidades: do tipo: Ele é um cobra no futebol. Tem coragem de leão. Esperto como uma raposa.
O xamanismo que pratico, é o estudo da natureza. É a busca da sabedoria que contém cada folha, em cada vento, em cada pedra, é o estudo do Livro da Natureza. minha verdade na Criação Divina, o mapa do caminho está escrito em cada vegetal, nas mudanças de estação, nas portas de cada direção cardeal, no movimento dos ventos, nos hábitos e talentos de cada animal, nas gravações de cada pedra, com a iluminação e calor do Sol, nos mistérios das fases da Lua, nas trilhas das Estrelas. E, através da natureza estudar a nossa própria ecologia. A nossa relação com a natureza, com as pessoas, com o nosso trabalho, nossos relacionamentos, nossas emoções.
Para praticar esse xamanismo, você pode ser de qualquer religião, ter a sua própria crença, pois a nossa ligação é com a vida. É a busca da realização do propósito de nossa alma. É resgatar a nossa relação com o sagrado. É a crença que a verdadeira magia está dentro de cada um. No poder que temos para transformar a nossa vida, para podermos viver mais no amor, na paz e na harmonia. O mapa do caminho é inspirado na sabedoria ancestral, no estudo dos talentos dos animais, das plantas, das histórias, das canções, das danças, das cerimônias.
As cerimônias e rituais criam, ambiente propício para que cada participante possa abstrair-se do cotidiano, do mundo ordinário, entrar em estados especiais de consciência, e poder entrar no imaginário. Os rituais xamânicos podem trazer a consciência de que somos apenas um “microcosmo”, somos parte de “algo maior”, filho da Terra, parte de uma terra viva.
A Terra é ligada ao Universo como parte de um organismo vivo, celebra seus inícios e términos através das estações. Hoje, a maioria dos humanos aqui não celebra adequadamente seus inícios, términos e pontos de transição. A maior parte que ainda celebra, geralmente, limita-se ao nascimento (batismo), casamento e rito de morte. Todas as principais passagens da vida precisam ser claramente marcadas, principalmente no tempo tão desafiante em que vivemos. Passagens como: puberdade, menopausa, separações, divórcios, mudança de trabalho, término de um tratamento ou terapia, cura, aborto, novo relacionamento, aposentadoria, ter sido roubado, abusado, mudança de casa ou cidade entre outros podem e devem ser incluídos também.
No xamanismo temos recriado esses ritos que permitem sentir o sagrado, perceber novas dimensões, profundidades e o sentido que está faltando em nossas vidas. As práticas xamânicas permitem a quem buscar, compreender melhor a linguagem do inconsciente, estabelecer comunicação com o nível mais profundo do ser, criar uma atmosfera sagrada que permite ir além do racional e nos modificarmos profundamente através do amor e da gratidão.
Não é imprescindível que os rituais sejam realizados na mata, pois o xamanismo existe no deserto, nas montanhas, nas geleiras, nas praias. E, porque não dentro de uma selva de pedra, se for essa a sua realidade? A força do xamanismo é maior do que a localização geográfica. Aliás é muito mais desafiante fazer xamanismo na cidade do que na floresta.
Na floresta é muito mais agradável e dá menos trabalho, pois as vibrações naturais facilitam. Eu prefiro fazer na natureza, é obvio, mas não deixo de fazer, onde quer que eu esteja, pois o xamanismo está dentro de mim e não fora. Reconheço também que as grandes cidades não oferecem e muito pouco demonstram poder oferecer no futuro, em qualidade de vida. Sinto que o grande passo é que possamos viver mais próximo à natureza, para ganhar em ar, água, alimentação e, principalmente, paz.
Entretanto, a verdadeira caminhada começa dentro de nós mesmos, é uma jornada interior. Devemos aprender com jornada da humanidade através dos tempos. Respeitar os velhos por sua sabedoria, os jovens pela força e renovação. O xamanismo urbano ou neo xamanismo é uma realidade, e tenho visto muitas pessoas obterem cura, transformações,evoluírem. É um movimento que cresce à cada dia no mundo todo.
Jamais poderemos ser absolutamente saudáveis se vivermos num Planeta doente. Nunca teremos paz enquanto irmãos estiverem em guerra, não evoluiremos se não fizermos a parte que nos cabe.
Quando baseamos nossa vida nesse entendimento, quando reconhecemos as plantas, animais e minerais, como nossos parentes, nós restabelecemos nossa conexão natural com todos os seres vivos. Não nos sentimos mais isolados quando vemos a natureza de forma diferente, não apenas algo de uso pessoal e experimentamos a Terra como um Lugar Sagrado. Quando adquirimos a sabedoria da natureza, nos alinhamos com a magia natural e somos fortalecidos pelo seu poder. Nós recebemos a sabedoria ancestral da Mãe Terra, e nos alinhamos com ela, podendo ser amigos dos espíritos que vivem na natureza.
Quando nos conectamos com essa extensa família da natureza, aprendemos a alinhar nossas energias para receber sua sabedoria e nos transformamos. Transformamos nossa relação com os outros, transformamos nossa relação com o mundo. Nós do xamanismo nos sentimos guardiões da Mãe Terra. Resgatamos a profunda conexão do homem com a Terra, aprendemos a honrar todas as formas de vida, pois onde há vida, está Deus.
Compreendemos que todos os seres vivos possuem sua missão no Plano Universal, desde insetos, plantas, pedras, animais, até nós, seres humanos de duas pernas. Por sentirmos Deus nas diferentes formas de energia, consideramos Sagrada cada uma delas. Cada planta, cada pedra pode transmitir-nos ensinamentos de cura, aprendemos a decifrar as mensagens que vem dos ventos, reconhecemos que fazemos parte de uma Grande Família Universal, que a Terra é nossa Mãe, nutrindo-nos, sustentando-nos, recebendo-nos a cada vida e nos acolhendo a cada morte.
No relacionamento da Terra X Sol, aprendemos, que o inverno é tempo de descansarmos assim como a Mãe Terra. Quando nos preparamos para mudar mundos e formas e entramos na primavera, o anunciar da iluminação, o lugar da consciência, o nascimento, o lugar representando humanos nascendo e começando. No tempo do verão, período de frutificar e rápido crescimento. E, quando chegamos no outono, o tempo da introspecção, quando nós colhemos nossos resultados, quando nós temos achado o conhecimento necessário para centrar a nós mesmos. E o ciclo se repete. Em círculo.
Ter as estações como inspiração, é estar em sintonia com a ecologia dentro e fora de nós, trabalhando o ambiente espiritual/planetário, é acessar o “Livro da Natureza”. Onde quer que estejamos no mundo, seremos afetados pelo balanço das estações. A disciplina mental gerada numa cerimônia permite que o corpo, a personalidade e a psique formam um templo puro para que as manifestações possam ocorrer ano a ano, festival a festival.
No relacionamento Terra X Lua, ela controla as marés, movimentando toneladas e toneladas de água, imagine o que ela pode fazer com as águas do nosso corpo. A lua simboliza a energia feminina em muitas culturas do mundo. No xamanismo, nós reconhecemos que é a Lua quem domina a Terra, portanto, a estudamos e a reverenciamos. As três luas do Inverno, traz o tempo de contemplar o crescimento do ciclo anterior e prepara o crescimento do ciclo que chega. Nosso meio ambiente na Terra é afetado pelo poder cíclico da Lua. A luz produz um imenso efeito sobre a Terra, e nos corpos de todos os seres vivos .
Por aproximadamente 29 dias ela circunda a Terra. Este ciclo é a origem do mês. O poder magnético da Lua, combinado com o movimento da Terra, movimenta oceanos e rios. Ela influencia o fluxo da seiva das árvores e plantas e os fluidos corporais, incluindo o ritmo do sangue, a menstruação, ciclos de gestação, e mesmo o cérebro.
O xamanismo é a mais antiga prática espiritual, médica e filosófica da humanidade. Hoje médicos, advogados, donas de casa, psicólogos, espiritualistas, místicos, estudantes, executivos, e pessoas das mais variadas crenças estão estudando e aplicando o xamanismo.
Observando as rápidas mudanças no Mundo, com fé e coragem, é que poderemos enfrentar as grandes mudanças. Para isso precisamos de algo verdadeiro, simples e eficiente, para poder atravessar as águas das emoções que acompanham as transformações, e o crescimento que advém das crises pessoais.
O xamanismo nos religa a uma fonte de sabedoria superior. Conduz o praticante para descobrir o seu papel, sua finalidade na vida, sua evolução. Propicia uma nova inspiração, uma nova visão do viver e de tudo o que foi vivido, mostrando maneiras de se harmonizar com os acontecimentos naturais da vida.
Os rápidos resultados, introvisões de profundo significado, o contato com realidades ocultas, a obtenção de autoconhecimento, a busca do poder pessoal, contribuem para o interesse nas práticas. Propicia tranquilidade, paz, profunda concentração, estimula o bem estar físico psicológico e espiritual.
O praticante é levado a sair do torpor convencional, através de um chamado interior, ele reconhece os seus limites, vive um confronto existencial que o força a sair de uma zona de conforto, do falso brilho, da alienação. Reforçando a coragem e a determinação, o praticante mobilizado por visões, introvisões e vivências, expande a sua consciência, podendo processar transformações de profundas proporções na sua vida. O xamanismo resgata a relação sagrada do homem com o planeta.
Praticar xamanismo é ir em busca da excelência espiritual, é enxergar a realidade existente por trás dos conceitos, é se harmonizar com as marés naturais da vida. É trilhar o Caminho Sagrado, atravessando os portais da mente, das emoções, do corpo e do espírito. Na verdade, o antigo modo de viver acaba, abrindo caminho para um jeito mais consciente.
A premissa básica é o reconhecimento que todos fazemos parte da Família Universal e tudo está interligado. O praticante compreende o “Espírito Essencial” que está dentro dele mesmo, na natureza e em todos os seres. Ele sabe quem ele é, e como se relaciona com o Universo.
Quando o praticante encontra o propósito da alma, tudo da natureza interior vem a tona. A pessoa entra em um processo mais rápido de transformação pessoal. Quando convidamos o amor para despertar poderes mais profundos, trabalhar nos desafios torna-se uma aventura.
Praticando a sabedoria das antigas tradições adaptadas ao mundo atual e ao estado atual da alma humana, atualmente o trabalho é feito com tambores, canções, meditações, instrumentos de poder, danças, respirações, visualizações, estórias, plantas de poder, vivências Assim, explora sua própria consciência e vai compreendendo como os fatos acontecem, deixando de ser vítima. Sente-se inspirado pelos desafios e aprende a utilizar a energia de forma a caminhar para seu crescimento. Todos nós temos o potencial para desenvolver vários poderes xamânicos, que estão adormecidos dentro do nosso coração.
No xamanismo, procuramos aprender com as vozes dos ancestrais, dos velhos, das tradições, das crenças. Esse aprendizado é básico para podermos traçar o mapa de nosso caminho, de acordo com o livre arbítrio.
Desde que todas as coisas vivas, dividem a vida na Terra com os humanos, nascendo na mesma Mãe Terra, concebidos da mente do Criador, devemos honrá-las conscientes de sua missão no Plano Universal e nos harmonizarmos com todas elas para andarmos em equilíbrio na Nossa Mãe.
LENDA DO PRIMEIRO XAMÃ
Conta uma lenda siberiana, que no princípio viviam dois Povos Celestiais na Terra.
O povo que vivia no ocidente era bom e o Povo que vivia no oriente era mau.
Os deuses criaram os homens e tudo vivia em paz e harmonia, mas o Povo Mau enviou para os homens as doenças e a morte.
Para aliviar o sofrimento das pessoas os Deuses enviaram uma Águia para transmitir poderes medicinais do xamanismo.
A Águia foi até os homens mas os homens não entendiam sua linguagem, de forma que ela não conseguiu transmitir a ciência e o dom da medicina.
Á Águia voando, com a firme decisão de cumprir sua missão, viu das alturas uma bela mulher, dormindo nua nas sombras de uma árvore.
A Águia pousou, fez amor com essa mulher e do fruto desse amor nasceu o primeiro xamã da Terra.
Os festivais sazonais são momentos especiais por natureza. Mircea Eliade coloca o festival sazonal como sagrado e transcendente. Através da ritualística religamos o homem à sua origem, identidade e destino. Os praticantes de ritos sazonais identificam-se com o tempo sagrado e sentem a necessidade de mergulharem, periodicamente, nesse momento mágico e indestrutível, pois é o tempo sagrado que torna possível o tempo normal, a duração profana na qual a vida humana tem seu curso. É o eterno presente do acontecimento mítico que torna possível a duração dos eventos históricos.
Os praticantes compreendem sua situação no cosmos através de momentos especiais, celebrando a vitória da ordem sobre o caos na natureza.
Antes mesmo do desenvolvimento da agricultura, com os calendários solar e lunar, os rituais eram provavelmente celebrado por caçadores e coletores. No Paleolítico (Idade da Pedra Lascada), o ser humano fazia suas celebrações nas passagens das estações.
Inspirado nas tradições de nossos antepassados, dos tempos mais arcaicos, o Centro de Estudos de Xamanismo Voo da Águia, celebra a Divindade que se manifesta na natureza, adaptada aos nossos tempos atuais e às realidades ecológicas do Hemisfério Sul. A energia da Natureza é a peça fundamental de uma compreensão dos ritos sazonais, que são tempos de alegria e celebração e profunda comunhão com os poderes das forças naturais. Reinterpretações de festas e festivais fornecem impulsos para mudanças que geralmente ocorrem em tempos de crise e de transição.
Percebemos o padrão de mudança das estações como uma roda e entendemos como um Grande Mistério Divino. No giro da Roda a Natureza revela as muitas das suas faces e expressamos o que vimos, sentimos e percebemos na Natureza. Ao fazê-lo, parte do mistério do ciclo une-se estreitamente com a visão do Grande Pai, Grande Mãe, humanidade e as estações do ano, como parte de um todo único. Aprendemos através dos ritos sazonais que o verdadeiro bem-estar, para nós e para o mundo em que vivemos, só pode ser alcançado através da compreensão de nossa relação com a Natureza.
Assim como a natureza é tanto masculino quanto feminino, celebramos a dança do Grande Pai e Grande Mãe através da “Roda do Ano “. O nascimento, vida e morte são estados do qual somos parte, então a roda gira, na dança de luz e escuridão em toda as estações do ano. Celebramos os ciclos de semeadura e colheita, germinação e decomposição, nascimento e morte, fertilização e repouso.Aprendemos a aceitar que há momentos de crescimento, mas também de escassez.
As Jornadas Xamânicas Voo da Águia, tiveram sua célula no ano de 1992, onde foi sendo tecida uma arquitetura cerimonial que é o resultado dos estudos e das visões que fui recebendo ao longo de minha jornada por esse universo sagrado do xamanismo. Fico muito feliz em ver outros grupos aderindo hoje esse formato, isso mostra ser uma verdade que iniciou comigo, mas que está muito além do nosso grupo, já fazendo parte de várias jornadas pelo Brasil e seguindo rumos internacionais também.
Nossas jornadas são frutos de um trabalho coletivo, produzido por pessoas que se amam, amam a terra que nós habitamos espiritualmente, amam o Templo, a natureza, suas famílias, enfim, compartilham de um mesmo sonho. O sonho de uma vida em comunidade auto-sustentada, próspera, habitada de maneira ecologicamente responsável, resgatando os valores espirituais e as virtudes humanas que o homem vem perdendo por conta de um progresso exacerbado.
Acreditamos que o verdadeiro “Religare” vem da união das coisas boas da terra (matéria) com a eterna lembrança de que estamos aqui…mas não somos daqui
Refletindo nos momento mágicos, o movimento das estações, o giro da Roda Da Vida, venho agradecer à Deus, o Grande Mistério, me permitir resgatar essa riqueza, essa joia fina da sabedoria ancestral, que é o estudo dos mistérios que permeiam as mudanças de estações. Posso sentir nas minhas células esses momentos de forma intensa e profunda. Uma viagem que começa nas mensagens e que se concretizam no Voo da Águia – Uma Jornada de Realização.
A adoção do Calendário Sagrado transformou e tem transformado a vida de todos nós ligados ao Centro de Estudos de Xamanismo Voo da Águia, na forma de ver a vida, nas relações, no meio ambiente, na fé. Aprendemos a sabedoria que há em cada pedra, em cada folha, no movimento dos ventos, nas mudanças da Lua, na interiorização e atenção que o fogo proporciona, com as águas das emoções, em estados especiais de consciência.
“Excelência” é poder viver a vida ao ritmo de cada estação. A natureza cria as regras, não vamos contra, aprendemos a navegar nas marés. Não precisamos mais ir buscar em mares longínquos, aprendemos a navegar em nosso próprio Oceano. Aprendemos a aquietar no inverno, a colocar em ação no verão, a iniciar na primavera, a colher no outono.
Vamos aprendendo que cada estação é um momento para renovar e para isso precisamos nos purificar. Nos livrar do que é velho, para celebrarmos o novo. Nos prepararmos para acalentar a esperança de nossos sonhos de futuro, nossas metas. Vamos nos recarregando de energia, unidos, juntinhos. Momento de ouvirmos e contarmos histórias e aprendermos com a sabedoria da Terra.
A missão do Centro de Estudos de Xamanismo Voo da Águia é proporcionar um ambiente seguro e sagrado para que o participante possa se “conhecer melhor” e através de um voo interior, de forma sagrada e amparado na sabedoria ancestral, ir ao encontro do propósito de sua alma.
Vejo o xamanismo como a Religião da Terra. Tudo o que é natural na Terra é vivo e tem consciência. O homem perdeu o sentido do Sagrado, esqueceu-se que a Terra é a Nossa Mãe. O pior é que desconhece os efeitos das ações irresponsáveis que pratica com a natureza. Não tem consciência dos crimes que comete por interesses econômicos.
Nós, estudantes de xamanismo universal, chegamos novamente, para defender nossa Mãe-Terra , guerreando silenciosamente, através de preces e vibrações, procurando plantar uma semente de amor nos corações daqueles que não reconhecem sua Mãe, daqueles que lutam por um mundo ilusório do sistema, daqueles que não percebem as belezas da Criação. Sabemos que a melhor maneira de agradar o Criador, é respeitando, honrando, e preservando a sua Criação.
Nos primórdios da humanidade, o homem para garantir sua sobrevivência num ambiente hostil, cheio de perigos e vivendo em contato constante com as forças naturais, o Sol, a Lua, Estrelas, observavam cuidadosamente os sinais e as mudanças da natureza a seu redor e percebiam a viagem da Terra ao redor do Sol como uma roda, o eterno ciclo de nascimento, crescimento, maturidade envelhecimento, morte e decomposição e, novamente renascimento, refletido na vida humana e na natureza.
A Terra é um ser vivo. A Mãe que alimenta todas as criaturas. A Terra supre com suas substâncias o nosso corpo físico. Como Mãe ela provê todas as necessidades de suas crianças, generosamente. Todas as criaturas que andam, nadam, rastejam, correm, voam, insetos, pedras, plantas; são suas crianças. Desde que todas as coisas vivas, dividem a vida na Terra com os humanos, nascendo na mesma Mãe Terra, concebidos da mente do Criador, devemos honrá-las conscientes de sua missão no Plano Universal e nos harmonizarmos com todas elas para andarmos em equilíbrio na Nossa Mãe. Nós do xamanismo verdadeiramente amamos a Terra e todas as suas crianças.
Várias tradições xamânicas esperam por um novo tempo que virá com o retorno dos antigos xamãs que reencarnariam em outros povos, com outra linguagem, outra cor de pele, transmitindo a linguagem do Amor Universal, promovendo o reencontro do homem com o Sagrado, para que possamos todos juntos Caminhar na Beleza e na harmonia com cada ser vivo, caminhar em equilíbrio na nossa Mãe –Terra.
O xamanismo universal resgata a relação sagrada do homem com o planeta. O resgate dos festivais sazonais (Solstícios e Equinócios), os pontos críticos das estações, o ciclo agrícola, nossas emoções, hábitos. Essas “Forças Verdadeiras”, acessadas desde o princípio na história espiritual da Terra, são resgatadas através dos séculos e podemos senti-las atuando em todos os momentos. Assim podemos sentir a ligação profunda que a natureza tem com a vida, nos tornarmos parte de uma comunidade global, alçamos o Vôo da Consciência em busca de novos horizontes, novas conquistas, de um novo ser, de uma nova vida. O início de uma vida pautada na sabedoria encontrada nas folhas, nos movimentos dos ventos, no poder transformador do fogo, nos espíritos ancestrais, na jornada da alma, na missão.
Quando baseamos nossa vida nesse entendimento, quando reconhecemos as plantas, animais e minerais, como nossos parentes, nós restabelecemos nossa conexão natural com todos os seres vivos. Não nos sentimos mais isolados quando vemos a natureza de forma.